Piscicultura requer manejo diferenciado em baixas temperaturas

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Está prevista para os próximos dias uma nova frente fria que promete derrubar as temperaturas a partir de segunda-feira (9). No sábado (7), será com tempo instável entre o Paraná e o extremo norte do Rio Grande do Sul com destaque para o estado do Paraná, onde há alerta para temporais, inclusive na capital Curitiba. No domingo (8), o tempo segue bastante instável, com alerta para pancadas intensas e risco de temporal em cidades como Curitiba e Londrina.
De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), na segunda-feira (9), as temperaturas podem chegar a 11ºC de mínima e máximas de 17ºC sem condição de chuva. Na terça-feira (10), o clima esquenta um pouco e os termômetros podem marcar 19º C, mas as mínimas caem e podem chegar a 9º C. Essa condição deve permanecer até a próxima quinta-feira (12).
Para os piscicultores, o período mais frio do ano torna a atividade mais desafiadora. A variação das temperaturas baixas impacta no metabolismo dos peixes e diversas reações em cascata podem ocorrer, como o surgimento de doenças ou a mortalidade de algumas espécies. Para evitar contratempos e perdas na produtividade, alguns manejos são essenciais para o produtor de peixes neste período, principalmente com a chegada de uma frente fria.
A engenheira de pesca e extensionista do IDR-Paraná, em Toledo, Dayane Lenz comenta que os produtores de peixe têm que ficar atentos a adequação do manejo nos períodos de entrada e saídas de inverno que são os mais críticos e com alteração na temperatura da água. Como os peixes não regulam a temperatura corporal, esta acaba sendo a mesma da água do viveiro.
“Por isso que o organismo sofre sempre quando tem uma alteração brusca no ambiente, principalmente para produtores que têm tanques escavados com pouco volume de água. Eles acabam tendo uma amplitude térmica mais rápido; o próprio organismo do peixe estressa mais e a imunocompetência dos animais diminui e a capacidade de resistência a doenças diminui”.
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MANEJOS – Para enfrentar as oscilações de temperaturas do inverno, a engenheira de pesca enfatiza que o animal tem que estar bem nutrido. Existem rações com aditivos e o recomendado é que o produtor utilize essas rações com antecedência de aproximadamente três semanas. O piscicultor também deve adequar as taxas de alimentação antes dos frios intensos por que o peixe reduz o metabolismo. “No frio, o peixe come menos e cresce menos, ele não faz a digestão de muitos alimentos. O produtor antes da frente fria deve reduzir a alimentação”.
Dayane Lenz pontua que algumas doenças específicas aparecem no inverno e os produtores devem ficar atentos ao comportamento atípico dos peixes. “Animais separados dos cardumes, aumento da mortalidade são fatores que o produtor deve ficar atento, têm que ser observados, descobrir a causa, manter as análises de água sempre em dia e fazer as correções”.
Quem tem ‘escritório à céu aberto’, sempre fica de olho na previsão do tempo. Alterações climáticas são fatores determinantes em uma produção. Na piscicultura, uma mudança nas temperaturas deve ser encarada com uma alteração na rotina nos viveiros.
Com a previsão de uma nova frente fria para a próxima semana, Dayane enfatiza que o produtor já pode iniciar os manejos e condutas nos tanques. Uma orientação repassada pela engenheira de pesca é a aplicação preventiva de sal comum – adquirido em lojas agropecuárias – entre 25 a 50 gramas por metro quadrado no viveiro, dependendo do estado de saúde dos animais e a biomassa estocada.
“Com isso, o produtor consegue evitar que esses animais tenham doenças e aumenta o bem-estar dos animais para que eles consigam resistir melhor a essa frente fria que está chegando. É um produto de fácil aquisição, barato, que não vai ser prejudicial, não tem risco ambiental, nem para os animais e nem para o produtor”, acrescenta.
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CONTROLE – Controlar a temperatura da água também é essencial para tomar as melhores decisões em períodos de frio intenso. A temperatura da água altera os processos fisiológicos dos peixes, como o crescimento, a reprodução e o metabolismo. Dayane cita que é importante que o produtor tenho um termômetro dentro de cada viveiro para acompanhar a temperatura da água e sua influência na atividade.
Ela lembra que a tilápia é um peixe tropical com bom desenvolvimento até 24ºC quando ele ainda está se alimentando bem. Abaixo dessa temperatura, o produtor pode reduzir a oferta de ração pela dificuldade de digestão, sessando a alimentação com temperaturas entre 15º C e 16º C. Contudo, a engenheira de pesca enfatiza que o melhor termômetro é o próprio animal.
“Eu sempre oriento os produtores que o melhor termômetro é o próprio animal. Se está em dúvida em fazer a alimentação – por que alguns peixes demoram até 24 horas para fazer a digestão – pega um peixe, abre e verifica se ainda há ração, se o animal já fez a digestão ou não, se é necessário reduzir a alimentação naquele tanque”.
A engenheira de pesca e extensionista do IDR-Paraná Dayane Lenz alerta que os cuidados no inverno são essenciais. “A gente já veio de um verão com incidência com surtos de doenças, principalmente doenças relacionadas a má qualidade de água, capacidade dos viveiros ultrapassada porque quando a qualidade de água fica ruim a imunocompetência dos animais ‘vai embora’. E o que tem acontecido nos últimos anos é que as doenças que antes era, específicas de peixes muito pequenos hoje acometem peixes maiores; doenças que antes acometiam no verão, aparecem em temperaturas menores”.
A profissional complementa que o produtor deve estar atento a todos os fatores na produção. “Muitos pensam que é só colocar o peixe e deixar, mas a diferença da piscicultura é que peixe não se vê, só na hora de tirar. Às vezes está acontecendo um problema e não vemos. É preciso prestar atenção no ambiente, na água”, finaliza.
Da Redação
TOLEDO