Reestruturação desnecessária

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Tramita na Câmara de Toledo Projeto de Lei para uma reestruturação administrativa. A proposta, de autoria do prefeito Beto Lunitti, tem provocado muitas discussões por vários motivos. Primeiro porque extingue algumas secretarias importantes no contexto; segundo porque criará mais cargos comissionados; terceiro porque, na prática, não altera em quase nada o atual sistema de trabalho dentro do Executivo; quarto porque vai atrelar ao Gabinete do Prefeito mais cargos e a Secretaria de Comunicação, ferindo o princípio da impessoalidade na administração pública; por fim porque poderá aumentar os gastos da folha de pagamento com as famigeradas Funções Gratificadas.

E são justamente as FG’s o grande problema verificado na gestão anterior de Beto Lunitti. Entre 2012 e 2016 houve um aumento considerável no pagamento das gratificações, assim como de horas extras, a ponto do limite prudencial da folha de pagamento ir pelos ares, impossibilitando a contratação de novos servidores e penalizando o município durante praticamente os quatro anos da gestão anterior, de Lucio de Marchi, que congelou o próprio salário, do vice e dos secretários para controlar a gastança exagerada.

A proposta de reestruturação chega num momento inadequado, não apenas por tudo já exposto, mas também porque a arrecadação do município sofreu quedas importantes nos últimos meses e, mesmo que haja recuperação, ainda assim é preciso cautela para os próximos meses, ainda mais porque nem todos os reflexos da Covid-19 em termos de economia foram completamente sentidos.

Esse é, na verdade, o segundo projeto para mexer nas contas. O primeiro havia sido uma proposta de reajuste salarial, que naufragou antes mesmo de entrar em votação diante da resposta negativa dada pela sociedade após a divulgação pelo JORNAL DO OESTE da tentativa de aumento logo na largada. Agora outra vez a atual administração tenta mexer para conseguir aumentar os cargos políticos, como estivesse a estrutura da Prefeitura de Toledo inchada. Não está, até porque ao longo dos últimos anos várias mudanças foram feitas no sentido de enxugar a máquina administrativa e hoje Toledo pode ser considerada um exemplo em termos de administração.

Essa reestruturação não é apenas desnecessária: é um deboche em áreas importantes, como a própria Comunicação, mas em especial na Política para Mulheres, cuja secretaria poderá ser extinta caso o projeto seja aprovado na Câmara Municipal. Um retrocesso que poderá devolver Toledo aos tempos preocupantes de quando a conta não fechava.