Escritor Vítor Beal revela histórias e curiosidades de Toledo

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Aos nove anos, Vítor Beal deixou Joaçaba junto aos seus pais, para viver em Toledo, cidade que adotou como sua de coração. Embora catarinense de nascimento, ele se reconhece como toledano, afinal, além de construir sua própria trajetória aqui, ajudou a registrar a do município. Autor de diversas obras que resgatam memórias e identidades locais, O escritor assina títulos como Tempos de Herói, Filhos da Coragem, Vítoriosos – O poder do voto, Conquistas e Marcas de Toledo, seu próximo lançamento. Em cada livro, ele reúne histórias de lugares, pessoas e acontecimentos que ajudam a compreender a Toledo que é conhecida hoje.

Vítor participou do podcast Conversa Oeste, apresentado por Joana Magnabosco, em um bate-papo repleto de histórias e curiosidades sobre o município. Filho de pioneiros, iniciou sua trajetória como pesquisador ao registrar a história do próprio pai e, somente aos 66 anos, tornou-se escritor. Desde então, apaixonou-se pela escrita histórica e segue firme nesse propósito de preservar a memória de Toledo, aos 82 anos.

Segundo Vítor, ao conversar com os pioneiros, ficou claro que nenhum deles imaginava que aquele pequeno vilarejo se transformaria em uma cidade tão próspera, com o porte e as oportunidades que oferece hoje. Em meio a uma terra tão rica em memórias, ele se dedica a resgatar e registrar histórias que muitos toledanos talvez ainda não conheçam. São relatos que ajudam a compreender a força e a identidade do município.

BANDEIRA – Quando Toledo participou pela primeira vez dos Jogos Abertos do Paraná, havia o tradicional desfile de abertura das delegações, como relembra o escritor. Vítor esteve presente como técnico da equipe de futebol de salão. Durante o desfile, percebeu que Toledo era a única cidade que não possuía uma bandeira, situação que, segundo ele, foi vergonhosa para os atletas do município. A partir disso, propôs-se às autoridades a realização de um concurso para a criação do desenho oficial, avaliado por três jurados.

Vítor venceu o concurso e recebeu o prêmio de 500 cruzeiros. Com o tempo, porém, surgiu uma confusão sobre a autoria da bandeira, e cerca de cinco décadas depois ele precisou apresentar documentos à Câmara de Vereadores para comprovar que o desenho era, de fato, seu. Hoje, ocupa o título de diretor intelectual da bandeira.

RITMISTAS – O saudoso conjunto musical Ritmistas, como explica Vítor, teve cerca de 40 anos de atuação. Além de se apresentar em Toledo, o grupo também animava bailes no interior e na região, eventos sempre muito prestigiados e que costumavam se estender até cinco ou seis horas da manhã. Naquele período, o Padre Patuí, figura muito querida pela comunidade, já havia deixado o município, e um novo sacerdote assumira seu lugar.

“Em uma determinada missa, o novo padre fez um sermão. Ele afirmou que teria que parar o conjunto, pois os fiéis não estavam indo à missa do domingo de manhã, o que virou uma polêmica tão grande na cidade. Um dos componentes do conjunto, que era escritor, fez uma carta aberta e mandou para as rádios e todos os lugares, batendo de frente com o padre, dizendo que era uma injustiça o que havia sido feito”, recorda.

SENHA DA MORTE – Antigamente, no terreno de esquina em frente à Câmara de Vereadores, onde hoje há um prédio em construção, funcionava a única marcenaria do município. O proprietário era João Bombardelli, conhecido como Gianni, versão italiana de João. Ali, ele produzia caixões sob medida, ajustados ao tamanho de cada corpo, já que, naquela época, não existiam funerárias nas redondezas.

Quando alguém falecia durante a madrugada, período em que não havia rádios, telefones ou jornais, Vítor relata que “a região era cercada por matas, então dava um eco, algum barulho que de longe se ouvia a serra circular do Bombardelli. Quando ele a ligava, o povo ficava sabendo que alguém havia falecido e só se sabia quem era, no dia seguinte. Como eu chamo, era a senha da morte”.

FOTOGRAFIAS – Vítor coleciona fotos antigas de Toledo e, para uma revista, prepara uma série de ‘antes e depois’, na qual registra imagens de outros tempos e compara, no mesmo ângulo, com a aparência atual dos locais, sempre contextualizando a história por trás de cada ponto.

Conta ele que, em uma época em que tudo ainda era de terra, em meados da década de 1950, a esquina entre a Rua Rui Barbosa e a Sete de Setembro era um tradicional ponto de encontro ao fim da tarde. O escritor relembra que “as pessoas não tinham o que fazer naquele horário. Mas, havia uma pessoa que gostava de cantar e eles pegavam um chimarrão, uma cachacinha, se sentavam em um tronco de uma árvore em dias de calor”. O que antes era um espaço simples de convivência, hoje se transformou em uma área comercial movimentada, refletindo o crescimento da cidade.

CONVERSA OESTE – Em entrevista para o podcast Conversa Oeste, Vítor Beal compartilha mais histórias e curiosidades do município, além de revelar detalhes de seus livros. O link da entrevista está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qrKVwcSJVSQ

Da Redação

TOLEDO

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