Atraso crônico

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O governador Carlos Massa Ratinho Junior divulgou, nesta terça-feira (21), o edital da Nova Ferroeste, ligação ferroviária que vai transformar o País. A nova linha férrea que vai ligar Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá tem contraprestação mínima, o chamado lance inicial, de R$ 110 milhões, valor que será revertido integralmente para a Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A., administradora do atual trecho em operação. As obras no corredor entre Paranaguá e Cascavel precisam ser finalizadas nos primeiros sete anos da cessão onerosa.

A obra, apesar de seu atraso crônico diante da necessidade de melhoria na infraestrutura de logística do estado, enfrenta forte resistência entre determinados grupos, em especial aos ligados à área ambiental. E talvez resida aí o grande entrave para que o processo seja mais célere do que aquele necessitado pela sociedade em geral. Não que se tenha de desmatar, destruir, arrasar áreas preservadas, até porque a proposta prevê obras desafiadoras sob vários aspectos por cruzar trechos de serra bastante protegidos e de uma importância – sem falar na beleza – enorme para a riqueza da fauna e da flora paranaense.

Mas por razões como essa a Estrada do Colono segue fechada, enquanto em outros países estradas cruzam parques nacionais igualmente protegidos sem haver a gritaria verificada no Brasil. O prejuízo econômico e social para as cidades lindeiras à estrada são enormes, pois um trecho de poucos quilômetros se transforma numa aventura acima da centena pela intransigência de grupos que sequer aceitam discutir alternativas viáveis.

Hoje, por exemplo, pensar numa Itaipu Binacional seria inviável num país que ainda capenga em termos de ajustes no balanço entre produção e preservação, entre uma logística mais moderna e barata e a necessidade de manutenção dos espaços verdes. Tanto um quanto o outro têm seu papel de destaque dentro do universo diversificado que forma uma nação. Não se pode apenas, num país como o Brasil, ter uma visão tacanha e pender a balança apenas para um dos lados. O atraso já é crônico e poderá ficar ainda pior se não houver o diálogo e o bom senso, palavras cada dia menos percebidas no cotidiano nacional.

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