Dependente ou independente, quem é você?

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            Uma das frases que levo sempre comigo, e que a cada dia que passa vejo-a sendo confirmada com maior incidência e propriedade, é a seguinte “nesta vida ninguém é nada, apenas está alguma coisa”.

            Pena que muitas pessoas somente percebem isto quando já é tarde demais. Foi o que aconteceu algum tempo atrás, quando recebi um telefonema de uma pessoa que precisava muito falar comigo. Posso até dizer que não possuía muita intimidade com ela, mas a conhecia de encontros e eventos que ocorriam na região.

            O que me lembrava e que a destacava muito, era sua forma altaneira de conversar com pessoas mais simples, e seu estreito relacionamento com as bem sucedidas. Na verdade, nunca me preocupei em saber o que realmente fazia ou como ganhava a vida, afinal, estávamos sempre em lados distantes, eu trabalhando no repasse de alguns conhecimentos e ela participando como convidada.

            Logo que a vi, confesso que fiquei um tanto surpreso. Nada mais fazia lembrar aquela pessoa que havia conhecido há poucos anos atrás. Estava um tanto mais velha, com os ombros curvados, e com uma aparência de total descuido e desânimo.

            Dei-lhe um copo d’água, a convidei para sentar, e a deixei tranquila para que falasse sobre o assunto a qual viera conversar. E ela então me disse: – Eu na verdade ainda não sei o que realmente aconteceu, pois eu era assistente de um rico empresário, e andava com ele por todos os lados. Até quando ia para o exterior fechar um negócio, eu o acompanhava. Na verdade acredito ter sido este meu maior erro.

            E continuou: – Pouco tempo depois que seu pai morreu, ele me chamou e disse que não precisava mais de meus serviços, e que já havia cumprido a promessa que fizera a seu pai, um velho amigo de infância, de me dar uma oportunidade de ser alguém na vida, e que ele precisava agora de alguém mais dinâmico, versátil, com maior autonomia e com melhor formação e capacidade de relacionamento.

            Fiquei ouvindo por um tempo mais, enquanto ele me relatou todos os detalhes de sua angústia… Depois que perdeu o emprego, e como não havia estudado o suficiente e não possuía uma profissão a qual pudesse se virar sozinho, passou a procurar os velhos amigos em busca de um trabalho com remuneração a sua altura. A notícia de seu abandono já correra e as portas não se abriram como pretendia. Pelo contrário, pessoas que a pouco lhe abraçavam sorridente, agora não tinham tempo para atendê-lo, muito menos para lhe proporcionar um trabalho, mesmo que bem a baixo do que acreditava ser merecedor.

            O que o deixava mais triste era o desprezo com o qual passara a ser tratado depois de perder a posição que acreditava ser sua… Mas que não era.

             O desfecho da história não se faz importante neste momento, o que importa mesmo é a reflexão sobre como está indo nossa carreira. Qual o nível de dependência que temos depositado em outras pessoas? Que atributos possuímos para conquistar nosso próprio espaço neste ou em outros lugares? No que somos bons e em que as pessoas necessitam realmente de nossa colaboração? Estamos neste ou naquele lugar por competência ou, por favor, de alguém? Qual a quantidade de coragem e determinação que possuímos para trilhar nossos próprios caminhos?

             Meu amigo leitor sei que este tipo de comentário deixa muitas pessoas contrariadas, mas a realidade nua e crua que nos cerca, tem testemunhado ao longo do tempo que é uma grande e triste realidade. O tempo ainda existe, uma boa dose de preparação não faz mal a ninguém, você decide se será a máquina ou o maquinista de sua própria história.

Um abraço do Klaue!

*Professor Eduardo Klaue é pesquisador e estudioso do comportamento humano e conselheiro pessoal de líderes empresarias de porte, todos já realizados profissionalmente.

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