Quando alguém parte

Estimated reading time: 3 minutos
A perplexidade é uma emoção avassaladora que nos assola quando a morte atinge alguém em sua idade produtiva, seja por uma doença grave ou um acidente inesperado. É um choque que desorganiza nossa compreensão da vida, questionando a lógica e a justiça de um destino. Essa perplexidade não é apenas uma reação individual; ela reverbera em toda a sociedade, levantando questões profundas sobre a fragilidade da existência humana.
Seja qual for sua crença e mesmo que com muita fé e convicção nela, pensamentos e reflexões vem a mente, inevitavelmente e logo após, de forma muito espontânea, nossos pensamentos vão tentando achar justificativas.
A morte em idade produtiva se torna dolorosa porque interrompe uma trajetória de vida que estava em pleno desenvolvimento. Pessoas nessa fase da vida estão, em geral, construindo carreiras, formando famílias, realizando sonhos e contribuindo ativamente para a sociedade. Elas têm planos de longo prazo, expectativas e um futuro que, de repente, se esvai. A perplexidade surge justamente dessa colisão entre a vitalidade e a finitude, entre o potencial ilimitado e a interrupção abrupta. A sensação de “não é justo” é quase universal, pois contraria nossa intuição de que a vida deveria seguir um curso mais previsível, permitindo que as pessoas completem suas jornadas.
Para os que em Deus acreditam, por mais doloroso que seja, uma vida se vai quando sua jornada acaba, ou seja, independente da idade, ela se foi pois o propósito para essa existência se encerrou. Não que seja mais fácil ou menos sofrido, mas é um conforto que a fé traz.
Para aqueles que ficam, a perplexidade se mescla com um luto profundo e a dolorosa constatação da própria vulnerabilidade. A morte de alguém em idade produtiva nos força a confrontar nossa própria mortalidade e o que faremos daqui pra frente. Se isso pôde acontecer com alguém tão cheio de vida, quem garante que não acontecerá conosco ou com nossos entes queridos? Essa reflexão, por mais desconfortável que seja, é inevitável. Familiares e amigos são deixados com um vazio imenso e a difícil tarefa de tentar dar sentido a algo que parece não ter sentido algum. A perplexidade diante da morte em idade produtiva é um lembrete pungente da fragilidade da vida e da imprevisibilidade do destino. Ela nos força a reavaliar nossas prioridades, a valorizar cada momento e a reconhecer que, mesmo diante do inexplicável, a busca por sentido e a capacidade de resiliência são essenciais para seguir em frente. Embora nunca possamos eliminar a dor que acompanham essas perdas, podemos, como indivíduos e como sociedade, aprender a viver com essas incertezas.