Nova tecnologia melhora tratamento do glaucoma

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O glaucoma, segunda maior causa de perda da visão, afeta no mundo mais de 70 milhões de pessoas e deve atingir 110 milhões em 2040 conforme previsão da OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil, a estimativa da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) é de que 2,5 milhões de pessoas tenham a doença que pode acometer crianças e jovens, mas é mais comum a partir dos 40 anos. Por isso, a partir dessa idade todos nós devemos ter acompanhamento oftalmológico anual para prevenir a perda irreparável da visão,

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, danos às células nervosas são irrecuperáveis.  O glaucoma, explica, é uma doença complexa e crônica que danifica o nervo óptico, responsável por enviar ao cérebro as informações visuais captadas pelo olho. Independente do tipo, a doença causa escavação, atrofia ou hemorragia na borda do nervo óptico e afinamento da camada de fibras nervosas. O principal sintoma é a perda do campo visual, ou seja, da visão lateral que no início passa despercebida pela maioria das pessoas. Por isso, 50% dos casos de glaucoma só são diagnosticados em fase adiantada quando o nervo óptico já perdeu muitas de suas células.

Diagnóstico e acompanhamento

Queiroz Neto afirma que na maioria dos casos o diagnóstico ocorre durante uma consulta de rotina, quando o paciente percebe diminuição do campo visual que é irrecuperável. “Atualmente a tonometria, exame que mede a pressão intraocular (PIO) é o método mais utilizado para acompanhar a condição observa. O problema é que este exame não capta as flutuações da PIO e há evidências de que esta oscilação no período de 24 horas influi na progressão da doença. Portanto, a falta desta informação dificulta a prevenção da perda progressiva do campo visual.

Pesquisa

A boa notícia é que um estudo piloto publicada no Science Direct por pesquisadores da Northumbria University, tradicional centro de pesquisas do no Reino Unido em parceria com pesquisadores da Turquia, aponta uma solução economicamente viável para medir por 24 horas a pressão intraocular. Trata-se de uma lente de contato descartável e gelatinosa equipada com um sensor eletricamente passivo que coleta, armazena e processa dados sobre a pressão intraocular. Os pesquisadores afirmam que estas informações são enviadas para análise do oftalmologista. Na opinião deles os métodos tradicionais para medir a PIO envolvem inicialmente ir a uma clínica para uma única medição por dia, cujo resultado pode ser enganoso devido à variação natural da PIO.

O benefício da nova lente de contato é que, uma vez colocadas no olho, o paciente pode passar o dia normalmente enquanto suas medições de PIO são registradas e enviadas a um médico para análise assim que o período de teste de 24 horas for concluído, esclarece o coordenador da pesquisa, Hamdi Torun, da Northumbria University. “Os métodos tradicionais para medir a PIO envolvem inicialmente ir a uma clínica para uma única medição por dia, cujo resultado pode ser enganoso devido à variação natural da PIO”, disse Torun.

O benefício das lentes de contato é que, uma vez colocadas no olho, o paciente pode passar o dia normalmente enquanto suas medições de PIO são registradas e enviadas a um médico para análise assim que o período de teste de 24 horas for concluído, os pesquisadores disse. Eles destacam que a coleta é menos invasiva e mais completa que as informações fornecidas pela tonometria. Por enquanto, a nova lente foi testada em um pequeno grupo de seis pacientes e deve se estender para um grupo maior antes das primeiras comercializada.  A expectativa de Queiroz Neto é que a   nova tecnologia seja certificada para que o diagnóstico precoce do glaucoma seja efetivo e diminua o número de pessoas com perda da visão causado pela doença. Isso porque, há evidências de que  glaucoma se instala após um tempo prolongado de exposição do nervo óptico ao aumento da pressão intraocular e esta nova lente pode reduzir esta exposição, comenta.

Tipos de glaucoma e grupos de risco

O especialista ressalta que o tipo mais frequente é o glaucoma primário de ângulo aberto  que evolui sem apresentar  sintomas.  Por isso, requer acompanhamento oftalmológico pelos grupos de risco: pessoas que têm casos na família, afrodescendentes, altos míopes, que faz uso contínuo de corticoide, diabéticos, altos míopes e a parcela crescente de brasileiros com  idade acima de 40 anos.

Sem sintomas, em 90% dos casos o glaucoma de ângulo aberto está associado ao aumento da pressão intraocular acima do limítrofe de 21 mmHg.  “Este aumento da pressão interna do olho ocorre por obstrução ou desequilíbrio entre a produção e escoamento do humor aquoso, liquido que preenche o globo ocular e expõe  o nervo óptico a danos e stress oxidativo, pontua. Em 10%, o oftalmologista elucida que  por razões idiopáticas a pressão intraocular se mantém normal, mas da mesma forma  o nervo óptico sofre lesões.

Menos comum, o glaucoma de ângulo fechado ocorre quando a íris bloqueia o sistema de drenagem do olho, levando a um aumento repentino da pressão intraocular. Segundo Queiroz Neto os principais grupos de risco são: descendentes de asiáticos, hipermétropes.

O glaucoma congênito é decorrente de uma má formação no trabeculado, porção do olho que produz o humor aquoso. Trata-se de uma urgência médica e tem seu primeiro diagnóstico ainda na maternidade através de “teste do olhinho”. Quando diagnosticado, o tratamento inclui uso de colírio para baixar a pressão intraocular do bebê e cirurgia.

Tratamentos

Queiroz Neto afirma que um dos maiores entraves do glaucoma é a adesão do paciente ao tratamento com colírios. Muitos deixam de usar porque as fórmulas que contém conservante causam irritação na superfície dos olhos. Para evitar o desconforto orienta a troca por colírio sem conservante ou com conservante virtual que causam menos irritação nos olhos.

O médico ressalta que aplicações de laser podem reduzir o número de colírios utilizados e facilitam o controle da pressão intraocular. As cirurgias geralmente são indicadas para casos graves e quem segue as prescrições podem escapar do centro cirúrgico, finaliza.

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