Essa tal ingratidão…

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A ingratidão, esse espinho que por vezes nos fere quando estendemos a mão com a mais pura das intenções. É um tema que evoca resistência, tristeza, amargura e até sofrimento, não é mesmo? Observar alguém que recebe um presente, uma festa organizada com esmero, uma oferta generosa, e não consegue enxergar a beleza, o carinho, a dedicação ali depositados, pode ser um tanto desolador.
Parece haver, em alguns corações, uma espécie de lente embaçada que impede a visão clara do valor intrínseco das coisas. Talvez estejam tão absortos em suas próprias expectativas, tão focados no que falta ou no que poderia ser diferente, que se tornam incapazes de apreciar o que é, o que lhes é dado de bom grado.
É como se a beleza da dádiva residisse apenas em seu valor material. Porém a intenção que a acompanha, no tempo despendido, no afeto silencioso que a envolve, isso fica tudo de lado e quando essa essência passa despercebida, quando os olhos se fixam apenas na superfície ou em supostas imperfeições, algo de valioso se perde.
Não se trata de exigir gratidão como uma moeda de troca, mas sim de constatar a tristeza de uma oportunidade perdida. A oportunidade de se conectar com a generosidade alheia, de sentir o calor de um gesto amável, de reconhecer o esforço investido. Essa incapacidade de ver a beleza no ofertado e presenteado pode, por fim, aprisionar o próprio ingrato em um ciclo de insatisfação, onde a constante busca pelo que não se tem obscurece a alegria do que já existe.
É um lembrete sutil, talvez, para cultivarmos a arte da apreciação, para treinarmos nossos olhos a enxergar além do óbvio, a descobrir a beleza escondida nos gestos e nas ofertas que a vida nos apresenta. Afinal, a verdadeira riqueza reside muitas vezes na capacidade de valorizar o que já possuímos e o que nos é dado com o coração.
O acordar, o respirar, a saúde, a família já são boas razões para acordar e ser grato. Quando alguém lhe der um presente ou organizar algo para você, não pense apenas com o olhar material afinal de contas esse pouco tem valor para a alma, pense com o olhar da alma, essa sim deve ser a mais beneficiada pois alguém dispôs de seu tempo para planejar, ir atrás, conseguir realizar e fazer acontecer com tanto amor envolvido. Essa energia perdura por tanto tempo ao nosso redor que pode ser considerado o melhor dos presentes.
Aos que fazem acontecer com carinho, esmero e dedicação, fiquem em paz e com o coração leve, o que importa mesmo são as boas intenções. Tenham a certeza que são muitos os que valorizam cada passo dado pela mão estendida.