Dois passos para trás…

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Ao longo dos anos as mulheres foram conquistando mais e mais espaço no mercado de trabalho. Até em áreas onde antes predominava a ‘força masculina’ hoje é possível encontrar mulheres também se destacando. Entretanto, a pandemia do novo coronavírus e mudanças consideráveis na rotina das famílias aumentou a pressão sobre essa questão do ‘empoderamento’ feminino. Cobranças sempre existentes, como a necessidade de se ser mãe e mulher – entre tantas outras tarefas que somente as mulheres dão conta – passaram a ficar mais em evidência diante da necessidade dos filhos. As famílias precisaram se reinventar e esse processo passa necessariamente pela decisão das mulheres.

E, ao invés de ficar lamentando oportunidades perdidas, muitas mulheres foram à luta em busca de um novo espaço e, neste cenário, o mundo digital se abriu com toda força, permitindo à mulher conciliar as tarefas domésticas e de mãe com a questão profissional. Muitas mulheres estão optando em abandonar áreas tradicionais para investir no e-commerce e, assim, conseguir manter um orçamento mínimo nas famílias e ainda suportar a sobrecarga tão típica sobre as mulheres.

É a velha máxima de dar dois passos para trás a fim de seguir adiante, mesmo que de uma forma diferente. E talvez a pandemia tenha servido também para essa análise sobre o papel cada vez mais decisivo das mulheres na vida das famílias e o que elas representam na vida dos filhos. Não se trata de pensar num retorno aos tempos das cavernas onde as mulheres eram segregadas a um plano inferior, como se nada representassem, porém, este pode ser um momento de se achar um ponto de equilíbrio entre trabalho e família, entre vida em comunidade e produtividade.

Alguns países da Europa, por exemplo, passaram a adotar uma semana de quatro dias na escala de trabalho. Pode não ser este o modelo ideal, ao menos é uma proposta que começa a ser levada adiante, assim como também escalas de seis horas corridas – como já acontece com algumas profissões no Brasil – ou então o chamado meio período, enfim, é preciso – e possível – buscarem-se alternativas a fim de se reequilibrar uma sociedade para que não se perca a capacidade produtiva, muito menos a própria humanidade.