Sistema Ocepar e Governo do Estado impulsionam modelo de cooperativa-escola e melhoram a educação no campo paranaense

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Onde antes havia espera, agora brota esperança, realização e oportunidade. Com mais de três décadas de existência, no Colégio Agrícola Estadual de Toledo (CAET), o que antes era um sonho adiado por falta de recurso ou de estrutura começa a ganhar vida com força e significado. A cooperativa escola do CAET é uma semente de transformação, onde os sonhos ganham formas, transformam rotinas, olhares e corações. Alunos, professores, coordenadores e direção caminham lado a lado, tomando decisões em conjunto, compartilham responsabilidades e celebram cada pequena conquista. Mais do que melhoria logística, esse movimento representa o crescimento de algo maior: a autonomia que empodera, o cooperativismo que une e a certeza de que um futuro melhor pode ser cultivado com as próprias mãos. Cada muda plantada, cada animal alimentado, cada estudo realizado ou cada ideia acolhida é um gesto de fé no potencial do jovem e na força transformadora da educação. Com raízes fincadas na responsabilidade, folhas espessas e ideias vivas, cresce algo maior: o cooperativismo que ensina e a educação que liberta.
A cooperativa-escola do CAET é um dos reflexos da transformação que já abrange os colégios agrícolas e florestais do Paraná e adaptados à nova legislação estadual que regulamenta o modelo cooperativo. Idealizada pelo Governo do Estado, a implantação das cooperativas-escola permite melhor vivência prática do cooperativismo, qualificação do ensino técnico e fortalece o vínculo com o setor produtivo. Assim, os colégios adquirem insumos e equipamentos com mais autonomia, comercializam os excedentes da produção agropecuária e direcionam os lucros para a própria melhoria da infraestrutura e das aulas práticas.
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O presidente da cooperativa escola o professor José Augusto de Souza, explica que as ações definidas em conjunto proporcionam melhorias ao Colégio e ao ensino e desperta o espírito cooperativista de cada membro envolvido. “Os estudantes fazem parte do associativismo. Juntos, eles decidem e cooperam. Hoje, a cooperativa escola é composta por 71 pessoas”.
No CAET, a participação estudantil é um dos pilares do modelo. Os alunos participam ativamente em sua gestão, tomam decisões e inserindo-se no ambiente cooperativista, o que é um grande diferencial para a vida profissional. “Estamos ainda nos estruturando. Mas, já realizamos as primeiras comercializações de animais (suínos e bovinos) e de verduras”, cita o presidente.
COOPERAÇÃO
Neste ano, as Secretarias da Educação (Seed), da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e o Sistema Ocepar oficializaram um protocolo de intenções. O documento estabelece uma parceria ao fortalecimento das cooperativas escolares nos colégios agrícolas do Paraná. A Ocepar já colaborou diretamente na criação de 20 cooperativas escolares no Estado e ampliará sua atuação com o novo protocolo. Mentorias, desenvolvimento de projetos com a Seed e a Seab, ações voltadas à inovação e medidas que garantam a viabilidade jurídica dessas entidades escolares estão previstas.
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O presidente da cooperativa escola destaca o papel fundamental dos estudantes no projeto, ressaltando que muitos deles são filhos de produtores, que são cooperados em outras organizações. “Este é o momento ideal, pois as cooperativas nas escolas serão formadas pelos próprios alunos, permitindo que eles aprofundem seus conhecimentos teóricos enquanto vivenciam, na prática, os princípios do cooperativismo”.
Para o presidente do Sistema Ocepar José Roberto Ricken, o cooperativismo trabalhado nas escolas estimulará os estudantes a permanecer no campo e contribuir com o desenvolvimento agropecuário no Paraná. “O nosso desafio é estimular nossos jovens a conhecer e praticar o cooperativismo e, com isso, gerar desenvolvimento pessoal e riquezas para o meio rural. Essa parceria vai proporcionar aos jovens a oportunidade de vivenciar o cooperativismo e complementar sua formação”.
A coordenadora de curso do CAET Franciele Cristina dos Santos de Souza explica que a cooperativa escola tem como principal objetivo proporcionar aos estudantes uma vivência prática e real dentro do ambiente cooperativista, aliando teoria e prática de forma integrada. “Ela estimula a autonomia, o trabalho em equipe, a responsabilidade, a liderança e o espírito empreendedor. Além disso, prepara os jovens para o mercado de trabalho e para a gestão de empreendimentos sustentáveis, seja no meio rural ou urbano. Ao participarem ativamente das decisões, da produção e da comercialização, os estudantes desenvolvem competências técnicas, administrativas e sociais que são fundamentais para sua formação cidadã e profissional”.
Atualmente, a cooperativa escola desenvolve algumas atividades ligadas às cadeias produtivas do setor agropecuário, como:
Produção Agrícola: cultivo de hortaliças, grãos e frutas, com foco em práticas sustentáveis e uso racional dos recursos naturais;
Produção Pecuária: produção de suínos, bovinos de leite e corte, ovinos, aves (corte e postura), cunicultura e piscicultura em parceria com o INPAA (Instituto de Pesquisa e Aquicultura Ambiental);
Comercialização: Atualmente, a comercialização está concentrada na venda de hortaliças e suínos. Esses produtos são destinados, principalmente, à Cozinha Social de Toledo, graças a um acordo firmado com a Prefeitura Municipal de Toledo. Parte da produção também é comercializada internamente, dentro do próprio Colégio, alcançando os pais dos alunos e a comunidade escolar;
Gestão e Finanças: Os estudantes participam da administração da cooperativa, acompanhando relatórios, prestando contas e tomando decisões em assembleias.
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AUTONOMIA
O presidente da cooperativa escola do CAET enfatiza que ao acompanhar os primeiros resultados, o estudante se sentirá motivado a desenvolver novos projetos dentro do Colégio. Ele reforça que as iniciativas já existentes continuam ativas. “Nossa proposta é incentivar a autonomia dos alunos, para que tragam suas ideias e sugestões”.
José Augusto cita como exemplo as áreas de piscicultura e avicultura. “Nosso objetivo é ampliar os horizontes desses alunos. Por meio de ações cooperativistas, vamos acompanhar a conclusão de cada projeto e mostrar que é possível produzir, inovar e encontrar novas alternativas de geração de renda”.
De acordo com o presidente da cooperativa escola, a rede de ensino pretende intensificar o cooperativismo e o associativismo. “Somos jovens nesta área, mas estamos com uma boa conta financeira e com ótimas lideranças. O futuro é logo ali e o nosso presente tem sido exemplar e de cooperação”.
Érica Mohr Bobrzyk cursa o terceiro ano no CAET e ela é uma cooperada. “Com a cooperativa escola, percebemos melhorias no Colégio. Os recursos financeiros conquistados com a comercialização de cada produto são fundamentais. Mesmo estando no último ano, notamos as diferenças com a atuação do cooperativismo em nosso Colégio. A cooperativa escola do CAET constrói um Colégio melhor e o conhecimento fará com que possamos construir um mundo melhor para nós, nossos amigos e familiares”.
As estudantes e cooperadas Amanda Cristina Ramos Gomes, Flávia Alessandra e Mirella Maciel Pontes desenvolvem o projeto com suculentas no Colégio. Flávia Alessandra está no terceiro ano e pontua que os lucros das vendas retornam em ações aos estudantes. “O cooperativismo está ‘abrindo novas portas’ para melhorarmos enquanto pessoas e constrói novos profissionais para o futuro”.
Amanda esclarece que as três alunas decidiram ser cooperadas, porque sonham em ampliar o projeto. “Desenvolvemos os pontos do cooperativismo e também do empreendedorismo. Analisamos todas as vantagens em fazer parte da cooperativa escola e, com isso, pretendemos expandir os nossos negócios”.
O coordenador da área de Pecuária do CAET e secretário da cooperativa escola Abílio Leonel Bertol Bottega complementa que os animais possuem praticamente duas funções: a de ensinar e a de alimentar. “Após todo o processo de ensino, os nossos suínos são comercializados para a Prefeitura de Toledo e transformados em deliciosas receitas servidas para a população”.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Os conselheiros fiscais Arthur Bayer Batalha e Douglas Henrique enfatizam o conhecimento técnico adquirido na cooperativa escola. Arthur explica que passou a analisar documentações e acompanha as votações no Colégio. “A cada dia aprendo mais sobre o cooperativismo, entendo o funcionamento da cooperativa e quando finalizar os meus estudos no CAET posso ingressar no mercado de trabalho e com a certeza que estarei a um passo na frente”.
Douglas Henrique compartilha da opinião de seu colega Douglas. Juntos eles acompanham o desenvolvimento de cada semente na horta do CAET. “Nós realizamos todo o processo de trabalho, desde o plantio, a adubação e a colheita com o acompanhamento do professor. Nós comercializamos as verduras e elas foram entregues com a colaboração de todos”.
Para a coordenadora de curso do CAET Franciele Cristina, os resultados mais significativos são percebidos no desenvolvimento pessoal e profissional de cada estudante no dia a dia. “Os alunos ganham maior entendimento sobre como funciona uma organização cooperativa, aprendem a lidar com desafios reais de produção e mercado, desenvolvem habilidades de comunicação e liderança, e adquirem consciência sobre a importância da cooperação e da sustentabilidade”.
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E o futuro? Nos próximos anos, a cooperativa-escola do CAET pretende ampliar ainda mais o seu papel como espaço de aprendizagem e inovação. Franciele enfatiza que uma das principais metas é incentivar os alunos a desenvolverem projetos inovadores, voltados para o aperfeiçoamento das atividades produtivas, a sustentabilidade e o uso de novas tecnologias no campo. “A ideia é criar desafios e programas internos de inovação, nos quais os grupos de estudantes que se destacarem com propostas criativas e viáveis possam ser reconhecidos e premiados. Essas iniciativas têm como objetivo estimular o protagonismo juvenil, a pesquisa aplicada e o empreendedorismo, além de valorizar o esforço coletivo e as soluções que possam ser implementadas na própria cooperativa”.
Com isso, a cooperativa-escola do CAET busca fortalecer a cultura do cooperativismo e da inovação no ambiente escolar. “Vamos preparar os jovens para liderar transformações no meio rural e nos sistemas produtivos aos quais estarão inseridos no futuro”, destaca Franciele.
Que os estudantes sejam sementes de mudança, brotando ideias no solo fértil do saber e que seus passos firmes nas trilhas do campo façam florescer novos jeitos de viver. “Educar para inovar, cooperar para transformar; assim se constrói um mundo melhor, onde todos têm lugar”, finaliza a coordenadora de curso Franciele Cristina.
Por Graciela Alves Souza
Da Redação
TOLEDO