Mauro Picini – Sociedade&Saúde – 20/03/2024

0 22

Banco de Olhos de Cascavel completa 18 anos

Poucas cidades têm o privilégio de contar com um Banco de Olhos e Cascavel é uma delas. A estrutura acaba de completar 18 anos e já mudou a vida de milhares de pacientes que ganharam a possibilidade de enxergar o mundo de novo.
O transplante é o divisor de águas, que depende necessariamente da doação de córneas. Em 2023 o Banco de Olhos de Cascavel realizou 323 captações, totalizando 644 córneas. A taxa de recusa ficou em 4,2%
No Paraná, nos dois primeiros meses de 2024 foram realizados 122 transplantes de córnea, sendo que 19 aconteceram do Hospital de Olhos de Cascavel, posicionado entre os principais centros oftalmológicos do Sul do Brasil.
Dados do Sistema Estadual de Transplantes do Paraná mostram que em janeiro de 2024 aconteceram 31 doações em janeiro, com 37 distribuições. Em fevereiro foram 24 doações e 31 distribuições. Assim, no primeiro Bimestre foram totalizadas 55 doações, que somam 110 córneas captadas, com 68 distribuições. Durante o período foram contabilizadas 19 recusas, uma taxa de 3,7%.
Por outro lado, na fila de espera estão 1.115 pacientes, dependendo da solidariedade, de um ato de amor. A doação de córneas depende do sim dos familiares que perderam seus entes queridos. “As córneas só podem ser doadas após o falecimento do doador. Por isso é importante que em vida a conversa sobre doação de órgãos aconteça dentro dos lares. Na maioria das vezes a morte não é esperada e a tomada de decisões fica mais difícil. A captação é rápida e a fisionomia do doador é preservada após a doação, não havendo nenhuma alteração em sua aparência”, explica a diretora-técnica do Banco de Olhos de Cascavel, Selma Miyazaki.

O que é um Banco de Olhos?
Bancos de olhos são entidades sem fins lucrativos que se comprometem com as etapas que envolvem a doação de tecidos oculares, passando pela retirada, avaliação, armazenamento e distribuição. A Central de Transplantes é quem regula a destinação.
O Banco de Olhos de Cascavel realiza as captações em Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão e Pato Branco, Medianeira, Assis Chateaubriand e Palotina.

Como lidar com a solidão?

A solidão é um sentimento universal, que pode afetar desde crianças até idosos em algum momento da vida e decorre de uma resposta emocional ao isolamento, quando a rede de relações sociais de uma pessoa é deficitária, ausente ou negligente.
Em geral, as pessoas que sofrem com a solidão costumam nutrir pensamentos ansiosos sobre a falta de conexão ou comunicação com outros indivíduos e convivem com uma avalanche de pensamentos desagradáveis e negativos. “Apesar de frequentemente associada ao isolamento e à falta de companhias, a solidão também pode surgir quando a pessoa, apesar de cercada de familiares e amigos, não consegue estabelecer relações significativas”, diz Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT.
O sentimento, que causa forte angústia e dor, também pode levar ao surgimento de transtornos de ansiedade, humor e até mesmo à depressão. Acima de tudo, conforme explica o especialista, somos seres sociais e o aprendizado, a soma de conhecimento e a evolução de cada um vêm a partir das interações com outras pessoas. Isso fica muito claro quando, por exemplo, pensamos que as interações sociais têm início logo na infância, época na qual pais e cuidadores são cruciais para toda aprendizagem, desde hábitos de higiene e alimentares até o gosto pela leitura, por esportes, etc. “É exatamente por isso que é tão importante ter uma sólida rede de apoio, com quem se importa e demonstra afeto, essa troca traz consigo os sentimentos de fortalecimento de autoestima e segurança”, diz o especialista.

A solidão tem tratamento?
Sim. É importante que a pessoa busque ajuda com profissionais da área da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras e o tratamento envolve o uso de medicações (quando necessárias) e o suporte psicológico. Inclusive, os psicólogos conhecidos como Acompanhantes Terapêuticos (ATs) são muito procurados nestes casos. “O AT atua diretamente no ambiente do paciente, identificando gatilhos e situações que causam o problema, podendo, dessa forma, propor estratégias importantes para a pessoa sair da situação”, explica Colombini. “Ajudamos o paciente a resgatar sua autonomia, organizar sua rotina, com foco sobretudo na sua ressocialização”, completa.

Boas estratégias para acabar com a solidão – Segundo Colombini, quando a pessoa está sofrendo com a solidão, o mais importante é buscar ajuda especializada. Mas algumas atitudes simples do dia a dia também podem contribuir para a melhora do quadro. Veja a seguir:

1) Abra espaço para novas experiências. Que tal iniciar um curso de idiomas, frequentar uma academia ou fazer parte de um clube em sua comunidade? Isso faz com que você amplie seu círculo social e se sinta menos sozinho… novas e ótimas conexões podem surgir de situações como essas.

2) Faça exercícios físicos. Correr, nadar, pedalar, caminhar em meio a natureza…todas essas atividades liberam hormônios como a dopamina, elevando sua sensação de bem-estar e fazendo com que você fique mais relaxado.

3) Adote um animal de estimação. Um estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, comprovou que ter um animal de estimação — como um cachorro — ajuda a reduzir a sensação de solidão de seu dono. Isso porque o animal facilita e aumenta as interações sociais com os vizinhos e outras pessoas, o que acaba por reduzir o isolamento social. E também estimulam atividades como a caminhada ao ar livre, muito benéfica para o humor.

4) Pratique o autocuidado. Fazer uma boa leitura, preparar um banho relaxante, passar uma tarde na livraria. Estas são algumas práticas que promovem relaxamento e bem-estar e cuidar de si com paciência e compaixão ajuda você a fortalecer o vínculo com você mesmo, o que, consequentemente, ameniza os sentimentos de solidão.
Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012. Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.

Projeto Social: lições de vida que vão além das quadras esportivas
O Futsal Feminino da Afeto beneficia 362 crianças, com o suporte da Lei de Incentivo ao Esporte da Prati-Donaduzzi
No meio das ruas e bairros da cidade, onde muitos passam despercebidos, há histórias de superação e transformação que desafiam as expectativas. Um exemplo inspirador é o de Luiz Carlos Francisco Rodrigues, treinador da Associação dos Amigos e Atletas do Futsal e Futebol Feminino de Toledo (Afeto).
Para realizar seu sonho de se tornar professor de Educação Física, Luiz enfrentou uma jornada desafiadora, passando por diversas profissões, desde coletor de lixo até operador de máquinas. Apesar dos obstáculos e desafios, nunca perdeu a esperança. “Eu sempre tive o desejo de cursar Educação Física. Depois do falecimento do meu irmão, que era treinador, cogitei a possibilidade de também aprender mais sobre essa área. Em 2004, finalmente me formei”, relata Luiz.
Ao longo dos anos, ele teve a chance de atuar como técnico na Escolinha de Futsal do Incomar e na Escola Adventista de Toledo. Posteriormente, abriu sua própria escola em Sobradinho, onde trabalhou por nove anos, conciliando seu tempo como professor de Educação Física na Afeto.
“Não havia muitas competições naquela época, apenas torneios femininos. Buscando por uma evolução no futsal feminino, comecei a conversar com a professora Salete, que jogava para o Clube Toledão, para formarmos um Campeonato de Futsal ao longo do ano. Em seguida, surgiu a ideia de fundar a Associação de Futsal Feminino em Toledo, juntamente com outros professores, e assim nasceu a Afeto”, explica Luiz, que é preparador físico e treinador de goleiras na Afeto.

Transformação social – O projeto representa um refúgio para cerca de 362 crianças, com idades entre 8 e 17 anos. Com o suporte de parceiros como a Prati-Donaduzzi, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, esses atletas têm acesso a práticas esportivas. Além disso, recebem assistência com aulas de reforço escolar, interação social entre os participantes, estímulo à disciplina e fornecimento de cestas básicas.
“Ao proporcionar acesso a atividades esportivas, estamos oferecendo muito mais do que simples exercícios físicos. Estamos cultivando hábitos saudáveis que transcendem as quadras, promovendo inclusão social e construindo a autoconfiança e autoestima das atletas”, destaca o gerente de Marketing da Prati-Donaduzzi, Lucas Angnes.
“Após descobrir o futsal e a Afeto, o sonho de viver essa rotina no esporte tem se tornado cada vez mais forte. Os ensinamentos do professor Luiz Carlos, além de desenvolver habilidades necessárias para a excelência na partida, ajudam com a motivação e autoconfiança para cada momento, tanto em competições, mas também fora delas. Isso contribui de forma positiva para o nosso amadurecimento como atleta”, destaca a goleira Debora da Silva Alves, de 14 anos.

Deixe um comentário