Esporte barra atleta e torcedor não vacinados em seus ginásios e estádios
Kyrie Irving, do Brooklyn Nets, principal expoente dos jogadores da liga americana de basquete que se opõem à vacinação contra a covid-19, foi afastado da franquia na terça-feira. Só volta quando se vacinar. Algumas cidades, como Nova York e São Francisco, exigem a comprovação da vacinação de pessoas para entrarem em locais fechados. Isso limitaria a participação de Irving, que já perdeu os quatro jogos da equipe na pré-temporada, em várias partidas da temporada regular.
“Não permitiremos que nenhum membro de nosso time participe com disponibilidade apenas parcial”, disse os Nets sobre a decisão. Ou seja, Irving está fora do time até que mude de ideia em relação à imunização. E quinta-feira a franquia informou que não vai oferecer uma extensão contratual ao atleta.
A NBA não obriga a vacinação de atletas, mas eles realizam testes diariamente. Estima-se que 90% dos elencos estejam completamente imunizados. A falta de vacinação também passou a afetar o bolso dos jogadores. A liga decidiu que os não vacinados ficarão sem o salário das partidas que não jogarem.
A preocupação em ficar fora das quadras fez o ala Andrew Wiggins, do Golden State Warriors, que vinha se posicionando contra a vacinação, alegando motivos pessoais e religiosos, receber a imunização contra a covid-19 na semana passada. Wiggins chegou a entrar com um recurso de exceção religiosa, mas a NBA recusou.
Não é o caso de Irving, que insiste em não se vacinar e diz que não vai deixar o basquete por causa da pressão. “Não acreditem que eu estou abandonando o jogo por questões de mandarem eu tomar a vacina ou eu não me vacinar. Você acha que eu realmente quero desistir do meu trabalho?”, comentou nas redes sociais.
O médico Ricardo Galotti, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, e ex-chefe do Departamento Médico do Santos, destacou que a vacinação geral traz segurança coletiva. “Vale a pena explicar para os atletas a importância de todos se vacinarem. Temos comprovação de que as vacinas são seguras.”
Em agosto, o surfista Gabriel Medina quase se prejudicou na briga pelo título do Mundial de Surfe. Ele não pôde disputar a etapa de Teahupoo, na Polinésia Francesa, porque não havia se vacinado contra a covid-19 e precisava cumprir quarentena de dez dias. Apesar de não ter participado da etapa, Medina esteve presente nas seguintes e conquistou o título em setembro. Ao Estadão, ele disse que seguiu os protocolos de saúde e afirmou que não se vacinou à época pela agenda cheia.
“A gente estava sempre numa bolha na praia e no hotel. A WSL fez um ótimo trabalho, mas agora tenho tempo para fazer as minhas coisas. Quando eu não estava nas viagens, estava treinando e já tinha outra viagem na sequência, então não queria atrapalhar isso. E estava sempre seguindo os protocolos. Agora tenho tempo de fazer tudo com calma”, disse.
No Brasil, os estádios voltaram a receber público neste mês, respeitando o protocolo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que exige que os torcedores tenham tomado as duas doses da vacina (Coronavac, Pfizer ou AstraZeneca) ou a dose única da Jansen. Quem recebeu apenas a primeira dose precisa ter teste PCR negativo (realizado com 48h de antecedência) ou do tipo antígeno (feito 24h antes da partida).
Para os atletas, a CBF não exige que estejam com a vacinação completa e mantém o procedimento de testagem regular. Há clubes que testam três vezes por semana. “O torcedor ficou tanto tempo sem ir ao estádio e pode ser que ele faça o que for preciso para ver o time de perto. Eu não soube de pessoas dentro do futebol brasileiro recusando a vacina”, avalia Galotti.