Maternidade e trabalho: um mês para nós e todos os outros dias de luta

*Por Bruna Coelho

Estamos no mês das mães. Mais especificamente em uma semana na qual flores serão distribuídas e as redes sociais inundadas por mensagens corporativas de felicitação. Um clichê para época e para a maternidade.

Uma obviedade que inibe a realidade, pois somente 54,6% das mães de 25 a 49 anos com crianças de até três anos estão posicionadas no mercado de trabalho, segundo o último estudo Estatísticas de Gênero, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em março de 2021. Além disso, a maternidade negra, com idade e filhos na mesma faixa etária, representa uma taxa ainda menor: 49,7%. Sem contar os relatos comuns que acompanhamos de demissões nos retornos de licença maternidade.

Àquelas posicionadas no mundo corporativo, os desafios compõem uma lista extensa. Dúvidas sobre a capacidade, desconfiança em relação ao equilíbrio de prioridades e tempo, preconceitos, entre outros.

Falando sobre as situações que eu mesma vivi, é possível relembrar algumas piadinhas de gestores, esbanjando falta de bom senso. “Dê uma vitamina C para essa criança. Gripe e febre de novo?”, como se eu não fosse a mais interessada em manter a saúde dele estável. Outra pergunta que já ouvi muito era se eu pretendia ter mais filhos, como se o meu já tivesse passado da fase crítica da primeira infância e eles não quisessem lidar novamente com outra licença maternidade.

Para mim, felizmente, os tempos mudaram. Hoje, convivo em um ambiente de trabalho que me proporciona respeito e plenas condições de desenvolver as minhas atividades. Inclusive, pretendo ter mais um filho, apoiada pela minha gestão que oferece licença maternidade estendida de oito meses.

No entanto, o que seria necessário para as mães que não contam com as mesmas possibilidades? 

Acredito que, para tornar um ambiente corporativo mais acolhedor e igualitário para as mamães, alguns fatores são fundamentais. As empresas deveriam ter mais empatia com o momento vivido pela mulher, dando suporte necessário, entendendo que ela pode performar igual ou mais que qualquer outro colaborador que esteja vivenciando outras fases. Além disso, nunca colocá-la no lugar de problema, porque um dia ou outro ela pode precisar se ausentar da rotina de trabalho, por exemplo. E no fim das contas, o resultado vem da soma de dias muito mais trabalhados do que esses de raras exceções.

Flores, chocolates, homenagens e dedicatórias nas redes sociais são bacanas nessa época do ano. Porém, o respeito e empatia – que é o mínimo – devem prevalecer ao longo do ano em todos os outros dias úteis no mercado de trabalho. Afinal, ninguém é mais forte ou está mais pronto para lidar com multitarefas do que uma mãe.

Bruna Coelho atua na área de People da ZBRA Soluções

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.