Leão XIV: cardeal norte-americano é eleito novo papa

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O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi apresentado, na última quinta-feira (8), ao mundo como o 267º papa da Igreja Católica. O anúncio foi realizado diretamente da sacada central da Basílica de São Pedro, no Vaticano. O novo pontífice escolheu o novo Leão XIV e sucede o papa Francisco que faleceu no dia 21 de abril deste ano.

O anúncio de Robert Francis Prevost aconteceu pouco mais de uma hora depois que fumaça branca surgiu, no início da tarde de quinta-feira (8), da chaminé instalada sobre a Capela Sistina, sinalizando que os 133 cardeais reunidos haviam chegado a um consenso.

Natural de Chicago, nos Estados Unidos, Robert Francis Prevost, de 69 anos torna-se o primeiro pontífice dos Estados Unidos na história. Segundo a imprensa internacional, a eleição representa uma quebra de paradigma na tradição católica. A Igreja historicamente evitava eleger papas americanos devido às possíveis implicações políticas que tal escolha poderia acarretar, considerando o peso geopolítico dos Estados Unidos no cenário mundial.

Prevost atuava como prefeito do Dicastério para os Bispos. Conhecido como ‘pastor de duas pátrias’ por sua trajetória que abrange tanto os Estados Unidos quanto o Peru, Prevost construiu uma carreira marcada pela experiência internacional. Sua atuação missionária no Peru durante a década de 1980 proporcionou fluência em espanhol e conhecimento profundo sobre a realidade da Igreja Católica na América Latina.

Ele participava ativamente do processo de nomeação de bispos em diversas partes do mundo, o que lhe conferiu amplo conhecimento sobre a estrutura eclesiástica global e demonstrou sua capacidade de liderança institucional.

Sua formação na ordem dos agostinianos traz uma dimensão contemplativa e missionária à sua trajetória, características valorizadas no perfil de um pontífice.

Analistas apontam que o novo papa representa uma vertente mais progressista do catolicismo americano, com maior alinhamento aos movimentos carismáticos e sensibilidade a temas como imigração e justiça social.

Em declaração ao site do Vaticano antes de sua eleição, Prevost expressou sua visão sobre o papel dos bispos: “O bispo é chamado autenticamente para ser humilde, para estar perto das pessoas que ele serve, para caminhar com elas, para sofrer com elas e procurar formas de que ele possa viver melhor a mensagem do Evangelho no meio de sua gente”.

Após a morte de Francisco, Prevost disse que ainda havia “muito a fazer” na transformação da Igreja. “Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás”, disse ele, no mês passado, ao Vatican News.

MENSAGEM DE PAZ – Após a sua apresentação na sacada central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, o papa Leão XIV fez seu discurso inaugural. Emocionado, ele falou de paz e agradeceu seu antecessor, o papa Francisco.

“Gostaria de agradecer os co-irmãos cardeais que me escolheram para caminhar junto convosco como Igreja unida, buscando a paz e buscando trabalhar como homens e mulheres fieis a Jesus Cristo para proclamar o Evangelho”.

O papa Leão XIV faz parte da ordem de Santo Agostinho. Em seu primeiro discurso ele reforçou que “estamos juntos como Igreja comissionária, com diálogo, sempre aberta a receber de braços abertos todos aqueles que precisam da nossa caridade, diálogo e de amor. A todos irmãos e irmãos de Roma, Itália e do mundo inteiro queremos ser uma Igreja que caminha e busca sempre a paz, busca sempre a caridade e estar próxima especialmente daqueles que sofrem”.

EXPECTATIVAS – O bispo diocesano de Toledo, Dom João Carlos Seneme, recebeu na tarde de quinta-feira (8), profissionais de imprensa para falar sobre a escolha do novo papa e quais as expectativas dos fieis sobre o novo líder mundial católico. “Fiquei muito contente com a eleição do novo papa. O Espírito Santo iluminou bem a escolha para que ele possa dar continuidade ao trabalho feito pelo papa Francisco, mas agora de um jeito diferente e ele tem essa dinâmica de uma pessoa com experiência”.

Dom Seneme lembra que o papa Leão XIV já trabalhou no Peru como missionário por muito tempo, além de ter uma longa trajetória como religioso, missionário e administrador da Igreja. “Todo esse conhecimento é importante para que ele possa ajudar então a ter esse jeito universal de ver a igreja que nós vimos nesse Conclave, com a participação de pessoas do mundo inteiro. Essa abertura que o papa Francisco fez e que temos a esperança dele fazer esse papel de unir pontes. É alguém que sabe dialogar e que continue principalmente para essa abertura da Igreja para a sinodalidade”.

Dom João Carlos Seneme falou da expectativa da Igreja e dos fiéis católicos em relação ano novo papa eleito na quinta-feira (8). “Eu tenho uma expectativa muito positiva de alguém que vai dar continuidade ao trabalho, de uma Igreja que possa conversar com a sociedade sem perder a sua identidade. Quando foi anunciado no nome dele vimos que é uma pessoa com muita experiência de vida, conhece bem a América Latina, os Estados Unidos então é uma pessoa que está aberta a esse diálogo muito grande”, complementa.

O bispo pontua que ele espera que o papa Leão XIV não faça grandes mudanças na Igreja Católica, justamente pelo seu discurso que reforçou que a Igreja é para todos. “Ele acentuou bastante essa dinâmica de uma Igreja aberta, que é justamente a característica da Igreja Católica, aberta para todos. Por isso, eu não acredito que mudanças muito radicais. Creio que ele vai primeiro entender esse momento, poder dialogar para que possa devagar se atualizar das discussões ocorridas nas assembleias anteriormente. É uma Igreja com grandes desafios econômicos, pastorais e ele vai, certamente, com a habilidade que tem, conversar com todos nesse sentido”.

O bispo diocesano de Toledo acredita que o papa Leão XIV irá seguir o legado do seu antecessor papa Francisco. “Ele tem a marca da igreja latino-americana, que é a marca que o papa Francisco levou para Roma, um jeito mais despojado de se relacionar com as pessoas, um linguagem que todos entendem e eu acredito que o novo papa também vai trilhar esse caminho”.

“Depois da aceitação, o eleito, que já recebeu a ordenação episcopal, é imediatamente Bispo da Igreja Romana, verdadeiro Papa e Chefe do Colégio. Ele adquire, de fato, o poder pleno e supremo sobre a Igreja universal, e pode exercê-lo” (Universi Dominici gregis, n. 88). Por isso, a partir do momento da proclamação do Romano Pontífice eleito, a Igreja, nas celebrações litúrgicas, recordará o Papa da maneira habitual”, cita D. João.

 Com informações da Agência Brasil*

*Da Redação

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