Solidariedade à mesa: projeto integra cultura, sustentabilidade e sabor

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Transformar desperdício em oportunidade e levar nutrição a quem mais precisa foi o propósito do encontro realizado na manhã de quarta-feira (24), em Toledo. Promovida pela Embaixada Solidária, em parceria com o Banco de Alimentos de Toledo e o Instituto BRF, a iniciativa integra o projeto Segurança Alimentar 360º – Desafio Perda Zero. A proposta vai além de combater o desperdício, busca oferecer dignidade, saúde e esperança, reforçando que aquilo que muitas vezes seria descartado pode se transformar em pratos cheios de sabor, inclusão e força para centenas de famílias.
EVENTO – Em uma experiência gastronômica de partilha e intercâmbio cultural, o evento reuniu a comunidade, cozinheiros e migrantes para ressaltar a importância e o impacto do projeto. A fundadora da Embaixada Solidária, Edna Nunes, ressaltou que “com muita felicidade, nós comemoramos hoje a marca de 19 toneladas de alimentos reaproveitados nestes últimos meses. Muitos alimentos, ao invés de ir ao lixo, mesmo possuindo muita qualidade e sabor, foram às mesas das pessoas. É uma comemoração histórica para nós e o nosso desafio é que a comunidade nos ajude a reaproveitar cada vez mais”.
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Edna também destacou o papel da cozinha brasileira na recepção dos migrantes. “Esta também é a forma da comunidade migrante dizer seu muito obrigado. Até porque foram as cozinheiras brasileiras, lá nas escolas, que receberam nossas crianças e souberam adaptar um cardápio que pudesse atender a todos. São também as cozinheiras das empresas que fazem esse trabalho de acolhimento quando os migrantes chegam aqui e se deparam com tudo diferente, como o tempero, a forma de cozinhar, o preparo dos alimentos. E, claro, do outro lado é preciso ter um ser humano sensível, que consiga promover esse intercâmbio cultural. Hoje viemos aqui justamente com a expectativa de agradecer”.
DEGUSTAÇÃO – A oficina apresentou degustações culinárias. A Angola esteve representada pelo lombi, refogado de folhas de abóbora, e outro prato à base de folhas de batata-doce, ambos realçados por temperos que intensificam o sabor. A angolana Benvinda Chimuco explicou que “são folhas que consumimos no nosso dia a dia, mas que muitas vezes são descartadas aqui. Elas são nutritivas e essenciais na nossa culinária, para que as pessoas realmente possam se alimentar”.
A Haitiana Scardely Nicolas destacou o bouyon, ensopado típico do Haiti, preparado com partes de carne bovina que normalmente não são consumidas no Brasil. “É um privilégio mostrar e ensinar nossa cultura, que tem muitas diferenças. É um privilégio estar aqui representando os demais”, afirmou.
BANCO DE ALIMENTOS – Nesse processo, o Banco de Alimentos tem papel fundamental. Ele é responsável por receber, em parceria com supermercados, produtores e indústrias alimentícias, produtos que poderiam ser desperdiçados. Embora não atendam ao padrão comercial, esses alimentos continuam adequados para o consumo, mesmo quando estão próximos do vencimento. Após uma triagem criteriosa, eles são destinados a instituições parceiras, como a Embaixada Solidária.
Um exemplo dessa atuação é o projeto Cozinha Mundo, promovido pela Embaixada e contemplado pelo Instituto BRF. A iniciativa atende a população migrante de 43 países e de todos os estados brasileiros, oferecendo capacitação técnicas e no uso integral dos alimentos.
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PARCERIA – A coordenadora de impacto social do Instituto BRF, Gabriele Cândido, explicou que “a parceria prevê cursos de curta duração com foco no uso integral do alimento, formações direcionadas para alguns públicos de imigrantes e também para moradores do município. Além disso, há cursos de longa duração, em que os imigrantes vão trabalhar questões relacionadas ao empreendedorismo gastronômico, sempre passando pela importância do uso integral do alimento”.
O encontro reforçou a importância da colaboração entre instituições, migrantes e comunidade local para transformar desperdício em alimento e cultura compartilhada. Além de celebrar o reaproveitamento e a diversidade gastronômica, o projeto evidencia a necessidade de engajamento contínuo para que mais pessoas sejam beneficiadas.
Da Redação
TOLEDO