Especialistas alertam sinais de adultização infantil e orientam o crescimento saudável

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Brincar, se sujar, estudar e se divertir são partes essenciais da infância. No entanto, quando hábitos e comportamentos típicos da vida adulta passam a fazer parte do cotidiano das crianças, acende-se um sinal de alerta: a adultização. Ao pular fases do desenvolvimento, a criança é exposta a pressões para as quais não possui maturidade, o que pode gerar preocupações excessivas, perda da espontaneidade e dificuldades emocionais na vida adulta.
Segundo a pediatra Renata Dallago, outras formas de adultização incluem trabalhar na infância ou assumir a responsabilidade de cuidar de irmãos. “Adultização é expor essas crianças a um ambiente que não é compatível com a idade. O trabalho infantil é uma forma de adultização e a exposição nas redes sociais pode trazer prejuízos não apenas à questão cognitiva, mas também à parte física”, afirma. Ela complementa que o sistema neurológico ainda está em construção e, por isso, é fundamental respeitar as etapas de desenvolvimento.
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O acesso precoce a vídeos e jogos inapropriados também contribui para o aumento da ansiedade. “A ansiedade interfere na compreensão de que a vida não é perfeita, assim como a ideia de que dinheiro, marcas ou consumo excessivo têm valor, o que prejudica o desenvolvimento cognitivo e social”, alerta a pediatra.
IMPACTOS – Pais, professores e cuidadores também devem estar atentos a sinais de violação e exploração. Preocupações excessivas e medo acentuado são alguns deles. A neuropsicopedagoga Eveline Lara ressalta que “o isolamento social, a dificuldade em interagir ou confiar em outro adulto, a agressividade na fala ou nos comportamentos, a dificuldade em se concentrar e em ser criativa podem surgir. Como consequência, aparecerão também dificuldades no aprendizado dessa criança”.
De acordo com Eveline, os reflexos na vida adulta também são preocupantes, como a “dificuldades em se relacionar, em tolerar frustrações e em estabelecer limites. Uma criança que não viveu a infância, seja por responsabilidades excessivas, abusos, negligência ou exposição, pode desenvolver baixa autoestima, ansiedade, depressão e maior vulnerabilidade física e emocional”.
VIVER AS FASES – Eveline reforça a importância de viver cada etapa. “A infância é determinante para moldar comportamentos e para a aquisição de habilidades emocionais e cognitivas”. A inversão de fases, explica, pode se manifestar na maneira como a criança se veste, fala, age, consome e até no uso inadequado de telas e redes sociais.
TEMPO RECOMENDADO – Conforme orienta a pediatra, crianças menores de dois anos não devem ser expostas a telas. Para aquelas entre dois e cinco anos, é recomendada a utilização por no máximo uma hora diária. Na faixa dos seis aos dez anos, o limite sugerido é de até duas horas por dia. Já entre onze e treze anos, o uso pode chegar a três horas, mas o acesso à noite deve ser restringido, principalmente pelo risco de exposição a conteúdos inadequados.
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Em relação à falta de monitoramento, Eveline destaca que “a inocência de achar que todos no mundo digital têm bom caráter, faz com que pais cedam à exposição precoce dos filhos e, com isso, violam o dever que é proteger e resguardar a inocência”.
RECOMENDAÇÕES – Entre as orientações da pediatra estão evitar o consumo de conteúdos curtos e priorizar filmes e desenhos de média ou longa duração, bem como histórias lineares, sempre sob supervisão. “É necessário fiscalizar e dividir responsabilidades, sempre preservando e estimulando mais brincadeiras e menos telas. Interpretar uma adultização esperada, para que ela não se comporte como uma criança ao falar alto, fazer birra e chorar, que fazem parte do crescimento, acabam optando por estimular o consumo de tela, expondo a um consumo exagerado não recomendado para não lidar com questões de criança”, alerta.
Propagar bons conteúdos, com informações de qualidade, também é um dever dos pais. “A escola e a família têm papel fundamental neste contexto, já que a infância permeia esses dois ambientes: o lar e a escola”.
Da Redação
TOLEDO