Encontro Brasileiro de Manejo e Conservação de Solos e da Água inicia nesta quarta-feira

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O solo e a água são os principais patrimônios para a produção de alimentos e eles devem ser protegidos para todas as gerações. O solo é um componente vivo e, por isso, sua vida depende de cuidado. A conservação e a proteção do solo deve ser uma missão dos agricultores, que tiram dele o sustento para si, seus familiares e produzem alimentos para o Brasil e o mundo.

Algumas condições de uso causam – de certa maneira – prejuízos ao solo. O atual sistema de manejo e sucessão de culturas que se desenvolve precisa ser discutido e soluções que protejam o solo, principalmente, diante de chuvas intensas são buscadas.

Neste contexto, a Associação dos Engenheiros Agrônomo de Toledo (AEA) promove o Encontro Brasileiro de Manejo e Conservação de Solos e da Água 2023. O evento acontece nos dias 12 e 13 de abril (quarta e quinta), no Centro de Eventos Ismael Sperafico.

Segundo o presidente da AEA, o engenheiro agrônomo responsável local do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) Leodacir Zuffo, pesquisadores, técnicos, engenheiros agrônomos e produtores debatem – a partir de palestras e resultados de estudos – o atual modelo e buscam soluções para eliminar o processo erosivo. “Visando uma agricultura cada vez mais produtiva, sustentável e com baixo impacto ambiental”. O encontro acontece no auditório do Centro de Eventos Ismael Sperafico.

Com o passar dos anos, as dificuldades apareceram, entre elas, o surgimento de maquinários com alto grau tecnológico. O produtor passou a adaptar o solo a máquina provocando problemas da compactação do solo e aumento da erosão que tem se agravado nos últimos anos, principalmente pela eliminação de terraços em nível.

Outro problema está relacionado a falta de rotação de culturas, sucessões (soja no verão e milho no inverno). Exemplo disso, são os eventos extremos como as chuvas excessivas, ocorridas em outubro de 2017, na microbacia de Toledo (160 mm em 18 horas, sobre um solo já encharcado por um volume total de 240 milímetros de chuva nos dez dias antecedentes). “Isso também explica parte do crescimento da erosão na região Oeste e, consequentemente, no estado do Paraná”.

CONSERVAÇÃO – O presidente da Associação lembra que o município de Toledo e a região Oeste do Paraná foram precursores nas iniciativas de conservação de solos e águas. “As ações foram implementadas na década de 80 e depois foram incorporadas ao Programa Estadual de Manejo de Solo e Águas”, comenta o presidente da Associação.

Zuffo esclarece ainda que devido as ações, o processo erosivo nas áreas agrícolas reduziu exponencialmente e elas passaram a servir de modelo para a implementação de outras iniciativas, inclusive em nível nacional.

Ele recorda que com o advento e a adoção do sistema do Plantio Direto na Palha, passou a ser evitado o revolvimento do solo e algumas práticas implementadas foram deixadas de lado, porque o novo sistema deixava o solo menos suscetível a erosão.

“Com o passar dos anos, o cenário foi mudando – especialmente – com o uso de máquinas e de equipamentos mais pesados e de maior capacidade operacional, também com um intervalo cada vez menor entre as culturas, ficando o sistema conservacionista dado como consolidado”, afirma o presidente da Associação.

Zuffo esclarece ainda que no modelo atual existe o sistema de conservação de solos. “No entanto, ele tem se mostrado vulnerável, especialmente nas chuvas intensas que tem sido frequentes nas últimas safras e, por consequência, passou a desenvolver um processo erosivo que degrada os solos”.

PRÁTICAS – A conservação do solo é um conjunto de princípios e de técnicas agrícolas que visam o manejo correto das terras cultiváveis, evitando a erosão em todas suas formas. A região Oeste responde por 23% da produção do Paraná, a agricultura corresponde com 48% de participação com área aproximada de 1.050.270 hectares de soja no verão, e no inverno com 712.305 hectares de milho safrinha e 196.740 hectares de trigo.

O município de Toledo ocupa uma área de 119.701,6 hectares, destes 74.000,00 são utilizados para agricultura na produção de alimentos com maior importância no cultivo de soja verão 70.400 hectares e 63.500 hectares de milho safrinha no inverno.

Conforme Zuffo, para que essa área cultivada pudesse atingir uma melhor produtividade do Estado muito já foi feito na área de conservação dos solos , começando nos anos 80 com o sistema de Microbacias Hidrográficas, com a execução de práticas mecânicas e culturais de contenção de água e solo, tais como terraceamento agrícola, controle de voçorocas, adequação de estradas rurais, instalação de abastecedouros comunitários, coleta e destinação de embalagens de agrotóxico, destinação de resíduos orgânicos e plantio direto.

A mais recentemente prática de tentar manter o solo coberto, melhorar a estrutura física do solo e a infiltração da água foi com a introdução do consórcio milho safrinha com braquiária.

Dados da Embrapa, do IDR-Paraná demonstraram que áreas do Estado cultivadas há vários anos com a sucessão milho 2ª safra-soja apresentaram, em média, 20 milímetros por hora de infiltração de água. Por outro lado, áreas cultivadas com milho consorciado com braquiária resultaram em valor de infiltração 6,5 vezes maior, equivalente a 130 milímetros/hora. “Ao introduzir a braquiária no sistema produtivo, há aumento de palhada na superfície do solo e as raízes da braquiária funcionam como descompactadoras, o que melhora a infiltração de água”, pondera o presidente da Associação.

Na oportunidade, Zuffo convida produtores rurais, técnicos ligados ao agro, estudante de agronomia, Colégios Agrícolas e sociedade em geral para participar do evento. As inscrições são gratuitas e elas podem ser realizadas no site do Agroinformativo ou no local do evento. O Encontro é promovido pela Associação do Engenheiros Agrônomo de Toledo (AEA) e tem como patrocinador o Confea/Crea. O evento ainda tem o apoio: FEAPR, Crea-PR, MutuaPr, IDR-PR e Prefeitura Municipal.

Estado desenvolve programas e práticas para manter o solo conservado

O Instituto de Desenvolvimento Rural – Paraná (IDR-PR) sempre esteve preocupado em manter os solos, cada vez, mais produtivos, porém com sustentabilidade ambiental. A equipe utiliza ferramentas técnicas embasadas nos órgãos de pesquisas oficiais, programas governamentais com práticas subsidiadas aos produtores para conservação dos solos e melhoria na fertilidade.

Segundo o engenheiro agrônomo responsável local do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Leodacir Zuffo, estão listados os terraceamentos, curva de nível nas propriedades, rotação de culturas, estradas rurais integradas com as lavouras, plantio direto com qualidade, proteção de fontes, consórcio milho braquiária, entre outras.

Zuffo pondera que esses programas possuem um custo para a sociedade do Paraná e os recursos são obtidos por financiamento do Banco Mundial. “Logicamente se bem aplicados para a conservação dos solos paranaenses os retornos são de elevada importância não só para conservar nossos solos momentaneamente, mas para todas as gerações futuras, garantindo com isso produção com sustentabilidade econômica”, destaca o engenheiro agrônomo.

POLÍTICAS PÚBLICAS – Em termos de políticas públicas, a Secretaria de Agricultura do Paraná e o Instituto com as cooperativas e a sociedade civil organizada, e os produtores terão a responsabilidade de retomar e colocar em prática programas que visem a conservação de solos e da água. “Para que possam frear esta evolução da erosão que ocorre em nossa região, perdendo com isso a camada de solo mais fértil e produtiva e, por consequência, levando a contaminação dos rios”, destaca Zuffo.

Ele enfatiza outras estratégias consideradas conservacionistas para a agricultura e que integram o aumento da produtividade e a preservação ambiental, com foco na conservação do solo e da água.

Além disso, é preciso corrigir os problemas existentes e planejar melhor as ações de correção dentro de cada propriedade, município e região. “Também é necessário melhorar a qualidade do plantio direto aumentando a quantidade e a qualidade da palhada na superfície do solo”, pondera Zuffo.

Outras ações que podem colaborar são redimensionar as obras de contenção de água, realizar a rotação de culturas; melhorar a estrutura física do solo e utilizar da agricultura de precisão. “Além disso, é preciso diminuir o uso excessivo de trânsito de maquinário pesado com solos úmidos”.

A erosão

O mau manejo do solo provoca o fenômeno chamado de erosão. É um processo de desagregação, transporte e deposição de partículas da camada superficial do solo em áreas onde não estavam inicialmente. A erosão é resultado, entre outros fatores, da baixa infiltração da água no solo e do abandono de práticas mecânicas de controle da erosão. A água que escoa não pode ser aproveitada pelas plantas em períodos de seca e, ainda, carrega partículas da camada superficial do solo, ricas em nutrientes e matéria orgânica. Portanto, além do prejuízo econômico, por perdas de nutrientes, matéria orgânica e queda na produtividade dos grãos, a erosão provoca um prejuízo ambiental, porque a camada de terra escoada vai se depositar no leito dos rios causando o assoreamento. A perda dos solos, provocada pela ação da erosão constitui-se em um grande problema de sustentabilidade, haja vista que impacta as esferas econômica, social e ambiental.

Da Redação

TOLEDO

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