Os 600 dias de Bolsonaro

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O governo do presidente Jair Bolsonaro completou, domingo, 600 dias no poder. Para os apaixonados pelo ‘Mito’ tempos maravilhosos, onde os ‘traidores’ abandonaram o barco e onde o comandante segue dando as ordens da melhor forma: na base do grito, da ameaça e da humilhação em praça pública a quem não o segue, casos dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro

Entre aqueles que não morrem de amores pelo presidente, o atual governo é fraco e resolve as coisas na base do canetaço, sem o menor pudor de trocar peças que melhor atendam aos seus interesses pessoais, como aconteceu na Procuradoria Geral da República ou na Polícia Federal, além de outras pastas que poderiam ser incluídas nesta conta.

Como todo governo, o de Jair Bolsonaro também tem acertos e erros, pontos positivos e negativos, até porque nem tudo que está sendo feito é tão ruim assim, bem como nem tudo também é uma maravilha absoluta. Entre os erros e acertos, a sombra do caso da ‘rachadinha’ no Rio de Janeiro, envolvendo os filhos do presidente, certamente é uma pedra no sapato do ‘Mito’.

Nunca é demais lembrar que o presidente, diante de uma das maiores pandemias de toda a história da humanidade, não apenas desdenhou o momento, como agiu de maneira irresponsável contrariando seus técnicos em saúde e passando um recado à sociedade que poderia fazer o que bem entendesse. Depois de algumas derrotas no Supremo Tribunal Federal e no Congresso, além das críticas recebidas pela imprensa, o presidente mudou o tom e arrebanhou o chamado Centrão para integrar seu governo.

E talvez esteja justamente aí o grande problema de Jair Bolsonaro: o desequilíbrio rápido entre o discurso e a prática. Certamente ele está aprendendo ainda, entretanto, com sua experiência como deputado federal e com 600 dias no lombo, era de se esperar mais de um governo ainda trôpego, mas com espasmos muito positivos.

E talvez também seja hora dos brasileiros começarem a buscar este equilíbrio e compreender não existir nenhum salvador da pátria, mas sim homens e mulheres que, como bons brasileiros, carregam consigo uma cultura que lentamente começou a ser modificada com os efeitos de uma operação que, também gradativamente, começa a ser deixada de lado a fim de evitar que a mudança se acelere.

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