Combate: “Obesidade é um problema de saúde pública intergeracional”, alerta especialista

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Na data de 11 de outubro é celebrado o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade e o Dia Mundial da Obesidade. A data reforça a luta de quem enfrenta a doença. A obesidade pode atingir todas as idades e para superar os obstáculos é primordial adotar hábitos saudáveis e contar com a ajuda de profissionais habilitados.

Conforme a médica endocrinologista pediátrica e professora do Curso de Medicina da PUCPR, campus Toledo, Renata Thomazini Dallago Galon, a obesidade é uma condição multifatorial. “A herança genética influencia no metabolismo, no apetite e na distribuição de gordura. Mas além da carga genética outros fatores são de suma importância: ambientais, hormonais, psicológicos e estilo de vida”.

Renata alerta que a obesidade é um problema que atinge todas as idades. “As crianças com a tríade: aumento do consumo de alimentos industrializados, redução do brincar ao ar livre e excesso de telas. Os adultos com a rotina acelerada, alimentação desequilibrada e sedentarismo. E nos idosos o menor gasto energético e dificuldade em manter hábitos saudáveis. Tudo isso mostra que a obesidade é um problema de saúde pública intergeracional”.

Outro fator apontado pela médica é que estudos mostram que a obesidade afeta ambos os sexos, mas as prevalências podem variar conforme a faixa etária e a região. “Em análises de epidemiologia e revisões recentes, a obesidade é mais frequente em mulheres, possivelmente por questões hormonais, fatores relacionados à gestação e pelo impacto de desigualdades sociais”, esclarece.

OBSTÁCULOS – A luta para combater a obesidade envolve muita mais do que o peso corporal ideal. Segundo a médica, dentre os principais desafios está a dificuldade de adesão as mudanças no estilo de vida. Renata considera essa mudança como um fatores principais nessa batalha, pois essa dificuldade não restringe-se apenas ao indivíduo, mas também envolve sua rede de apoio – família, amigos, colegas de trabalho –frequentemente associado a julgamentos e críticas, dificultando muito esse processo de mudança.

“Também destaco a presença de fatores socioeconômicos e emocionais que influenciam diretamente os hábitos alimentares. Os estigmas associados à obesidade podem gerar baixo autoestima, isolamento social e, consequentemente, atraso no diagnóstico, agravando o quadro clínico. Soma-se a isso o ambiente obesogênico, marcado por ampla disponibilidade de alimentos ultraprocessados e um estilo de vida sedentário”, aponta.

COMBATE A OBESIDADE – Para vencer essa batalha é preciso trilhar alguns caminhos e manter a persistência. Renata salienta que o tratamento recomendado e com maior resultado a longo prazo conta com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Ela cita que o paciente precisa adotar mudanças graduais e sustentáveis na alimentação, no nível de atividade física e na saúde mental. Dentre os profissionais que vão auxiliar nesse processo ela aponta como principais o médico endocrinologista, o nutricionista, o psicólogo ou psiquiatra e o educador físico ou fisioterapeuta.

DOENÇA CRÔNICA COMPLEXA – “A obesidade não é uma escolha e não deve ser encarada como uma falha individual, mas sim como uma doença crônica complexa, influenciada por múltiplos fatores. O sucesso no enfrentamento depende de políticas públicas de prevenção, redução do estigma, de um acompanhamento integral e multidisciplinar. Tão importante quanto tratar é prevenir! É preciso criar condições para prevenir a obesidade desde a infância, promovendo ambientes mais saudáveis para toda a população”, conclui.

Da Redação

TOLEDO

O combate a obesidade e sobrepeso envolve a mudança dos hábitos alimentares Crédito: Janaí Vieira
O combate a obesidade e sobrepeso envolve a mudança dos hábitos alimentares Crédito: Janaí Vieira

Nova diretriz sobre obesidade e sobrepeso foca em risco cardiovascular e papel das canetas emagrecedoras

Uma nova diretriz brasileira determinou que todos os pacientes adultos com sobrepeso ou obesidade devem ter sua condição cardiovascular avaliada e categorizada. O documento foi elaborado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Academia Brasileira do Sono (ABS).

A Diretriz Brasileira Baseada em Evidências de 2025 para o Manejo da Obesidade e Prevenção de Doenças Cardiovasculares e Complicações Associadas à Obesidade prevê também que pacientes adultos com idade entre 30 e 79 anos com sobrepeso ou obesidade, sem doença cardiovascular prévia, devem ter sua condição cardiovascular avaliada por meio do escore Prevent – ferramenta que calcula a probabilidade de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca ao longo dos dez anos seguintes.

CANETAS EMAGRECEDORAS – A nova diretriz destacou ainda o papel de substâncias como a liraglutida e a semaglutida, princípios ativos de medicamentos agonistas GLP-1, popularmente conhecidos como canetas emagrecedoras, no combate ao sobrepeso e à obesidade. O documento recomenda, por exemplo, o uso da liraglutida para pacientes adultos com sobrepeso ou obesidade e risco cardiovascular moderado ou alto com o objetivo de perda de peso e de redução de risco cardiovascular.

Outra recomendação inclui o tratamento com a semaglutida em pessoas com IMS maior ou igual a 27, sem diabetes e com doença cardiovascular estabelecida (prevenção secundária) com o objetivo de redução de risco de mortes relacionadas a doença cardiovascular, infarto agudo do miocárdio e AVC.

O documento também recomenda a perda de peso para pessoas com obesidade e apneia obstrutiva do sono moderada a grave, com o objetivo de melhora ou remissão da apneia; para pessoas com obesidade e insuficiência cardíaca estabelecida com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, a função cardíaca e a capacidade para o exercício físico.

INDICAÇÃO DE TRATAMENTO – “As chamadas ‘canetas de emagrecimento’ podem ser eficazes, mas não são para todos, destaco aqui que nenhuma medicação está isenta de efeitos adversos”, alerta a médica endocrinologista pediátrica e professora do Curso de Medicina da PUCPR, campus Toledo, Renata Thomazini Dallago Galon. “Elas devem ser prescritas por médico especialista, após avaliação clínica e laboratorial. São indicadas principalmente para pessoas com obesidade ou sobrepeso associado a comorbidades (diabetes, hipertensão, apneia do sono)”.

O uso exige acompanhamento regular, segundo a médica, pois pode haver efeitos colaterais como náuseas, vômitos, constipação e risco de pancreatite. “Lembrando que o medicamento não substitui mudanças de estilo de vida: dieta equilibrada, atividade física e acompanhamento psicológico permanecem fundamentais”, finaliza.

Da Redação*

TOLEDO

*Com informações da Agência Brasil

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