Mais que um risco, uma escolha fatal

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O que leva alguém a pegar o volante depois de beber ou usar entorpecentes, sabendo que essa atitude pode custar vidas? A pergunta ecoa em cada campanha de segurança no trânsito, em cada noticiário de acidente fatal. A resposta não é simples, mas passa por uma mistura complexa de fatores psicológicos, sociais e até mesmo culturais.
E mesmo quando não há vítimas fatais envolvidas, apenas emocionais ou com lesões leves, quem dá o apoio para que esse mal estar do envolvimento com um acidente passe o mais rápido possível?
A negação é um dos principais vilões. Muitas pessoas têm uma superestimação da própria capacidade, o que a psicologia chama de “viés de otimismo”. Elas acreditam que estão “bem o suficiente” para dirigir, que o acidente só acontece com os outros, nunca com elas. Essa falsa sensação de controle é perigosa porque ignora a realidade biológica do corpo: o álcool e as drogas diminuem drasticamente os reflexos, a coordenação motora e o julgamento. Não é uma questão de habilidade, mas de fisiologia.
Outro ponto é a pressão social e cultural. Em muitos círculos, a bebida é vista como parte da celebração e o consumo moderado (ou não) é normalizado. A falta de opções de transporte acessíveis e seguras, especialmente em cidades menores, pode levar a escolhas arriscadas. A frase “é só ali perto” se torna uma justificativa para um risco que é o mesmo, independentemente da distância.
A falta de empatia também tem um papel. A irresponsabilidade no trânsito é, em sua essência, uma falha de empatia. É a incapacidade de se colocar no lugar da vítima, de imaginar o sofrimento da família que perde um ente querido por uma decisão imprudente. A irresponsabilidade é a escolha egoísta de colocar a conveniência própria acima da segurança alheia.
Embora as campanhas de conscientização sejam essenciais, a mudança real começa com a educação desde cedo e com uma responsabilidade individual e coletiva. A lei é importante, mas a mudança de comportamento é o que realmente salva vidas. Precisamos de uma cultura que não apenas condene o ato de beber e dirigir, mas que também incentive e normalize a atitude responsável de jamais pegar o volante nessas condições.
Afinal, a escolha de ser irresponsável não afeta apenas o motorista. Ela atinge famílias inteiras, deixando marcas indeléveis. E isso, por si só, deveria ser motivo mais do que suficiente para todos repensarem suas atitudes.
Bruna Manfroi