Dia do Não Fumar lembra riscos do tabagismo e reforça importância do primeiro passo

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Domingo (16) é celebrado o Dia do Não Fumar, uma data que reforça a conscientização sobre os danos provocados pelo tabaco e incentiva fumantes a refletirem sobre sua relação com o cigarro. Considerado um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, o tabagismo permanece como causa central de doenças evitáveis e mortes prematuras, além de afetar diretamente pessoas que nunca fumaram, mas que convivem com fumantes.

Em Toledo, profissionais que atuam em programa de combate ao tabagismo observam que o simples ato de passar 24 horas sem fumar pode representar uma transformação, tanto física quanto emocional. A psicóloga Jane Zottis, profissional do Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), explica que um único dia sem o cigarro é um avanço muito maior do que costuma parecer.

PRIMEIRAS HORAS – Segundo ela, essas primeiras 24 horas marcam duas conquistas importantes: a quebra de padrões psicológicos e a resposta imediata do organismo. “Ao sobreviver às primeiras 24 horas, a pessoa prova para si mesma que é capaz de controlar o vício e que o cigarro não a controla totalmente. Essa conquista inicial é um enorme reforço da crença na própria capacidade de realizar tarefas e alcançar objetivos. A cada hora passada sem fumar, a pessoa acumula uma pequena vitória que constrói a confiança para o dia seguinte”, afirma.

Jane explica que, nesse período inicial, o fumante é desafiado a enfrentar a chamada dependência associativa, já que gestos cotidianos como tomar café, fazer pausas no trabalho ou dirigir, costumam estar ligados ao ato de fumar. “As primeiras 24 horas forçam a pessoa a quebrar rotinas: a pessoa tem que enfrentar e quebrar os gatilhos, situações que automaticamente pedem um cigarro, aprendendo a fazer essas atividades sem o fumo”.

ORGANISMO – Do ponto de vista fisiológico, as mudanças começam imediatamente. A psicóloga detalha que, já nos primeiros minutos e horas, o corpo aciona mecanismos de reparação. “Em 20 minutos a frequência cardíaca e a pressão arterial caem, retornando aos níveis normais. A temperatura das mãos e pés também aumentam, melhorando a circulação. Em 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue cai ao normal”, explica. Ela recorda que a redução dessa substância tóxica devolve ao sangue sua plena capacidade de transportar oxigênio, o que por si só, já diminui o risco de um ataque cardíaco.

Jane acrescenta que, em apenas um dia, pulmões e sistema circulatório começam a funcionar melhor, o que inclui a regeneração de terminações nervosas ligadas ao olfato e ao paladar. “Os cheiros e sabores ficam mais intensos e nítidos, pois os receptores voltam a funcionar normalmente”, afirma.

SAÚDE PÚBLICA – Mesmo com campanhas nacionais e avanços em políticas de controle, o tabagismo ainda ocupa o posto de maior problema de saúde pública evitável do mundo, como destaca a psicóloga. “O alto custo humano, se manifesta em mais de 50 doenças graves, incluindo a maioria dos casos de câncer de pulmão, infarto e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), e coloca o fumante em risco. Além disso, interfere na carga econômica e social, que onera os sistemas de saúde com o tratamento prolongado e caro dessas enfermidades, bem como o dano a não fumantes (fumantes passivos) pois a inalação da fumaça por eles é a terceira maior causa de morte evitável globalmente, afetando seriamente a saúde de crianças e adultos que nunca fumaram”.

GRUPO DE TABAGISMO – Para quem deseja iniciar o processo de abandono do cigarro, o SUS oferece tratamento gratuito por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Em Toledo, grupos estão em andamento na Estratégia de Saúde da Família (ESF Cosmos) e no CAPS AD, com outras unidades organizando novas turmas devido à alta procura.

Os grupos seguem um cronograma estruturado: quatro encontros semanais no primeiro mês, dois encontros quinzenais no segundo e um encontro mensal no terceiro. Psicólogos, enfermeiros e médicos atuam conjuntamente, integrando tratamento medicamentoso e abordagem cognitivo-comportamental.

“Para quem participa do grupo, é fornecido gratuitamente o uso de medicamentos, como a terapia de reposição de nicotina (adesivo de nicotina) e/ou outros fármacos, quando há indicação clínica e necessidade”, afirma.
A orientação inicial é simples: basta procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro e manifestar o desejo de parar.

PRIMEIRO PASSO – Jane reforça que a coragem nasce justamente do primeiro passo, mesmo que imperfeito. “Imagine-se daqui a um ano: abraçando seus filhos ou netos com um hálito fresco, subindo escadas sem ofegar e sentindo o sabor real da primeira xícara de café. Não espere pela coragem perfeita, pois ela nasce do primeiro passo imperfeito. Comece hoje”, conclui.

Da Redação

TOLEDO

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