“Eu decidi viver! Superei o tratamento e estou curada”

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O sorriso no rosto e o brilho no olhar representam o sentimento de gratidão e superação de quem venceu a luta contra o câncer. Na manhã da última quarta-feira (20), a psicóloga, Larissa Ribeiro, ‘bateu’ o sino no Hospital de Cascavel Uopeccan, um ato simbólico e cheio de representatividade, porque ele anuncia o encerramento vitorioso do tratamento. Emocionada, Larissa comemora a conclusão desta jornada desafiadora ao lado da filha Joana, seu esposo Márcio, familiares, amigos e profissionais.

A jornada de Larissa começou antes de receber o seu diagnóstico; iniciou quando ela era ainda uma bebê. Naquela época, quem recebeu essa informação do médico foi sua mãe. Uma mulher guerreira que encontrou forças para superar essa doença e sempre manteve a convicção da cura, porque ela com o seu esposo e sua família seriam os responsáveis pela educação de Larissa.

“A minha mãe não pôde me amamentar. Morávamos em Santo Ângelo (RS) e o hospital referência para o tratamento contra o câncer de mama estava localizado em Porto Alegre. A mãe ficou longe do meu pai, dos meus irmãos e de mim. Quando eu completei um ano, ela me viu pela janela do hospital”, conta Larissa ao revelar que foi amamentada por uma ama de leite. “Uma senhora que também tinha um bebê e trabalhava para a família. As histórias contadas destacam o quão forte a minha mãe foi”.

Após quase duas décadas, quando Larissa ingressou na faculdade, sua mãe foi diagnosticada com um novo câncer. “Ela passou pelo tratamento e venceu. Minha mãe retirou as duas mamas. Então, o câncer é uma enfermidade em que sempre esteve presente em nossa família. Algo que precisávamos ter o cuidado e manter a prevenção desta doença”, menciona Larissa.

 

DISCIPLINA – O cuidado citado por Larissa tornou-se uma ação com disciplina para ela. “Sempre mantive a rotina da consulta médica e dos exames. Em determinada fase da vida, as consultas eram anuais. Após o nascimento da minha filha Joana, os exames passaram para a cada seis meses”.

O histórico de sua mãe sempre foi latente e preocupante na vida de Larissa. Além disso, em 2019, a família se uniu para enfrentar mais uma vez essa doença. Naquele momento quem precisou ser forte e guerreira foi a sua irmã. “Eu fiq   uei preocupada com a situação e decidi conversar com a minha ginecologista. Decidimos também dialogar com um oncologista”.

Em dezembro de 2020, a ginecologista de Larissa – durante uma visita de rotina – observou que havia algo diferente na mama dela. O ultrassom mostrou uma calcificação e a presença de algo dentro dele. E, a primeira notícia foi repassada para a Larissa: “Precisaremos fazer uma biopsia para fechar o diagnóstico”, recorda a psicóloga ao salientar que ao fazer cada check up médico era algo que a angustiava, pois não sabia como seria o futuro.

Larissa ainda lembra que ao sair do consultório antes mesmo de fazer a biópsia o sentimento era de preocupação. Na sequência, a negação e, então passou a acreditar que não seria nada e tudo daria certo. A biópsia foi realizada no dia 20 de dezembro do ano passado. “Passamos o Natal com a minha família no Rio Grande do Sul. Aproveitei o momento e expliquei a situação da minha saúde. Retornamos para Toledo e no dia 29 o resultado que mudaria a minha vida. A biópsia mostrou a presença de um carcinoma. O médico disse que era necessário fazer cirurgia. Foi um momento desesperador; muitas lágrimas. Naquele momento, eu vivi o sentimento da minha mãe: a minha preocupação era me curar e seguir acompanhando o crescimento da minha filha. Eu sabia que ela dependia de mim”.

Após o diagnóstico, dias difíceis foram vividos pela família. “O desespero existiu; dias de choros; dias em que me escondia para chorar. Logo, veio a força. A garra em querer enfrentar o tratamento e superar a doença”.

Larissa teve o diagnóstico ao câncer de mama em um ano de pandemia. O isolamento era preciso e, então o conforto e a energia dos familiares, amigos e profissionais vieram por mensagens de textos, imagens ou videochamadas. “Me senti acolhida pelas pessoas e o atendimento médico foi muito humanizado. Os profissionais conduziram o meu processo com tranquilidade e conforto para mim. E, eu tinha a certeza que 2021 seria o ano da minha cura”.

 

SUPERAÇÃO – Larissa sempre acreditou na cura. Ela seguiu cada orientação médica e assim aconteceu. Porém, a psicóloga não imaginava que precisaria superar o câncer e os medos. O primeiro: a pandemia. “Tinha receio em ir ao hospital e ser contaminada com o coronavírus”.

O segundo medo foi vencer a ressonância. “É difícil ficar em lugares fechados ou apertados para mim. A minha síndrome estava controlada até então, mas quando se está emocionalmente abalada tudo retorna. Eu imaginava que fazer esse exame seria ruim, porém ele foi pior. Tentei me controlar e consegui fazer duas leituras. Antes de começar a terceira, eu solicitei a saída. Uma das técnicas conversou comigo, porque eu ainda precisava fazer o contraste. Pedi para chamar o meu esposo Márcio, mas ele não estava autorizado a entrar na sala. A técnica pediu para manter a calma, conversou comigo e me ofereceu a sua mão. O exame foi finalizado com lágrimas e eu segurando a mão da técnica”.

O terceiro medo não foi fazer a cirurgia e retirar a mama, e sim, a radioterapia. “Antes de chegar no Hospital já estava preocupada. Quando me deparei com uma porta gigante e blindada, a agonia veio. Tinha medo de ficar trancada. As primeiras sessões foram difíceis para mim. A radioterapia é tranquila e rápida, a paciente não sente nada. São em média dois minutos. Levei um tempo para retomar o meu equilíbrio, mas com o auxílio de cada profissional, da família e de amigos consegui. Eu me senti bem, segura e acolhida”.

Larissa também lidou com o fato de ficar em casa, pois em um momento de pandemia essa era a melhor decisão para resguardar a sua saúde. Além disso, a cirurgia trouxe à sua vida vários ‘não podia’. “Para manter a mente ocupada, voltei a pintar os meus livros; fiz artesanato em costura e quando foi possível a minha alegria foi maior: comecei a fazer cookies. A princípio para a família, mas aos poucos as pessoas provaram e todas queriam o Cookies da Dinda”, relata.

 

GRATIDÃO – Receber o diagnóstico, definir o tratamento e fazer cirurgia foram situações, inicialmente, doloridas para Larissa e sua família. No entanto, ela destaca que sempre foi uma mulher segura em cada escolha. “Por mais que a dor emocional existisse, mantive a lucidez e fui sensata nas escolhas. A decisão era a vida; era viver. Se a minha segurança fosse retirar toda mama; eu faria e assim aconteceu. Decisão semelhante para a quimioterapia e a radioterapia”.

Os últimos dias da radioterapia despertaram sensações diferentes em Larissa. “Eu sabia que estava na reta final do tratamento e sempre desejei a cura. Estava feliz e também saberia que sentiria saudades das pessoas. A radioterapia está encerrada e eu curada. A rotina é fazer o exame de controle e tomar a medicação por dez anos. A minha saúde é como de qualquer pessoa”.

Hoje a palavra da vida de Larissa é gratidão. “Gratidão por receber o diagnóstico na fase inicial da doença; pela oportunidade em receber o tratamento adequado; pelo cuidado dos profissionais e por tanto carinho que recebi da minha família e dos meus amigos mesmo que a distância”.

Com todas as vivências deste ano, Larissa acredita que o check up de rotina trouxe mais vida para ela. “É fundamental manter os exames em dia. Em caso de dúvida buscar por um profissional. A batalha não é fácil, porém é possível viver esse combate e vencê-lo. Também tenho a experiência em ser grata a Deus; nada é em vão; é preciso manter a fé”.

A prioridade de Larissa sempre foi sua saúde. Com a notícia da cura, ela se prepara para reconstruir a sua mama. “Eu sei que é um processo grande, mas estou tranquila, porque serei acompanhada por uma equipe qualificada. Sempre desejei e lutei ter um futuro melhor. Hoje, eu quero viver o meu presente; viver ao lado das pessoas que amo, porque realmente não sabemos o nosso amanhã. O futuro pertence a Deus!”, finaliza a psicóloga Larissa Ribeiro.

 

Da Redação

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