Projeto de Lei propõe proibição do uso de correntes em cães em Toledo

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Ainda comum por questões culturais, a prática de acorrentar cães pode causar lesões e comprometer o bem-estar físico e emocional dos animais, além de prejudicar seus instintos naturais. Com o objetivo de coibir essa conduta, o vereador Marcos Zanetti propôs um Projeto de Lei (PL) que proíbe o uso de correntes para manter cães presos em Toledo. A proposta deverá ser votada após o retorno do recesso parlamentar.

De acordo com Zanetti, a intenção é garantir condições adequadas para os animais. “Entendemos que o tutor que tem um animal deve oferecer um espaço, seja um canil, um quintal ou uma cerquinha, para que o cão possa circular livremente dentro daquela área permitida, sem o uso da corrente”, afirma.

CONSEQUÊNCIAS – A médica veterinária Evelyn Marchioro alerta para os impactos negativos que o acorrentamento prolongado pode gerar nos cães. Segundo ela, por serem animais sociáveis, o isolamento forçado pode resultar em sérios danos comportamentais e de saúde. “Ao ficarem acorrentados por longos períodos, eles podem desenvolver estresse crônico, ansiedade, frustração por falta de mobilidade e interação, e até agressividade. Muitos acabam ficando com um comportamento mais defensivo ou hostil por conta da corrente”, explica.

Entre os sinais de sofrimento, Evelyn destaca comportamentos repetitivos, como andar em círculos, morder a própria cauda, latir excessivamente e até automutilação. A restrição de movimento também pode provocar feridas no pescoço, infecções, atrofia muscular e outros problemas físicos.

FATORES CLIMÁTICOS – A exposição ao clima é outro fator de risco. Em dias quentes, cães acorrentados podem desenvolver hipertermia; em dias frios, sem abrigo adequado, correm risco de hipotermia. “Dependendo da idade e da condição corporal do animal, ele pode até ir a óbito nessas situações”, alerta.

CUIDADOS ESPECIAIS – Cães filhotes e idosos exigem atenção especial. Evelyn explica que filhotes precisam de espaço para se desenvolverem física e emocionalmente. “Crescer acorrentados pode e vai comprometer o desenvolvimento motor, emocional e social. Isso resulta em adultos medrosos ou agressivos”, orienta.

Já os animais idosos, por terem articulações mais frágeis, sofrem ainda mais com o confinamento. “Ficar preso pode agravar dores articulares, causar artrose, fraqueza muscular e perda de massa magra. Tudo isso afeta diretamente o bem-estar do animal”, completa.

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL – Como alternativa ao acorrentamento, Evelyn recomenda o enriquecimento ambiental, uma prática que melhora a qualidade de vida dos cães. “Oferecer brinquedos, cheiros, texturas e desafios mentais, como uma garrafa pet com ração dentro para cães pequenos ou pneus velhos para os de porte grande, ajuda muito. Mas o mais importante é garantir uma rotina afetiva, com convivência próxima dos tutores e passeios diários para socialização com outros animais e pessoas”, aconselha.

EXCEÇÕES – Embora o projeto preveja a proibição do uso de correntes, há exceções previstas. “Em casos pontuais, como durante uma limpeza ou reforma na casa, em que o cachorro precise ficar afastado por um tempo curto, isso se justifica. Mas, deve ser algo eventual”, conclui Zanetti.

Da Redação
TOLEDO

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