Analfabetismo e letramento

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Temos visto ultimamente uma enxurrada de textos com graves erros da língua portuguesa. Erros inclusive vindo de pessoas que frequentam ou já frequentaram a universidade. Em tempos em que os números apontam que crianças e adultos estão frequentando as escolas cai por terra a desculpa de 30 ou 40 anos atrás de que a escola não era para todos e tendo em vista essa diferença social, os erros eram comuns. Eram, hoje não poderiam mais ocorrer.

A língua portuguesa, com a disponibilidade de estudo para todos, deveria estar cada vez mais aprimorada na fala e na escrita dos brasileiros, porém vemos o oposto acontecer. Assim vem uma questão: se a educação está avançando, por que a percepção de que a língua está sendo “corrompida” persiste?

A questão de como as pessoas falam o português no dia a dia, muitas vezes em desacordo com a norma culta, gera uma certa discussão e o cerne dessa questão pode estar na confusão que se faz entre analfabetismo e letramento.

O analfabetismo é a incapacidade de ler e escrever. O letramento, por outro lado, vai além da decodificação de letras e palavras. Ele se refere à habilidade de usar a leitura e a escrita para interagir e interpretar o mundo. Uma pessoa pode ser alfabetizada, mas não letrada, ou seja, ela sabe ler e escrever, mas não domina a linguagem em seus diversos contextos sociais.

A escola ensina a norma culta, a gramática e a ortografia que se esperam em textos formais. No entanto, o português falado no dia a dia é muito mais dinâmico e flexível. Ele é influenciado pela região, pela idade e por fatores culturais. Essa variação linguística é natural e inerente a qualquer idioma vivo. O uso de gírias, a omissão de algumas letras, a troca de sons e a conjugação de verbos de forma não padrão são exemplos de manifestações da linguagem coloquial.

A questão principal é que há necessidade de entender que a forma que se fala, não é a forma que se escreve. Sabemos que a nossa língua é cheia de armadilhas com tantas expressões cheias de “ss”, “sc” ou “ç” e também sabemos que a escola ensina usar todas elas e suas diferenças. Então por quê há tantos erros na escrita? Podemos dizer então que estamos formando jovens alfabetizados e não letrados?

Em vez de focar em “corrigir”, o debate deveria se concentrar em aprimorar o ensino do português. O objetivo não é apagar a forma como as pessoas falam, mas sim dar a elas as ferramentas para se expressarem de maneira eficaz em qualquer contexto.

Sim, aqui entraremos em um novo debate sobre o interesse dos alunos, a forma de ensino atual e como crianças e jovens não tem mais interesse pela sala de aula em sua maioria. Mas deixemos isso para um outro momento.

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