Pesquisa aponta desafios diante do preço da cesta básica

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Há quatro anos, o Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR), da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, realiza a Pesquisa da Cesta Básica, em Toledo. O levantamento traz a variação de preços de 13 produtos e seu preço da cesta básica e os impactos no bolso e na mesa do brasileiro. A coordenadora da Pesquisa professora e doutora Crislaine Colla falou dos detalhes deste projeto no Podcast ‘Algo a Mais’ do JORNAL DO OESTE, com a editora-chefe Bruna Manfroi, na última segunda-feira (28).

A Pesquisa está fundamentada em um convênio entre a Universidade e a Prefeitura de Toledo e ela surgiu como uma demanda da própria sociedade. “Municípios como Cascavel e Francisco Beltrão, na região Sudoeste, também fazem a pesquisa e entendemos a demanda da população e a importância de trazer esses dados para a nossa cidade também. Com isso, o projeto começou em abril de 2021, em meio a pandemia da Covid-19”, comenta.

Crislaine explica que oito professores da Universidade fazem parte do Projeto da Pesquisa. Todo o planejamento envolveu a escolha da metodologia que é a do Dieese adaptada para a realidade de Toledo. “As coletas são feitas em oito estabelecimentos da cidade em datas específicas. São 13 produtos e cada produto coletamos três marcas, exceto banana, tomate, batata e carne. Desta coleta fazemos o cálculo médio e, posteriormente, o preço médio do produto entre todos os estabelecimentos”.

VARIAÇÃO – Entre os produtos pesquisados, Crislaine destaca que o café foi o que teve maior variação, nos últimos meses, assustando o consumidor a cada visita ao supermercado. “O café aumentou 97,55% nos últimos 12 meses. Em junho foi o primeiro mês que teve uma queda. E o café é um produto mais específico que os outros que tem mais de uma safra no ano. Para recuperar o preço do café vai uns dois anos. Isto é, só no ano que vem que vamos sentir a redução do preço do café”.

A coordenadora da Pesquisa ainda acrescenta que o Brasil é o maior produtor de café mundial, sustentando os mercados interno e externo. Vários fatores contribuíram para o aumento do produto. “Nós tivemos a questão climática que reduziu a oferta do café, como a estiagem, isso já tinha acontecido em 2021; teve também uma geada muito forte em Minas Gerais e diminuiu bastante a produção e quando ele começou a recuperar e voltou a questão climática. O Vietnã também passou pela mesma situação e ele é o segundo maior produtor. Então, o preço internacional do café aumentou. Teve especulação na Bolsa de Valores que juntos levou a um aumento grande do preço do café”, esclarece a professora e doutora.

Por outro lado, o respiro para o brasileiro veio em dois produtos muito presentes no dia a dia. Crislaine citou que o arroz e o feijão reduziram mais de 20% nos últimos meses.

ECONOMIA – Crislaine cita que para calcular a variação dos preços na Pesquisa é a mesma fórmula de calcular a inflação. “O curso de Economia da essa base e dentro do Núcleo de Desenvolvimento Regional NDR tem alguns cursos específico também para mestrado e doutorado”.

O Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR) é composto pelo curso de Ciências Econômicas e pelos programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (PGDRA) e de Pós-Graduação em Economia (PGE), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo.

A professora e doutora Crislaine Colla enfatiza que a economia é uma ciência presente no dia a dia da população. Na grade curricular, o curso de Economia da Unioeste tem disciplinas como estatística, econometria, além de uma abordagem histórica da economia e da conjuntura atual.

“São estudados todos os fatores e variáveis que fazem parte da economia; é uma discussão que fazemos todos os dias. A economia tem mudanças e condição que podem mudar a qualquer momento, como é o caso do tarifaço que vai trazer impactos para vários setores do país, alguns tendo redução no mercado interno, contudo é uma condição que temos que esperar como isso vai se movimentar nesse período”.

IMPACTO – Com os preços variando nos supermercados e o cenário econômico atual, Crislaine salienta que esse é um momento de instabilidade, não só para o Brasil, uma vez que o tarifaço aplicado pelo governo dos Estados Unidos não é somente o Brasil.

“A alíquota era um pouco menor e aumentou muito. Temos alguns setores com maior impacto, como o setor da laranja, mas tem muitas especulações. O natural é que diminua também um pouco o preço da carne que é muito exportada, mas tudo depende de como os produtores vão colocar esses produtos no mercado. Também teremos efeitos em relação ao número de empregos; aqui na região temos o setor da madeira e as commodities que podem ter impacto. O Paraná como um todo pode ter um impacto importante. Esperamos para o dia 1º de agosto para ver como será. Talvez não seja imediatamente, mas de qualquer forma vamos ter um impacto”.

Da Redação

TOLEDO

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