Professor alerta para redução de projetos sociais e defende maior apoio

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O professor da escola Nacional de Circo, Alex Machado, atualmente cursando doutorado em Artes Cênicas na Universidade Federal da Bahia, se surpreendeu com a redução no número de grupos da região inscritos para a XIX Mostra de Circo Social e XII Festival Nacional de Circo. Desde 2013, todos os anos, ele integra a comissão avaliadora da Mostra. Ele e outros colegas analisam a participação dos grupos e apontam aspectos positivos e outros que precisam ser melhorados.
“Os grupos evoluíram muito ao longo dos anos, especialmente com relação a segurança, que foi sempre uma preocupação, repertório técnico e pedagógico. Mas percebemos uma redução no número de crianças no palco e dos grupos participantes, principalmente da região, que tinha um trabalho forte e mais expressivo”, afirmou. Por outro lado, chamou a atenção a participação de municípios mais distantes, que não tinham vindo em anos anteriores.
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“É excelente que o projeto se expanda para outros municípios, mas o que já existe precisa ser consolidado e fortalecido. Não podemos deixar acabar projetos que já existem e deram excelentes resultados”, reforça ele. O professor compreende as prioridades e ações definidas pelos governos, porém defende que os projetos de circo social, pelos resultados comprovados, têm que se tornar uma política pública, com recursos próprios para a sua manutenção, independente da troca ou não de governo.
Alex Machado defendeu ainda uma atualização constante dos profissionais, com acesso às novidades do setor, e uma mudança de postura nos gestores, que precisam analisar dados qualitativos e não apenas quantitativos. Os resultados, acrescenta, não são imediatos, e aparecem no futuro, na transformação da vida das pessoas que participam e que passam a ter novas perspectivas de vida.
Nem todos serão artistas circenses, mas terão novas perspectivas na escolha da sua profissão. Conheço ex-alunos de projetos que se tornaram-se advogado, por perceber a necessidade de defender direitos trabalhistas dos profissionais, arquiteto, para saber como é feita uma parede do picadeiro, fisioterapeuta, por querer conhecer mais o corpo, entre outras áreas, a partir do conhecimento das acrobacias circenses. “A arte, a cultura, o circo mostram outras realidades, outras perspectivas de vida, é um aprendizado que não ocorre somente em sala de aula, mas num ensaio, em uma apresentação, na participação de um evento como a XIX Mostra e o XII Festival e tudo isso precisa ser valorizado”.
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Para Alex, as perspectivas para o circo são muito boas, tanto pela capacidade de adaptação rápida quanto pela possibilidade que tem de transitar em diferentes áreas, como na educação, social, física, entre outras. Ele destaca, no entanto, que é necessário criar pontes entre os segmentos de apoio para que os recursos disponíveis, tanto públicos quanto privados, sejam melhor aproveitados. Na maioria dos projetos, a única fonte de renda dos artistas está na bilheteria, entanto outras artes cênicas, como o teatro, a dança, a música, conseguem dialogar com mais facilidade garantindo a captação de recursos extras. Os projetos para a captação de verbas são muito burocráticos e demorados, tornando-se inatingíveis, ou desanimadores, para muitos, inviabilizando a sua captação, observa ele.
A XIX Mostra de Circo Social e o XII Festival Nacional de Circo são realizados pelo Circo da Alegria/prefeitura de Toledo com recursos da Lei Aldir Blanc/Ministério da Cultura e o apoio da escola municipal Anita Garibaldi e Circo Ático, entre outros parceiros.
TOLEDO