Precisamos mais uma vez falar sobre isso

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As Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) e as Associações Pestalozzi representam pilares fundamentais na história e na realidade da inclusão de pessoas com deficiência no Brasil. Mais do que instituições, elas são movimentos sociais que nasceram da luta e do amor de pais, amigos e profissionais, preenchendo lacunas históricas de um Estado que, por muito tempo, negligenciou o direito à dignidade, à educação e ao desenvolvimento pleno desse segmento da população.
A importância dessas organizações não se restringe ao atendimento especializado. Ela reside, sobretudo, na sua capacidade de oferecer um suporte multidisciplinar e integral, que vai desde a estimulação precoce e a educação especializada até a habilitação, reabilitação e inclusão social e profissional de crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual e múltipla (APAEs) ou outras deficiências (Pestalozzi). Ao longo de décadas, elas desenvolvem e aprimoram metodologias de ensino e terapias adaptadas, essenciais para o desenvolvimento de habilidades e para a conquista de autonomia.
Em um cenário onde a educação inclusiva na rede regular ainda enfrenta desafios estruturais – como a falta de formação adequada de professores, de recursos de acessibilidade e de suporte especializado – as APAEs e Pestalozzi atuam como centros de excelência. Elas oferecem o Atendimento Educacional Especializado (AEE), fundamental para complementar e suplementar o aprendizado dos alunos que estão no ensino regular, garantindo que a inclusão seja efetiva e não apenas uma matrícula. Além disso, proporcionam serviços cruciais de saúde (fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia) e assistência social, formando uma rede de proteção e cuidado que, muitas vezes, é o único amparo para as famílias.
Contudo, o valor dessas associações transcende o assistencialismo e a educação. Elas são, inegavelmente, agentes de transformação social e política. A união de forças entre a Federação Nacional das APAEs (FENAPAES) e a Federação Nacional das Associações Pestalozzi (FENAPESTALOZZI) em pautas comuns, como a defesa da educação especial, demonstra o impacto coletivo que possuem na agenda nacional.
Na opinião da grande maioria da população e principalmente daqueles que precisam dos atendimentos das entidades, é crucial que a sociedade e o poder público reconheçam e valorizem o trabalho insubstituível dessas instituições. O debate sobre a educação inclusiva não pode ignorar a expertise e a história acumulada por elas. Embora a meta da inclusão total na rede regular seja nobre e um direito constitucional, o suporte especializado oferecido por APAEs e Pestalozzi é, e continuará sendo por muito tempo, um elo vital para o pleno desenvolvimento de inúmeras pessoas com deficiência e suas famílias. Investir e apoiar essas associações é, portanto, investir na dignidade humana e na construção de um país verdadeiramente mais justo e inclusivo.