Renunciar para ser feliz!

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Era sexta-feira final de tarde. Como regularmente faço, terminei meu treino no remo ergômetro transpirado. A sensação de cansaço e de satisfação num movimento circular e complementar estavam presentes em mim. A atividade física melhora o corpo, relaxa a mente e eleva o espírito. Ao final do exercício, como quase sempre, abri a geladeira e peguei uma cerveja para tomar com a consciência de que aquela seria diferente. Por que diferente se era algo que fazia regularmente? Porque ela seria a última que eu tomaria nas próximas três semanas. Dessa forma, com a consciência plena degustei cada gole e cada sensação produzida pelo prazer que ela me proporcionava sabendo que não o faria tão rapidamente. O gosto é outro. Estava tudo mais ressaltado. O que mais fazemos sem a consciência daquilo que fazemos?

Para retomar a consciência daquilo que fazemos, como fazemos e porque fazemos há uma ação chamada “Renuncie e seja Feliz!”, sugerida pela Universidade de Berkeley. Em que consiste? Consiste em renunciar a algo por um tempo determinado para que cada um possa avaliar se aquilo que faz tem sentido. Se faz sentido, o incentivo é que se desfrute com a consciência do privilégio. Além disso, pode-se identificar se aquilo que se faz atende a um desejo ou a uma necessidade. Entenda-se desejo como uma vontade, uma aspiração e até um capricho que tende a tornar a vida mais prazerosa e divertida, pelo menos momentaneamente. Um celular de última geração é um desejo, a conexão que ele produz é a necessidade. Uma casa linda é um desejo, enquanto o abrigo é a necessidade. Assim, muitas vezes, confundimos desejo com necessidade fazendo da vida um carrossel alucinado em busca de satisfazer desejos sem ter identificado a real necessidade. Interprete-se necessidade como aquilo que nos produz o bem-estar fisiológico, mental, emocional e espiritual, como por exemplo alimento, descanso, amor e paz, entre outras. Portanto, a atividade “Renuncia e Seja Feliz” propõe que se escolha algo que se faz habitualmente ao qual tenhamos acesso ilimitado, como uma comida, uma bebida ou um programa de televisão e renuncie voluntariamente por um determinado período de tempo. Desse modo, cada um pode avaliar se o que faz, quase sempre no modo automático, é um desejo ou uma necessidade. Além disso, permite que cada um avalie se está gozando daquilo a que tem acesso em abundância. Igualmente, é possível identificar o que se aprecia nessas atividades e como elas o fazem se sentir. Se falamos de bebida, a cerveja é um desejo ou uma necessidade? Entende-se que a necessidade é de água e a cerveja é um desejo. Ao falar de comida, a pizza que muitos comem toda a semana é um desejo ou uma necessidade? Considera-se a pizza um desejo e o alimento a necessidade. Ao falar de um programa de televisão que se assiste regularmente é um desejo ou uma necessidade? Outra vez, pode-se depreender que ver TV é um desejo, uma vez que a necessidade é a diversão. Cada uma das necessidades citadas acima pode ser satisfeita de outras formas, não necessariamente com aquelas que escolhemos e fazemos com regularidade. Você desfruta conscientemente daquilo que faz?

Enfim, renunciar a algo para ser feliz é um convite a tomada de consciência de como vivemos e o sentido daquilo que fazemos. O que você faz, faz sentido? Senão, por que você faz aquilo que faz? Ao falar de hábitos alimentares, bebidas e de diversão, sabe-se que essas necessidades podem ser atendidas com estratégias diferentes. Ressalta-se o essencial de se ter consciência daquilo que se faz como se fosse a última vez, porque um dia será. Hoje concluo o período de renuncia por mim estipulado e pretendo desfrutar todas as sensações de tomar uma cerveja com a consciência de que atender uma necessidade alinhada com um desejo deixa a vida mais linda!

Moacir Rauber

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