Documentários criados com a Lei Paulo Gustavo narram histórias inspiradoras

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Durante a pandemia, a classe artística esteve entre as mais afetadas. Palcos silenciaram, oficinas foram interrompidas, projetos adiados e, com eles, sonhos e narrativas deixaram de ser contadas temporariamente. Para reacender a chama criativa e mitigar os efeitos da paralisação, a Lei Paulo Gustavo foi implementada no segundo semestre de 2023. Por meio de uma articulação entre os governos municipal, estadual e federal, a medida surgiu como instrumento de fomento à cultura e valorização das produções que fomentam a economia local.
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A proposta resultou em uma intensa mobilização de artistas, coletivos e produtores, que encontraram nos editais públicos a chance de expressar suas vozes e dar vida a obras que documentam o presente e reverenciam memórias. A produtora cultural Marina Gouveia relembra que “vários agentes culturais e produtores diversos tiveram a oportunidade de falar um pouquinho sobre a sua vivência, ao documentar memórias e histórias”.
Entre as produções viabilizadas com o fomento da lei, destacam-se os investimentos em projetos audiovisuais, como a criação de documentários que exploram diferentes nuances da vida contemporânea. Esses trabalhos não apenas ocupam espaços simbólicos. Eles provocam, sensibilizam e dialogam.
14 ANOS DE VIDA AUTISTA – A neuropsicopedagoga especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA), Andréia Schauren, atua na Associação dos Autistas de Toledo e participou da criação do documentário ‘14 Anos de vida autista’. Ela destaca que “os recursos viabilizaram a estrutura necessária para captar imagens, som, edição, deslocamentos e, principalmente, nos deram a oportunidade de mostrar quem somos, o que vivemos e por que a Associação é tão essencial. A Lei não financiou apenas um projeto, ela viabilizou a voz de uma comunidade inteira”.
Com o intuito de sensibilizar que o autismo vai além de rótulos, o documentário apresenta famílias, lutas diárias e avanços conquistados. A mensagem enfatiza que “é possível construir uma rede de apoio, afeto e acolhimento onde antes havia silêncio, julgamento e solidão. Mostramos que, por trás de cada diagnóstico, existe uma pessoa com sonhos, sentimentos e potencial, bem como uma família que precisa ser fortalecida, não culpabilizada”, reforça Andréia.
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VIVÊNCIAS MATERNAS – A maternidade, muitas vezes romantizada ou silenciada, foi o foco do curta-metragem Vivências Maternas, dirigido e roteirizado por Ana Carolina de Paula. Ao retratar o vínculo real entre mães e filhos, a obra ressignifica o ato de maternar como continuidade da vida.
De forma empática e acolhedora, o documentário evidencia que não existe maternidade certa ou errada. Ana Carolina ressalta que “toda mãe nasce de uma mulher que já existia e que se transforma com essa realidade. As abordagens perpassam pela gestação, pela tentativa de fertilização in vitro, adoção, maternidade atípica, negra e indígena e da maternidade madura enquanto avó e o luto materno”.
CHEGADAS – A causa migrante também encontrou espaço de escuta e visibilidade por meio do longa-metragem ‘Chegadas: o rosto da migração na região oeste’, uma iniciativa da Embaixada Solidária. Dirigido e roteirizado por Edna Nunes, o audiovisual já alcançou mais de 10 mil espectadores e em breve será exibido na TV Educativa do Paraná.
Para Edna, o filme vai além das estatísticas e mergulha na essência dos encontros humanos. “Se a história de um migrante se apaga, perdemos uma lição de coragem que o mundo precisa aprender. Ver o público chorando, sorrindo e permanecendo junto após as sessões revela o poder do encontro. A invisibilidade é a arma do apagamento e o cinema foi essa resposta luminosa”.
BATALHA VIVA – Em outra frente, a cultura hip hop se ergue como manifesto coletivo. A produção ‘Batalha Viva’, da Associação de Hip Hop e Fórum de Dança (AH2T), retrata a vivência da cultura de rua no município de Toledo.
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O documentário evidencia o protagonismo artístico de jovens da periferia, abordando a força da dança, da rima e do grafitti como ferramentas de transformação individual e coletiva. Mais do que performance, Batalha Viva debate paradigmas sociais e afirma a arte como caminho de pertencimento e empoderamento.
CULTIVANDO ARTE – Também nas ruas da cidade, o grafitti encontrou espaço para florescer. O curta-metragem ‘Cultivando Arte’ narra a trajetória do grafiteiro Isaac Souza de Jesus, pioneiro desta arte urbana em Toledo, e resgata expressões periféricas com sensibilidade e potência.
Além de contar sua própria história, o documentário mostra como o grafitti é uma forma legítima de ocupar a cidade com cor, voz e representatividade. “Esse curta deixa a mensagem de que é necessário acreditar nos nossos sonhos. O que fiz neste curta-metragem é dizer que o esforço vale a pena”, enfatiza Isaac.
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Em cada obra viabilizada pela Lei Paulo Gustavo, há mais do que imagens e sons. Há gestos de determinação, redes de afeto, registros de pertencimento e declarações de existência. No município, essas produções são também espelhos e janelas: espelhos que refletem as lutas e alegrias de quem vive e cria; janelas que se abrem para novos olhares sobre a cidade e sobre o outro.
Quando a arte encontra caminhos, ela não só emociona, ela transforma. Porque cultura, quando cultivada com propósito, não apenas documenta o tempo, ela humaniza o futuro.
Da Redação
TOLEDO