Educação parental auxilia no desenvolvimento dos filhos

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Pais não nascem prontos. Assim como os filhos crescem e aprendem com o mundo, mães e pais também estão em constante construção. A educadora parental Pollyanna Fornari reforça essa visão: educar um filho não é apenas guiá-lo, mas também um processo profundo de autoconhecimento e transformação para o adulto.
Diante dos desafios da criação, cada vez mais famílias têm buscado a educação parental como caminho para compreender melhor as necessidades emocionais e comportamentais das crianças, respeitando suas fases de desenvolvimento e a individualidade de cada um. Esse foi o tema do podcast Conversa Oeste, do Jornal do Oeste, que recebeu Pollyanna na última quinta-feira (31).
PAIS EM CONSTRUÇÃO – Uma das principais propostas da educação parental é lembrar que os adultos também estão em processo constante de aprendizado. Para Pollyanna, isso começa por reconhecer que os próprios pais foram, um dia, crianças que também não foram compreendidas ou escutadas. “A criança acende algo na gente. Muitas vezes, ela ativa gatilhos que têm a ver com a nossa própria história. Por isso, é importante que os pais se observem, se acolham e se cuidem. Senão, a gente educa no automático”, observa.
Nesse processo, o autoconhecimento torna-se essencial. Pais que se conectam com suas emoções conseguem oferecer uma presença mais genuína e equilibrada. “Quando os pais começam a olhar para suas próprias emoções, para as dores que carregam, a criação dos filhos se torna mais leve. Não é que os problemas desaparecem, mas muda a forma como a gente lida com eles.”
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EDUCAÇÃO PARENTAL – Longe de fórmulas prontas ou regras absolutas, a educação parental propõe uma nova forma de enxergar a criação dos filhos. Segundo Pollyanna, trata-se de uma abordagem baseada no respeito mútuo, que considera tanto as necessidades da criança quanto as do adulto. ”Educação parental não é receita de bolo. É uma ferramenta que nos ajuda a olhar para a criança com mais presença e individualidade. Cada criança é única e está em uma fase diferente, assim como cada pai e cada mãe”, esclarece.
Essa perspectiva não significa ausência de limites, ao contrário. Envolve firmeza e gentileza na mesma medida, equilibrando acolhimento e responsabilidade. “Criar com respeito não é deixar tudo acontecer. É colocar limites, mas de uma maneira respeitosa, sem humilhar, sem ferir. A gente quer que a criança entenda o porquê, que aprenda com aquilo, não que obedeça por medo.”
CONEXÃO – A educação parental propõe uma mudança de foco: em vez de desejar filhos obedientes a qualquer custo, a ideia é formar pessoas conscientes, empáticas e responsáveis. “Se eu não quero que meu filho me obedeça por medo, o que estou oferecendo no lugar? Eu preciso ensinar com o exemplo, com presença, com diálogo. Criança aprende muito mais com o que a gente faz do que com o que a gente fala”, pontua.
Esse tipo de conexão é construído dia após dia, com escuta ativa, empatia e paciência, inclusive quando os filhos se comportam de forma desafiadora. Pollyanna evidencia que “educar é formar um ser humano. Não é sobre ter um filho que nunca faz birra, mas que sabe que pode errar, pedir desculpas e tentar de novo”.
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BIRRAS – Durante a entrevista, Pollyanna Fornari também aborda um tema recorrente entre pais e mães: as birras das crianças. Ela explicou que esse comportamento, muitas vezes incompreendido, está diretamente ligado ao desenvolvimento do cérebro infantil. “A criança pequena não tem um filtro emocional. Ela ainda não tem o córtex pré-frontal desenvolvido, que é a parte responsável por organizar as emoções, compreender o que está acontecendo. Então, ela sente e expressa. E é isso que a gente precisa entender como pais: que ela não faz birra para manipular, mas porque ela ainda não sabe lidar com aquilo que sente”, esclarece.
Diante dessas situações, a orientação é que os adultos atuem com empatia e acolhimento. “O adulto é quem tem o cérebro maduro, então é ele que precisa fazer a regulação naquele momento”, afirma Pollyanna. Ela ressalta que o papel dos pais não é reprimir, mas ensinar a criança a reconhecer o que está sentindo e a encontrar caminhos para lidar com as emoções de forma saudável. “É importante dizer: ‘eu vejo que você está bravo, e tudo bem ficar bravo. Estou aqui com você’. Isso não significa permitir tudo, mas acolher antes de educar, porque é só quando a criança se sente segura que ela consegue aprender algo.”
USO DAS TELAS – Outro ponto de atenção destacado pela educadora parental é o uso excessivo de telas na infância. Ela alerta para os impactos que esse hábito pode ter no desenvolvimento emocional e social dos filhos. “A tela é muito sedutora. É fácil para o adulto entregar uma tela porque a criança para de chorar, para de reclamar, fica quieta. Mas a longo prazo, isso gera um preço alto: atraso na fala, dificuldade de concentração, aumento da irritabilidade e dificuldade de convivência em grupo”, afirma.
Pollyanna reforça que não se trata de ir contra a tecnologia, mas de buscar equilíbrio e presença. “O que a criança precisa é de vínculo. É isso que desenvolve o cérebro dela. Vínculo só se constrói com interação real, olho no olho, escuta, afeto. A tela, sozinha, não oferece isso”.
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IMPACTOS SOCIAIS – A parentalidade consciente tem um poder transformador que vai além do ambiente familiar. Quando pais e mães escolhem romper com padrões autoritários ou violentos, estão contribuindo para uma sociedade mais empática e equilibrada. “Os filhos que hoje são educados com respeito terão mais chance de se tornarem adultos emocionalmente saudáveis. É um trabalho que não muda só a nossa casa, muda a próxima geração”.
Para Pollyanna, não existe pai ou mãe perfeito, mas há adultos que se comprometem com o processo e se dispõem a aprender e crescer junto com seus filhos. “A gente não quer crianças perfeitas. Queremos crianças que saibam que podem errar, que têm valor, que são vistas e escutadas. E isso começa quando os pais também se permitem sentir e evoluir”, conclui.
CONVERSA OESTE – O episódio 56 do podcast Conversa Oeste, intitulado “Como a educação parental auxilia no desenvolvimento dos filhos”, já está disponível nas plataformas do YouTube, Spotify e Facebook do Jornal do Oeste. Com apresentação da jornalista Joana Magnabosco, o bate-papo tem duração de 36 minutos e pode ser acessado diretamente pelo link: https://www.youtube.com/live/akeJKcUFALA.
Da Redação
TOLEDO