Natal: época de reconciliação e perdão

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O período que antecede o Natal, para muitos, pode representar um recomeço. É um momento que pode incentivar as boas ações, o espírito solidário, a iniciativa da reconciliação, o prover a união e colocar em prática o perdão.

A psicóloga, Thamirys Sayami Almeida Amano, explica que o período de Natal é de múltiplos gatilhos emocionais, inclusive de sentimentos antagônicos. “É comum muitas pessoas relatarem que se sentem felizes, ao mesmo tempo que se sentem tristes, que sentem uma paz e ao mesmo tempo sentem uma angústia. São tantas sensações e emoções que para muitos é difícil explicar”.

A profissional comenta que os sentimentos, as emoções são inerentes, são inatos à vida humana. “A partir do momento que nós nascemos, nós já estamos sentindo. E muitos estudos comprovam que as emoções da mãe acabam influenciando no bebê ainda no ventre. Então, o ser humano já nasce sentindo. Esse é um ponto. Porém, o que gera, o que evoca essas emoções, esses sentimentos é moldado a partir da nossa interação com o nosso contexto de vida”.

É a partir da interação de cada um com a sociedade, com a família, que irão refletir em cada data comemorativa e, especialmente, no Natal. Visto que cada um recebe essas referências de amor, de perdão de diversas formas – sendo elas diretas ou indiretas.

“Em novembro, início de dezembro já é muito comum diversas pessoas relatarem que já começam a perceber essas emoções surgindo. Além disso, o Natal remete muito a família, a união. Isso é uma questão cultural. Vamos aprendendo que o Natal é amor, mas que ele é materializado de diversas formas e uma delas é com essa união, com a partilha, partilhando, estando com as pessoas que a gente ama. Enfim, é realmente materializado nestes momentos afetivos”, destaca.

ASPECTO EMOCIONAL – Outro ponto que influência o período natalino é a época do ano. Segundo Thamirys, por se tratar do fim do ano, um período de encerramento de ciclo, acaba remetendo as reflexões, desejos de mudanças.

“O Natal acontece no final do ano, ou seja, em um período que nós estamos encerrando o ciclo. O encerramento de ciclo por si só, ele já é muito potente para gerar muitas reflexões. Nós acabamos refletindo muito sobre o ano que se passou, sobre os nossos arrependimentos, sobre as coisas que nós nos orgulhamos, sobre o que é valoroso para gente, o que foi valoroso e o que nós queremos manter para o próximo ano, sobre o que era valoroso, mas que nós não conseguimos manter um compromisso e também sobre as coisas que nós nos arrependemos”, cita.

Em relação ao aspecto emocional, a psicóloga comenta que o ser humano tem necessidades básicas como o pertencimento e o reconhecimento. Ela destaca que essas duas necessidades só são possíveis a partir do outro. “Nós nascemos em um contexto social, em um contexto cultural. Nós nascemos precisando das outras pessoas e, consequentemente, muitas das nossas emoções, muitos dos nossos sentimentos e, até mesmo muitas vezes, o sentido da nossa vida é encontrado nas outras pessoas”.

MOMENTO DE PERDÃO – Thamirys salienta que a questão do amor acaba estando ligada também ao perdão. “O momento deixa o sentimento de reconciliação mais aflorada, como se ficasse mais fácil tentar uma reaproximação nesta época do ano. Mas como dar o primeiro passo para a reconciliação? Primeiro, a pessoa precisa parar e refletir e identificar o que é importante para si e qual dor faz sentido ela estar assumindo. Porque é preciso ter clareza do significado que as pessoas têm em nossa vida. Já na questão das mágoas, das brigas, dos conflitos, muitas vezes, nós assumimos a dor de se afastar da outra pessoa para assumir o alívio imediato de sentir que eu estou saindo por cima, de eu de sentir que eu estou na razão, que eu estou certo, contudo, o afastamento não soluciona o conflito, e aí, é primordial ter a clareza do significado daquela pessoa em nossa vida e buscar as medidas para a reconciliação”.

A profissional aponta que um dos maiores desafios para a reconciliação não é lidar com o outro, é lidar consigo mesmo. “É você buscar agir em função do quanto aquela pessoa é importante para você, enquanto os seus sentimentos e as suas emoções, os seus pensamentos estão falando para você caminhar na direção oposta. Por isso que é tão importante essa autoconsciência para ter esse direcionamento. A reconciliação pode ocorrer em qualquer tempo, contudo, o período natalino carrega essa força: de fazer o bem”, conclui.

Da Redação

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