La Niña: agricultura sofre os impactos do fenômeno

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A falta de chuva em algumas regiões do país e o excesso em outras localidades são resultados do fenômeno chamado La Niña. Ele é exatamente o oposto do El Niño e é responsável por invernos rigorosos e grandes secas em todo o mundo e será sentido por vários meses.

O El Niño é um fenômeno climático de escala global. Caracteriza-se pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, predominantemente na sua faixa equatorial. Ocorre em intervalos médios de quatro anos. Esse aquecimento é geralmente observado no mês de dezembro, próximo ao Natal, por isso recebeu o nome de El Niño, em referência ao ‘Niño Jesus’ (Menino Jesus), que foi dado por pescadores peruanos.

“O La Niña é justamente o contrário. Enquanto o El Niño é o aquecimento da água do Oceano Pacífico, o La Niña é o resfriamento da superfície do água do Oceano Pacífico, próximo à costa da América”, comenta o professor de Agrometeorologia da PUC, campus Toledo, Alexandre Luis Müller.

Ele explica que com o resfriamento das água do Oceano Pacífico, provocado pelo La Niña, diminui a evaporação de água, consequentemente, diminui a formação de nuvens próximo a América do Sul. “Isso impacta em menor chuva na região Sul e aumenta o volume de chuva na região Nordeste no país. Com o El Niño o aquecimento da água do oceano pacífico provoca maior evaporação de água e, consequentemente, mais chuva para a parte Sul do Brasil e menos chuva para o Nordeste do país”, acrescenta.

IMPACTOS – Os efeitos do La Niña e do El Niño, que vão de secas a inundações, de fortes chuvas a furacões, sempre dependem da área de oscilação. Podem produzir secas na América Latina, fortes nevascas no norte dos Estados Unidos ou secas na Austrália ou nas ilhas do Pacífico. Contudo, nenhum evento La Niña é igual ao outro.

Na América Latina, o La Niña geralmente se manifesta de duas formas totalmente diferentes com chuvas fortes e abundantes, aumento do fluxo do rio e inundações subsequentes na Colômbia, Equador e norte do Brasil; e seca no Peru, Bolívia, sul do Brasil, Argentina e Chile.

Para a agricultura o impacto do efeito é grande. “É uma condição de verão mais seco e com menos presença de chuva. O inverno de maneira geral acaba sendo mais severo dependendo da situação”, cita ao esclarecer que com fenômeno El Niño há uma presença de maior de chuva. “É uma condição melhor para a agricultura. Por isso que quando o agricultor ouve falar em La Niña ele se preocupa porque compreende que isso vai impactar negativamente em termo de regime de chuvas”, complementa.

PROGNÓSTICO – Müller enfatiza ainda que a estiagem que ocorre na região Sul do Brasil desde o ano passado já é uma resposta do La Niña. “Essa condição vem desde o ano passado e as previsão têm se mostrado que há uma tendência de que permaneça até setembro deste ano. Isso não significa que de setembro para frente vá ocorrer uma mudança. Os modelos de setembro para frente já perdem muito a confiabilidade na estimativa; não se pode dizer que o fenômeno La Niña vai acabar em setembro ou se simplesmente vai permanecer, isso ainda é incerto”, conclui o professor.

Da Redação

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