Às vésperas…

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Às vésperas das festas de fim de ano, e com a iminência dos recessos públicos e privados que se avizinham, a atmosfera em nossas cidades e escritórios é tomada por um fenômeno cíclico e, sejamos francos, exaustivo: a pressa desesperada de resolver “tudo”.

Dezembro se transforma, para muitos, em uma maratona frenética contra o calendário. Somos acometidos por uma urgência quase febril de fechar todos os projetos, responder a todos os e-mails pendentes, realizar as compras de última hora e, paradoxalmente, “descansar” resolvendo o máximo possível antes que o tempo de descanso chegue.

Essa ansiedade pré-recesso é compreensível, mas perigosa. Ela nasce da ilusão de que podemos condensar semanas de trabalho e compromissos em poucos dias, limpando a mesa para um “início de ano” sem pendências. O que conseguimos, na realidade, é uma sobrecarga que compromete a qualidade do trabalho, afeta nosso bem-estar físico e mental e, ironicamente, rouba a tranquilidade que as festas deveriam nos proporcionar.

Sob pressão, a atenção aos detalhes diminui. Relatórios são finalizados às pressas, decisões são tomadas com menos reflexão, e a margem de erro se expande. O resultado de “resolver tudo agora” pode ser, na verdade, a criação de problemas que teremos de remediar em janeiro.

Chegar ao recesso esgotado e com o sistema nervoso à flor da pele significa que o tempo de folga será gasto tentando se recuperar da exaustão, em vez de recarregar as energias e desfrutar da convivência. As festividades perdem seu brilho quando o foco principal é o alívio de uma dor de cabeça crônica.

O foco excessivo no fechamento de ciclos profissionais ou burocráticos nos faz negligenciar o presente. As oportunidades de criar memórias significativas com a família e amigos, que são o verdadeiro propósito das festas, são ofuscadas pela luminosidade da tela do computador.

É preciso um exercício de realismo e priorização.

O recesso de fim de ano não é um ponto final na vida profissional e pessoal; é uma vírgula. Há um novo ciclo que se inicia, e é fundamental que o iniciemos com saúde e perspectiva renovadas. Aceitar que nem tudo será resolvido antes do dia 24 de dezembro não é um sinal de fracasso, mas de maturidade gerencial e autoconhecimento.

Portanto, a sugestão para os próximos dias não é acelerar, mas sim desacelerar com propósito.

Que o espírito de celebração e reflexão não seja apenas um adereço de mesa, mas uma postura adotada agora, permitindo que cheguemos às festas com a mente tranquila e o corpo pronto para o verdadeiro descanso. A melhor resolução para o novo ano começa com um final de ano bem vivido.

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