O rock não morreu: das garagens aos palcos, o gênero segue vivo em Toledo

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Celebrado em 13 de julho, o Dia Mundial do Rock é mais do que uma homenagem a um gênero musical: é um tributo à rebeldia criativa, à liberdade de expressão e ao som que une gerações. Em Toledo, o cenário do rock começou a ganhar força a partir dos anos 2000, impulsionado por projetos em escolas estaduais ao proporcionar o ensino de instrumentos musicais, formação de bandas e realização de apresentações. Muitos dos adolescentes incentivados naquela época, hoje, são adultos que mantêm viva a chama do rock’n’roll, movimentando os bares e festivais do município com a mesma energia de quando subiram ao palco pela primeira vez.

LOCAIS ANTIGOS – Casarão do Rock, República Dedo Torto, Porão, Quiosque da AER Sadia, Concha Acústica, Fasol, Woodstock, Pedal, Jack’s Place, Garden e seus eventos, entre outros, são exemplos nostálgicos de palcos que impulsionaram bandas na trajetória desse movimento local, independentemente de ser punk, clássicos, rock nacional, grunge, hard rock ou vertentes do metal. Entre os mais saudosistas, as recordações do antigo D’graus, também conhecido como Bar do Lauri, marcam momentos inesquecíveis para quem viveu aquela época.

Neste bar, os shows aconteciam no porão ou na calçada, quase sempre sem reclamações dos vizinhos. O baixista Leandro Rui Barbosa relembra a dificuldade de monetização que ocorria entre todos, sendo que muitos shows nem chegavam a ser remunerados. “O Lauri pagava uma caixa de cerveja ou convertia esse valor em outra coisa. Lembro que essa caixa, na época, custava em torno de R$ 45 a R$ 50. A gente, que era mais do punk rock, trocava por uma garrafa de conhaque, uma Coca e o resto do dinheiro a gente pegava em lanches”.

Esse é apenas um exemplo que ilustra o início da jornada dos músicos, sendo que punks e metaleiros não se misturavam. Apesar disso, a afinidade e parceria entre amigos e bandas era constante, desde o empréstimo de instrumentos até o esforço conjunto para transportar guitarras, baixos, montar baterias ou carregar amplificadores.

INCENTIVOS – As aulas de música do Colégio Estadual Luiz Augusto Morais Rego, os festivais do Colégio Jardim Porto Alegre, do Presidente Castelo Branco (Premen) e as apresentações no Teatro Municipal marcaram a trajetória de muitos que subiram ao palco pela primeira vez e que hoje têm mais de 30 anos. Muitos desses músicos continuam atuando em novas formações e novas propostas musicais, inclusive com outras pessoas que chegaram depois dessa fase.

BANDAS ANTIGAS – Atomic Gun, Blues Dogs, Molotov de Porco, Shutbox, Efeito Tubaína e Paçocas Bufantes, D’Xavantes, Piazinhus, Bergos, Mullets, Indian Cliff, Red Curry, Inversus, Thunder Creamm, Aquafire, Maria Tonteira, Espírito de Porco, Dente Preto, The Freaks, Aneurisma, entre diversos outros nomes, fizeram parte do rock toledano. Relembrar e citar todos se torna impossível.

Uma das mais antigas, com 29 anos na estrada, é Jam Session. Outra que ficou conhecida foi Enigma 77. Fundada em 2007, se manteve ativa por 16 anos. O vocalista César Armani conta que “tocamos em São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Campo Grande. Fizemos vários videoclipes, singles, além de álbuns. Gravamos o álbum acústico em 2017 no Teatro Municipal, quando a banda completou dez anos.”

Hoje, Armani se apresenta em carreira solo e integra os conjuntos Marola e Terno de Vidro. Assim como outros músicos, também é um exemplo de pessoa que participa de vários grupos. Além de que, muitos desses artistas também tocam à noite em formato solo.

ATUALIDADE – No presente, o município conta com mais atrações públicas que acolhem os roqueiros. O Tooledo Rock Festival, os eventos na Praça da Cultura e a Virada Cultural são iniciativas do setor público que fortalecem essa cena. Outras ações promovidas por bares, empresas de entretenimento e clubes de motociclistas também contribuem para manter os atrativos vivos.

BANDAS ATUAIS – Bombtrack, Madallena, The Scream, Jam Z, Carbox, Banda Carmen, Same Old Say, Los Coronezos, Creedence Long Play, Hovy Crows, Paulo e Carol Duo, Lulu e os Lusco-fuscos, Juventude Perdida, Embrio, After Dark, H’nistia, Reshflame, Anos Atrás, Rafa e os Mavecos, Stone Dogs, Zero 45 e Embernova são apenas alguns conjuntos que ainda estão em atividade.

VELHA  GUARDA – Leandro brinca ao dizer que, apesar dos perrengues da adolescência terem ficado para trás e das facilidades atuais e das responsabilidades que os músicos têm hoje, a dificuldade para reunir os integrantes e ensaiar aumentou. Ainda acrescenta que “hoje perdeu o hype. Quem gosta de rock não tem mais pira de montar banda. Não tem interesse em aprender a tocar um instrumento. Naquele tempo, você via que quem gostava de rock queria montar banda”.

Embora os mais jovens nem sempre se interessem por formar novos grupos, a ‘antiga guarda’ ainda carrega a missão de incentivar adolescentes e jovens, além de manter o bom e velho rock, em todas as suas vertentes, vivo na cena local.

Da Redação
TOLEDO

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