Itaipu contribuirá com o Brasil para fazer da COP 30 a “COP da ação”

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Governo brasileiro prepara estratégia para que a Conferência do Clima dê início a uma nova fase na implementação de ações que são consenso entre os países
A presidência da COP 30 anunciou na manhã desta sexta-feira (20), durante o Encontro Climático da ONU (SB62) em Bonn (Alemanha), uma estratégia para “tirar do papel” medidas que já são consenso entre os países. O assunto é tema da 4ª carta presidencial, apresentada durante uma coletiva de imprensa que contou com a presença do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, da diretora executiva da COP 30, Ana Toni, e dos Campeões da COP, Nigar Ardaparai (COP 29) e Dan Ioschpe (COP 30).
Nas conferências, tradicionalmente, além das negociações entre governos, há pavilhões de países ou de organizações da ONU que prepararam agendas de eventos paralelos para discutir os mais variados temas ligados às mudanças climáticas. Em Belém, além desses, a ideia é ter pavilhões temáticos, correspondentes a consensos já obtidos entre os signatários do Acordo de Paris.
Além de uma nova dinâmica entre os países, a ideia é criar mais oportunidades para o envolvimento dos participantes “não negociadores” da COP (setor privado e representantes da sociedade civil) e também para a exposição e o compartilhamento de soluções brasileiras para o enfrentamento da crise climática, como no caso das ações lideradas pelas Itaipu Binacional.

Conforme explicou Corrêa do Lago, os temas foram definidos a partir do Balanço Global (Global Stocktake, ou GST) do Acordo de Paris, realizado na COP 28, em Dubai. São cinco temas principais: Energia, Indústria e Transportes; Florestas, Oceanos e Biodiversidade; Transformação na Agricultura e nos Sistemas Agrícolas: Resiliência das Cidades, Infraestrutura e Água; e Desenvolvimento Humano e Social. E um sexto tema que é transversal aos demais: Finanças, Tecnologia e Capacitação.
“Uma vez que o GST foi aprovado por consenso, pegamos esses elementos e procuramos associá-los. A ideia é que cada pavilhão tenha 70 eventos (sete eventos por dia ao longo dos 10 dias de programação)”, afirmou Corrêa do Lago.
Com essa nova dinâmica entre os países, a ideia do governo brasileiro é sair da COP 30 com uma “agenda de ação”, que terá três aspectos principais: dar suporte aos negociadores; viabilizar entregas; e monitorar o progresso. “Eu acredito que isso vai ser muito bem recebido. Primeiro, do ponto de vista político. O Brasil está dizendo, se todos nós concordamos que isso são prioridades, então vamos implementar. E como fazemos? Acredito que esses debates trarão grande parte da resposta de como é que a gente vai chegar lá”, acrescentou o embaixador.
“Na realidade, já temos uma agenda de ação desde a COP 21 (o Acordo de Paris)”, explicou Ana Toni. “Sabemos que temos de reflorestar, aumentar a eficiência energética, o uso de fontes renováveis, mas precisamos ver caso a caso se está avançando. Se não avançou, por que não? É questão de financiamento, de regulação, de capacitação? Queremos ter uma agenda para resolver esses gargalos”, completou a CEO da COP 30.
Bons exemplos
Entre as soluções que o Brasil irá apresentar na COP 30 estão as iniciativas lideradas pela Itaipu Binacional em 434 municípios do Paraná e do Mato Grosso do Sul, que contribuem para diminuir impactos ambientais e sociais, e a reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE). De acordo com o diretor de Coordenação, Carlos Carboni, que representa a Itaipu na SB62, a Itaipu age no território com o objetivo de garantir água para a produção hidrelétrica, mas com foco nas pessoas. “O que está em jogo não é o planeta. Somos nós”, resumiu.
A chefe do escritório de Brasília e coordenadora da agenda da binacional na SB62, Lígia Leite Soares, destacou os principais resultados obtidos com essas ações, como a recuperação e proteção de 9 mil nascentes; a assistência técnica para a produção rural sustentável para 7 mil famílias de agricultores; a estruturação da coleta seletiva e da cadeia de reciclagem em 255 municípios, beneficiando 4 mil catadores; pesquisa e inovação em outras fontes renováveis, como biogás, solar fotovoltaica flutuante, hidrogênio e combustível sustentável de aviação; além da manutenção de mais de 100 mil hectares de Mata Atlântica em torno do reservatório.
“A Itaipu vem contribuindo com o governo federal para a organização da COP em Belém não apenas do ponto de vista logístico, mas também na discussão dos temas e compartilhamento de soluções climáticas”, concluiu.