Justiça tarda, mas não falha

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A notícia é positiva e merece destaque: ações coordenadas das Polícias Civil e Militar têm resultado na recuperação de centenas de celulares furtados e roubados e, o que é mais importante, na devolução desses bens aos seus legítimos proprietários. Mais do que um dado estatístico, esse movimento representa a restauração de um direito e, em muitos casos, o alívio de um prejuízo que ultrapassa o valor financeiro.

Mas, por trás do sucesso dessas operações reside um elemento fundamental e, infelizmente, ainda negligenciado por muitos: o Boletim de Ocorrência (BO).

É chegado o momento de reforçar a máxima: fazer o BO não é apenas um protocolo burocrático, é um ato de cidadania e a engrenagem que move a investigação policial.

O furto e o roubo de celulares são crimes que alimentam uma vasta e complexa cadeia de receptação. Há quem roube, quem intermedie e quem compre, muitas vezes, por um preço irrisório, sem se importar com a origem ilícita.

Quando um celular é levado, a primeira reação da vítima pode ser o desânimo, a sensação de que “não vai adiantar nada” registrar o fato. Essa subnotificação, no entanto, é extremamente prejudicial por vários motivos.

Quando se notifica o roubo, a polícia, munida de inteligência e tecnologia, tem demonstrado capacidade de desarticular essas redes criminosas.

A ausência do BO impede que o crime entre nas estatísticas oficiais, camuflando a realidade da segurança pública e dificultando o planejamento estratégico da polícia para aquela área ou modalidade criminosa.

O registro formal permite que a polícia intime ou investigue quem está em posse do aparelho roubado, sujeitando o indivíduo ao crime de receptação. Isso atua como um desincentivo fundamental ao comércio ilegal.

As cenas de pessoas recuperando seus celulares na delegacia, muitas vezes meses após o roubo, são a prova de que vale a pena denunciar. A satisfação de reaver um bem que se imaginava perdido, e que muitas vezes contém dados de valor inestimável e até senhas bancárias, é um incentivo.

O recado deixado na manhã de ontem (7) pelas equipes policias foi claro e deve ser repetido à exaustão: não se conforme com a perda. Seja presencialmente ou por meio das Delegacias Eletrônicas, registre o Boletim de Ocorrência imediatamente e inclua o máximo de informações, em especial o IMEI do seu aparelho.

A recuperação dos celulares não é sorte, é o resultado direto da união de um trabalho policial focado e da responsabilidade do cidadão em prover a informação inicial. O BO é o seu primeiro passo na luta contra a impunidade e o crime organizado. Não hesite em fazê-lo.

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