Volta ao batente

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Na próxima semana termina o recesso parlamentar e o Congresso Nacional retoma sua rotina, embora o ritmo tenha sido bastante intenso nos últimos dias, com o ambiente cada dia mais tenso, em especial na relação do Executivo com o Legislativo diante das decisões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cortar um valor considerável de emendas dos parlamentares que prometem um contra-ataque tão logo os trabalhos sejam retomados.

Os ânimos em relação ao Supremo Tribunal Federal também voltaram a se acirrar. Nos últimos dias, dois deputados ligados à oposição foram alvo de operações da Polícia Federal ordenadas pelo ministro Alexandre de Moraes. A indignação deu o tom das conversas. E não apenas as de bastidores, como costuma ser de praxe quando ações como essas são levadas adiante.

Como se não bastasse, Lula resolveu mexer no vespeiro da reoneração da folha de pagamento, assunto que no entendimento de uma boa fatia dos parlamentares já havia sido decidida. Há semanas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tenta explicar o problema para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Só que a preocupação com o aumento da arrecadação é tão grande que Haddad não quer enxergar o tamanho da derrota que pode acontecer sobre o Governo Federal como um todo.

O assunto já foi abordado neste espaço em outras oportunidades: no Brasil, um governo que se recusa a dialogar – leia-se, negociar – com o Congresso Nacional é um governo fadado ao fracasso. O ex-presidente Jair Bolsonaro sentiu isso na pele quando tentou governar à sua maneira. Teve de se contentar em promover mudanças e chegar ao fim do mandato em condições de disputar de igual para igual a Presidência da República. Não venceu por detalhes, mas lutou até o fim.

Lula, que já ocupou a cadeira antes, sabe ‘jogar o jogo’ e conhece muitos dos adversários que lá estão. Resta saber se o presidente vai enfrentá-los de peito aberto ou se irá recuar para barganhar mais tarde. Dentro da Esplanada dos Ministérios a percepção que se tem é de que o Congresso Nacional vai endurecer o jogo. A confiança nos acordos com o Governo ficou abalada com as últimas atitudes do presidente e o caminho para aprovação de projetos na Câmara e no Senado possa ficar cada vez mais difícil.

É importante lembrar que este é um ano curto. A partir de junho, os parlamentares começam a se preocupar única e exclusivamente com as eleições municipais em seus redutos e vai ser praticamente impossível debater e aprovar projetos durante o período eleitoral. O recesso branco vai ser a tônica no segundo semestre. E aí…

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