Dezembro também tem suas cores

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Dezembro costuma ser um mês de luzes, de balanços financeiros, da pressa e dos reencontros. Entre a organização das festas e o encerramento de ciclos, o calendário nos alerta: o brilho das luzes de Natal divide espaço com o alerta vibrante do Dezembro Vermelho e do Dezembro Laranja. Elas nos lembram que, enquanto planejamos o futuro, a manutenção da vida acontece no agora, através do gesto silencioso e vital da prevenção.

O Dezembro Vermelho carrega consigo o peso histórico e a resiliência da luta contra o HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis. Hoje, graças aos avanços extraordinários da ciência, ele é a cor da esperança e da gestão da vida. O maior desafio atual não reside apenas nos laboratórios, mas na desconstrução do estigma que ainda afasta as pessoas da testagem e do tratamento.

Prevenir o HIV, em 2025, vai muito além do uso do preservativo; envolve o entendimento das novas tecnologias de prevenção combinada e, sobretudo, a compreensão de que o vírus não escolhe “grupos de risco”, mas encontra oportunidades no silêncio e na falta de informação.

Simultaneamente, o sol que brilha com mais intensidade na entrada do verão traz o alerta do Dezembro Laranja. O câncer de pele é o tumor de maior incidência no Brasil, muitas vezes subestimado por sua natureza silenciosa e pelo hábito cultural de cultuarmos a pele bronzeada como sinônimo de saúde. O laranja nos pede respeito ao sol e atenção aos sinais. Uma mancha que muda de cor, uma ferida que não cicatriza, o hábito de negligenciar o filtro solar — são pequenos detalhes que, se ignorados, podem alterar o curso de uma vida. A prevenção aqui é um exercício de observação e de paciência, uma proteção que se passa no rosto todas as manhãs e que se confirma na visita anual ao dermatologista.

Unir o vermelho e o laranja em um único editorial é um convite ao autocuidado integral. Vivemos tempos de diagnósticos rápidos na internet e de uma rotina que nos desconecta dos sinais do próprio corpo. Estas campanhas vêm nos lembrar que prevenir não é um ato de medo, mas um exercício de liberdade. Quem se cuida, quem se testa e quem se protege ganha o direito de planejar o amanhã com mais segurança.

Ao encerrarmos este ano, que as cores deste mês sejam diretrizes para a nossa conduta. Que possamos levar para o próximo ciclo o entendimento de que a vida é um bem precioso demais para ser deixado à mercê do acaso. Que o cuidado com a pele e a responsabilidade com a saúde sexual sejam vistos pelo que realmente são: as maiores provas de amor-próprio que alguém pode exercer.

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