Proteger e investir as finanças requer conhecimento de mercado financeiro

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O Brasil atravessa um momento histórico com o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) em patamares elevados, o que afeta diretamente a vida financeira de todos os brasileiros. Em 2025, a taxa básica de juros do país pode chegar a 15%, o maior nível em anos. A principal função da Selic é controlar a inflação, mas seu impacto vai além. Ela influencia os investimentos, o crédito e até mesmo a aposentadoria. Diante desse cenário, a recomendação é diversificar os investimentos e planejar-se financeiramente a curto, médio e longo prazo.

INFLAÇÃO – Políticas internas, como as monetárias e fiscais, além de fatores externos, como a variação do dólar, guerras bélicas e comerciais em andamento, influenciam a inflação do país e refletem diretamente nos preços de produtos e serviços. O superintendente da Cresol, Cleiton Staats, esclarece que “para controlar a inflação, o Banco Central usa a Selic para encarecer o crédito e reduzir o consumo. Isso ajuda a estabilizar os preços, mas o impacto dessa medida pode ser sentido a longo prazo”.

EMPRÉSTIMOS – Com a Selic em alta, o crédito fica mais caro para quem pretende realizar empréstimos. Essa é uma estratégia do Banco Central para desestimular o consumo. Staats orienta que “para quem está endividado, tomar crédito pode fazer sentido, desde que a taxa de juros seja mais baixa do que o custo da dívida atual. Porém, se o objetivo for consumir ou realizar sonhos, pode ser uma boa ideia guardar o dinheiro e adiar a compra. Essa atitude permitirá juntar uma quantia maior com rentabilidade e, talvez, comprar o que deseja sem precisar de crédito”.

PLANEJAMENTO FINANCEIRO – “Quanto mais cedo começar a planejar as finanças, mais fácil será alcançar a estabilidade financeira”, afirma o superintendente. Diferente de países desenvolvidos, muitos brasileiros ainda não possuem o hábito de planejar suas finanças. “O importante é reservar uma parte da renda, de 10 a 20% para investimentos de médio e longo prazo. Mesmo quem está com dificuldades financeiras, deve tentar reservar uma parte para o futuro”.

DIVERSIFICAÇÃO DE INVESTIMENTOS – Concentrar todos os recursos em um único tipo de aplicação é um risco a ser evitado. Há diversas formas de investir que asseguram um planejamento equilibrado ao longo do tempo. “Os produtos financeiros variam de acordo com os indicadores econômicos, então é importante ter diferentes opções no portfólio”, orienta Cleiton.

Para a reserva de emergência, as opções costumam ter menor rentabilidade, mas oferecem liquidez. Já para objetivos de médio prazo, o ideal são investimentos mais rentáveis e com prazos de aplicação mais longos. A previdência privada, por sua vez, surge como alternativa diante da insegurança e imprevisibilidade da aposentadoria pública em comparação de como foi no passado.

RESERVA DE EMERGÊNCIA – Quem não planeja uma reserva de emergência corre o risco de precisar recorrer à previdência privada antes da hora. “Ela é crucial, pois, se algo inesperado ocorrer, você pode contar com esse fundo, sem precisar mexer no planejamento de longo prazo”, aconselha Staats. Ele ainda reforça que “a reserva garante segurança financeira, especialmente para o provedor da família. Caso perca o emprego ou ocorra algum imprevisto, será este fundo de emergência utilizado para cobrir as necessidades, até que a situação se resolva”.

INVESTIMENTOS – Existem perfis de investidores mais conservadores e outros mais ousados. “Para quem tem menos propensão ao risco, a melhor opção são os produtos de renda fixa, geralmente são atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou à Selic. Hoje, uma boa renda fixa pode render até 15% ao ano, o que é uma excelente rentabilidade, especialmente ao considerar uma inflação projetada de 6%”, aponta o superintendente.

Já os investidores mais arrojados podem optar pela bolsa de valores ou criptomoedas, por exemplo. “É importante lembrar que essas opções envolvem riscos elevados, podendo resultar tanto em grandes lucros, quanto em perdas significativas”, observa. Colocar todo o capital em investimentos arriscados pode comprometer o futuro financeiro.

Staats reforça a importância da diversificação. “Você deve separar uma parte que vai te garantir uma estabilidade mínima e, o restante, especular. Especular significa investir em produtos de alta rentabilidade, por consequência, de alto risco”. Encontrar o equilíbrio ideal exige análise, pois ganhos elevados sempre envolvem riscos. A recomendação é manter parte do patrimônio em produtos que ofereçam estabilidade e segurança.

PREVIDÊNCIA PRIVADA – As incertezas que rondam a aposentadoria social colocam em xeque sua sustentabilidade. Criado em um tempo em que a expectativa de vida era de cerca de 50 anos, o sistema enfrenta o desafio de se manter viável agora que a média de vida está próxima dos 80 anos. “Isso significa mais 30 anos de aposentadoria, o que torna a sustentabilidade do negócio mais difícil. A aposentadoria oficial vem sendo restringida ao longo dos anos. Por isso, é essencial que cada pessoa planeje sua aposentadoria privada, para garantir um futuro mais tranquilo financeiramente”, afirma o Staats.

Ele recomenda que a análise seja feita com seriedade e sem esperar a velhice para começar a investir. “Não dá para esperar até os 60 ou 65 anos para começar a pensar na aposentadoria. O que estamos economizando hoje é o que garantirá tranquilidade lá na frente.”

Segundo Staats, há diferentes modalidades de previdência. “Se o objetivo é acumular uma poupança para resgatar tudo de uma vez na aposentadoria, o produto será um. Mas, se a meta for aplicar um valor mensal por um período determinado e assim garantir uma renda vitalícia, será outro tipo de produto”.

JOVENS – Nem todos os jovens pensam no futuro como deveriam. Alguns optam por tirar períodos sabáticos ou realizar viagens sem se preocupar em formar uma reserva para a velhice. “Do ponto de vista financeiro, isso envolve grande risco. Ao pensar no futuro, não dá para simplesmente tirar uma pausa no meio. Não dá para tirar cinco anos e depois voltar a pensar no futuro. O planejamento financeiro é desafiador, pois ele exige disciplina e fidelidade aos seus objetivos de longo prazo.”

Para os jovens que estão começando a investir, Staats reforça o equilíbrio entre produtos de risco e de segurança. Quem começa a poupar cedo tende a ter um esforço financeiro menor ao longo da vida. “A pessoa que guarda dinheiro dos 20 aos 65 anos terá um esforço menor, se comparado àquele que iniciou aos 40 anos”.

COOPERATIVAS – Em um cenário econômico desafiador e dinâmico, as cooperativas de crédito se destacam como alternativas sólidas e acessíveis para o planejamento financeiro e a construção de um futuro mais seguro. Diferentemente dos grandes bancos, operam com base no princípio da cooperação, devolvendo parte dos resultados aos cooperados e oferecendo produtos com condições mais justas.

Além de estimular o hábito de poupar e investir com consciência, as cooperativas fomentam o desenvolvimento local, ao fortalecer comunidades. Participar de uma cooperativa de crédito é, portanto, mais do que uma escolha financeira: é uma decisão que une segurança, autonomia e impacto coletivo.

Da Redação

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