Frio e chuva: população em situação de rua precisa concordar com as regras dos acolhimentos noturnos

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As baixas temperaturas potencializam as necessidades de quem não tem um lar. Enquanto muitos têm uma casa com uma cama quentinha para passar as noites frias, outros ficam nas ruas. A maioria desse público vive essas condições por opção própria. Em Toledo, quem precisa de um local para estar protegido do frio pode ser acolhido no Albergue Noturno Allan Kardec ou no Ginásio Aldanir Angelo Rossoni (antigo CCR) – alojamento provisório, contudo, é preciso concordar com as regras de cada local.

O diretor o Albergue, Ademir Francisco Bebber, pontua que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, no inverno não ocorre o aumento de procura pelo acolhimento noturno. “Muitos que iriam se aventurar deixam de fazer isso no frio, isso justifica porque não temos uma procura elevada. Essa procura acontece mediante as necessidades de quem vive nas ruas, pois com o frio aumentam as dificuldades e eles acabam procurando abrigo quando enfrentam situações mais agravadas como um problema de saúde, a falta de local nas ruas que possam trazer algum tipo de proteção no frio”.

Conforme Bebber, a população de rua, em sua maioria escolheu essa condição de vida. Ele pontua que a falta de motivação é um dos principais fatores que fazem com essas pessoas permaneçam nas ruas, atrelada aos vícios e o fato de não quererem seguir as regras dos locais de acolhimento.

“Todos os espaços de possuem suas regras. Nem todas as pessoas aceitam seguir esses protocolos e isso também faz com que elas não queiram ficar no alojamento noturno. Nós estamos de portas abertas para acolher, independente se é um andarilho ou alguém que está na cidade procurando emprego, ou que está empregado mais ainda não conseguiu um local para morar. São diversas situações e histórias de vida”, aponta o diretor.

RETORNO DOS ACOLHIMENTOS NOTURNOS – Em fevereiro deste ano, o Albergue Noturno Allan Kardec retomou os atendimentos. A estrutura passou por diversas reformas que permitem melhor atender o público acolhido. O acolhimento acontece por ordem de chegada. A pessoa tem um local adequado para tomar banho, recebe jantar, espaço para dormir, café da manhã e almoço. No momento, a estrutura não conta com toda a equipe necessária para o preparo das refeições, por isso, o almoço ofertado é uma marmita para cada acolhido que solicitar.

REGRAS E PROTOCOLOS DE SEGURANÇA – As normas do Albergue não diferem das de outro ambiente social. “A única regra é que a pessoa não esteja embriagada ou sob o efeito de entorpecentes. Passamos a acolher a partir das 18 horas. Se a pessoa estava trabalhando e chegar no Albergue às 22 horas, por exemplo, ela será acolhida”, cita o diretor ao mencionar que os acolhidos são tratados como todos os que estão um restaurante ou hotel, a única diferença é que há hora pré-fixada para as refeições.

Medidas de segurança e todos os protocolos de combate a Covid-19 são devidamente aplicados pela equipe. Atualmente, a capacidade total do Albergue é de 28 pessoas. Contudo, devido a pandemia, o acolhimento acontece apenas em 50%, ou seja, 14 atendidos por dia. Bebber cita que a média diária é de oito a dez acolhidos.

AMPLIAÇÃO DO ESPAÇO – “No momento, não temos espaço físico para convivência, afim de que as pessoas permaneçam no Albergue durante o dia, ou seja, ao amanhecer, todos precisam sair do Albergue e retornar somente a tarde, mesmo aos domingos. Queremos mudar isso, o objetivo é ampliarmos para que em dias frios, por exemplo, elas tenham um espaço adequado para ficarem”, acrescentar ao mencionar que no prazo de dois ou três meses devem ser iniciadas as obras de ampliação com recursos próprios da entidade.

Segundo diretor, a ideia é ampliar o local para que a pessoa acolhida tenha a oportunidade de recomeçar a vida. O projeto prevê a construção de um auditório, área para televisão, biblioteca, laboratório e setor administrativo, para a realização de palestras, oficinas, meios de capacitação.

“Quem escolhe morar na rua precisa de uma motivação para sair dessa vida. Para a maioria dessas pessoas não faz diferença morrer hoje ou amanhã, pois falta motivação para viver. Temos observado que as políticas públicas, isso geralmente ocorre em todo o mundo, dão o conforto sem exigir ou propor que a pessoa busque sair dessa condição em que encontram, que elas busquem mudar de vida e é essa mudança que tentamos propor”, conclui ao reforçar que o Albergue está de portas abertas para o acolhimento de quem necessitar.

Da Redação

TOLEDO