Saúde mental masculina: especialistas alertam para importância dos cuidados

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Nesta terça-feira (15), é celebrado o Dia Nacional do Homem. Criada em 1992 pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a data tem como objetivo promover a conscientização sobre a saúde masculina, ampliando o debate sobre temas que historicamente receberam pouca atenção, como o cuidado preventivo e a saúde mental.
Ao longo dos anos, iniciativas passaram a ser desenvolvidas para incentivar esses cuidados, especialmente considerando que grande parte das ações do Ministério da Saúde ainda se concentram em públicos como crianças, mulheres e idosos. Nesse cenário, destaca-se a importância de ampliar o acesso e a visibilidade das demandas específicas da saúde do homem, que vão além da dimensão física.
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RESISTÊNCIA – O Ministério da Saúde aponta que “a resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas”.
DADOS – No campo da saúde mental, os dados relacionados ao suicídio são preocupantes. De acordo com o Boletim Epidemiológico, publicado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e pelo Ministério da Saúde, “os homens apresentaram um risco 3,8 vezes maior de morte por suicídio que mulheres. Entre homens, a taxa de mortalidade por suicídio em 2019 foi de 10,7 por 100 mil, enquanto entre mulheres esse valor foi de 2,9”.
Em entrevista ao Ministério da Saúde, o psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, afirma que “o abuso de álcool e outras drogas funciona atuando no ponto desencadeador do suicídio, que é a doença mental chamada depressão, ou seja, os transtornos afetivos. Esse fator representa de 36% a 37% da população que cometeu suicídio”.
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ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO – A psicóloga Jaqueline Moretto explica que a dificuldade em procurar tratamento psicológico ainda é significativa. “Isso ocorre, em grande parte, por construções culturais que associam masculinidade à força, ao silêncio emocional e à autossuficiência. Muitos homens crescem ouvindo frases como ‘homem não chora’, o que dificulta o reconhecimento do sofrimento psíquico e a busca por ajuda. Além disso, os sintomas emocionais em homens muitas vezes aparecem de forma diferente como irritabilidade, uso de substâncias ou isolamento, o que pode mascarar o sofrimento”, esclarece.
Segundo Jaqueline, a dificuldade de expressar emoções contribui para o agravamento de quadros psicológicos. “Com o tempo, isso aumenta o risco de depressão, ansiedade, vícios, problemas nos relacionamentos e até doenças físicas, como hipertensão e insônia. Em casos mais graves, pode haver risco de comportamentos autodestrutivos ou até suicídio. Cuidar da saúde mental não enfraquece ninguém, ao contrário, é uma forma de preservar a vida e os vínculos mais importantes”, afirma.
INICIATIVAS – A psicóloga destaca que é essencial desconstruir a ideia de que expressar emoções representa fraqueza. Ainda que avanços tenham sido registrados nos últimos anos, com maior visibilidade da importância do diálogo e da saúde mental masculina, o acolhimento em diferentes espaços de convivência continua sendo fundamental. “Campanhas educativas, exemplos positivos na mídia e o relato de outros homens que passaram por processos terapêuticos também são estratégias eficazes. Quando um homem vê que não está sozinho, que há outros como ele buscando ajuda e se beneficiando disso, ele se sente mais encorajado”, completa.
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Por fim, Jaqueline reforça que “ser homem não é viver calado, sufocado ou sozinho. Ser homem é ter coragem de sentir, de falar sobre o que dói, de se cuidar. Não há força em ignorar o próprio sofrimento. A verdadeira força está em reconhecer quando algo não vai bem e dar o passo de buscar ajuda. A psicoterapia é um espaço seguro, sem julgamentos, onde pode se escutar, se entender e reencontrar equilíbrio. Não espere chegar ao limite. Cuidar da mente também é uma forma de amar a vida. E a sua vida importa mais do que qualquer padrão de força que te ensinaram. Permita-se viver com mais verdade. Isso, sim, é ser forte”, conclui.
Da Redação
TOLEDO