Luta pela vida: familiares indagam demora na transferência para leito de UTI

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A angústia da espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) continua sendo vivida por diversas famílias da 20ª Regional de Saúde. Ficar mais de 24 horas sem ter notícias do familiar internado no Pronto Atendimento Municipal Doutor Jorge Nunes (PAM/Mini-hospital), as explicações técnicas das equipes médicas e a incerteza da cura geram cada vez mais medo, o que tem dado ânimo para essas famílias é a esperança.

“Nossa mãe está entubada no Mini-hospital desde o dia 28 de maio. Ela tem 71 anos e aguarda um leito de UTI. Outros pacientes foram entubados ao lado dela e já foram transferidos, mas ela ainda não. Por que ela, sendo uma idosa, não consegue um leito?”, indagam as filhas de uma paciente que, até amanhã de ontem (14), aguardava um leito de UTI.

As irmãs – que estiveram no JORNAL DO OESTE – relatam que a mãe não apresentava sintomas como febre ou tosse. No dia 28 de maio, ela sentiu falta de ar. A família levou a idosa até o Mini-hospital, na madrugada, ela precisou ser entubada. “Agora, os médicos falaram que ela precisa passar por uma traqueostomia já que faz muito tempo que ela está entubada. Estamos com medo de que esse procedimento seja feito sem ela estar em um leito de UTI, pois é algo que pode deixar ela mais vulnerável a ter uma infecção”, explicam.

Segundo relato das irmãs, o dia é ainda mais angustiante sem receber notícias da mãe. “Quem nos passa a informação é a pessoa que atua no serviço social, mas só recebemos a ligação a cada dois dias e o parecer é sempre o mesmo: nossa mãe está estável e aguarda um leito de UTI. O Mini não oferece especialidades para atender esses pacientes que estão lá. Contratamos de forma particular um fisioterapeuta. Conseguimos a liberação para que ele posso ir atender nossa mãe todos os dias. Segundo o fisioterapeuta, ela apresentou melhoras depois que ele iniciou os atendimentos. É ele quem nos passa o estado de saúde dela todos os dias, se ela teve febre, por exemplo. Pois quando não recebemos a ligação do Mini, ou não conseguimos atendimento por telefone, nós vamos até lá, e lá falam que não é para irmos, mas não tem como ficamos sem notícias dela”.

MINI-HOSPITAL – Para a família da idosa que aguarda um leito, seria essencial que o Mini-hospital tivesse mais suporte profissional como fisioterapeuta e pneumologista. A secretaria de Saúde de Toledo, Gabriela Kucharski, explica que “o PAM tem por vocação ser uma Unidade de Atendimento de Urgências e Emergências e por isso via de regra não tem estes profissionais no quadro de funcionários”.

Sobre o quadro de saúde dos pacientes internados na unidade, a secretária explica que “todos os dias um profissional entra em contato com os familiares, visto que a orientação é que as famílias evitem de irem até o local, exatamente para evitar o contágio”. Ela garante que “todos os dias as assistentes sociais entram em contato” e que os médicos “preenchem um formulário implantado no último mês de maio com questionamentos a respeito do estado de saúde do paciente e as informações são repassadas pelas assistentes sociais”.

Ainda de acordo com a secretária Gabriela Kucharski, “este formulário tem sido de grande valia para que se tenha informações confiáveis e atualizadas sobre o quadro clínico dos pacientes”.

CENTRAL REGULADORA DE LEITOS – Diante da insuficiência de leito de UTI, protocolos foram pautados para auxiliar os médicos no processo de ‘escolha’ do paciente que irá ocupar o leito disponível. Quem regula os pacientes é a Central de Leitos. Os reguladores são médicos e utilizam critérios médicos que levam em conta a gravidade, a assistência no momento e outros fatores, visando buscar dar atendimento a quem mais precisa no momento.

Essa equipe de reguladores avalia critérios assistenciais como: se o paciente está entubado, se tem respirador e chega outro, mas que não tem condições devido a precariedade do local em que está, ele vai primeiro, a idade é um dos critérios, mas em último caso.

TAXA DE OCUPAÇÃO – Segundo o boletim – encaminhado a imprensa às 11h27 horas de ontem (14) – a taxa de ocupação de leitos de UTI da 20ª Regional de Saúde estava em 96,77% e 28 pacientes aguardavam uma vaga, enquanto que na Macrorregião 125 pacientes aguardavam leito. O índice de ocupação dos leitos de UTI para pacientes com Covid-19 tem se mantido em alta desde março.

Da Redação

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