Pequenos produtores de queijo das regiões Oeste e Cantu ampliam conhecimento em São Paulo
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Dias de imersão proporcionaram novas ideias para propriedades paranaenses
A busca por inovação e experiências levou 27 produtores e apoiadores da Associação de Produtores de Queijos da Cantuquiriguaçu (Aproleq) a realizar uma missão técnica na Rota Paulista do Queijo, referência nacional em turismo rural e produção queijeira artesanal.
Organizada pelo Sebrae/PR e pela Aproleq com apoio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), a missão teve como principal objetivo aprofundar conhecimentos sobre processos produtivos, gestão, turismo rural e modelos de negócios consolidados nas queijarias paulistas.
De acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal, divulgada em setembro de 2025 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná alcançou o maior valor da produção leiteira da história, somando R$ 12,1 bilhões em 2024, aumento de 6,6% em relação a 2023. O estado se tornou o segundo maior produtor de leite do país, sendo que grande parte desse resultado vem de pequenas propriedades rurais.
Karolline Marques da Silva, coordenadora de agroindústria do IDR-Paraná, destaca que vivenciar outras realidades é fundamental para estimular a inovação entre os produtores.
“A experiência de outro estado e de seus produtores nos ajuda a argumentar com produtores e profissionais da área, buscando harmonizar conceitos e incentivar a regularização dos produtos. Todos mostraram como o início na produção de queijo artesanal exige estudo, persistência e interação com os demais atores da cadeia”, afirma.
Durante a missão, ficou evidente outro fator que impulsiona o setor: o reconhecimento do consumidor quanto à riqueza de sabores e ao processo produtivo, o que impacta diretamente no valor final do produto.
Na região Oeste do Paraná, a parceria entre produtores, Biopark e Sebrae/PR tem contribuído para elevar o padrão dos queijos finos produzidos localmente. Rosilei Heck Schmidt, de Toledo, reforça a importância de valorizar os produtos paranaenses, movimento já consolidado em São Paulo.
“No setor de queijos finos, o grande desafio em nossa região é o entendimento e a valorização dessa tecnologia, tanto por parte dos produtores quanto dos consumidores. Ainda enfrentamos dificuldades relacionadas à apreciação dos sabores, ao domínio das técnicas e à logística necessária para transportar os queijos para outros municípios e estados”, comenta Rosilei.
Trabalho e evolução
As atividades de imersão fazem parte de uma estratégia adotada pelos produtores da região, que atuam no avanço do Projeto de Indicação Geográfica (IG) dos Queijos Coloniais da Cantuquiriguaçu, em desenvolvimento no Oeste do Paraná.
Edson Braga, consultor do Sebrae/PR, lembra que a missão possibilitou aprendizado amplo, envolvendo técnicas, práticas, processos e troca de experiências com outros produtores.
“Precisamos buscar valor agregado para os produtos que desenvolvemos no Oeste e na Cantuquiriguaçu. Nossa missão é mostrar isso ao cliente: fortalecer o turismo rural, abrir as portas das propriedades, aproximar o público das queijarias e divulgar a importância do nosso trabalho. Essa conexão com a comunidade e com o turista foi um dos pontos mais gratificantes”, ressalta.
A união de esforços entre diferentes instituições também fortalece o desenvolvimento do setor produtivo e acelera a consolidação da qualidade do queijo regional.
A professora doutora Eduarda M. Bainy, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Laranjeiras do Sul, explica que a missão serviu para definir prioridades a serem implementadas na região.
“Será possível transferir diversos conhecimentos aos produtores de queijos coloniais artesanais da Cantuquiriguaçu e do Centro do Paraná, assim como aos estudantes da UFFS, que poderão atuar nesse setor. Análises laboratoriais da matéria-prima e dos produtos são um exemplo, assim como o potencial do turismo rural e das experiências gastronômicas vivenciadas, capazes de gerar renda adicional aos produtores locais”, detalha.
Realidade na propriedade
Produtores da região têm buscado referências que se aproximem da realidade produtiva paranaense, e essa troca foi possível durante a missão.
Com propriedade em Pinhão, no Centro-Sul do estado, Angelita Aparecida Freski Surkamp atua no ramo há mais de três décadas e participou da viagem para adquirir novos conhecimentos e buscar ideias para o turismo rural.
“O que mais marcou foi que, em todas as queijarias visitadas, encontramos queijos autorais, criados por eles, e estruturas preparadas para receber turistas. Hoje, nosso desafio é captar recursos para investir e fazer com que o consumidor reconheça a qualidade dos nossos queijos finos”, explica.
Para o produtor Ordilei José Dufech de Souza, de Cantagalo, o que foi visto em São Paulo reforça o caminho que a região da Cantuquiriguaçu deseja seguir: agregar valor ao produto.
“Assim que voltamos da missão, percebemos que é possível implementar algumas ideias. Notamos que não é necessário um alto investimento para o turismo, por exemplo. O que precisamos é agregar valor ao que produzimos, para não depender exclusivamente dos grandes centros”, destaca.
A missão contou com a participação de profissionais da cadeia do leite das cidades de Palotina, Nova Santa Rosa, Toledo, Cascavel, Guaraniaçu, Laranjeiras, Laranjeiras do Sul, Espigão Alto do Iguaçu, Guarapuava, Pitanga e Curitiba. A diversidade de municípios fortaleceu a troca de experiências e ampliou a visão coletiva sobre a cadeia do queijo no Paraná.
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