O agronegócio brasileiro e a insegurança alimentar do planeta

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Dilceu Sperafico*

Demorou e foram necessárias graves crises internacionais, mas finalmente o Brasil começou a ser reconhecido como um dos maiores e melhores produtores de alimentos do planeta. Diante do alerta para o agravamento da insegurança alimentar, que pode evoluir para quadro de fome global, após a pandemia de Covid-19 e guerra entre Rússia e Ucrânia, a Organização Mundial do Comércio (OMC), está apelando oficialmente ao Brasil para aumentar sua produção de alimentos, especialmente de grãos.

Conforme especialistas, quando se trata de segurança alimentar e produção agrícola, o quadro geopolítico global garante ao Brasil papel de destaque na quantidade, qualidade, diversidade e sustentabilidade na oferta de alimentos. Tanto que já há quatro décadas, pelo menos, o País tem superado e surpreendido concorrentes com sua capacidade de expandir a produção agropecuária.

Exemplo desse potencial está na soja, principal cultivo de exportação do País. Enquanto a produção global cresceu 7,73 vezes de 1970 a 2017, as colheitas brasileiras da leguminosa aumentaram 76 vezes no mesmo período. A produção nacional cresceu de 1,5 milhão de toneladas em 1970 para 114 milhões de toneladas em 2017. Em 2021 a colheita foi de pouco mais de 120 milhões de toneladas, enquanto a projeção era de 138 milhões de toneladas, devido à longa estiagem que atingiu plantações da Região Sul do País.

Além do destaque em ganhos de produção e produtividade, vale destacar, nenhum outro país do mundo dispõe de terras férteis e agricultáveis como o Brasil. Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o País dispõe de, pelo menos, 30 milhões de hectares de áreas subutilizadas ou de pastagens degradadas, que podem ser aproveitadas na agricultura, sem a derrubada de uma só árvore. Em 2022, as diversas culturas agrícolas ocupam 67 milhões de hectares no País.

Em nível diplomático, a resposta ao apelo da OMC para que o Brasil produza mais alimentos foi dada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, assegurando que os países em crise alimentar “terão mais grãos e proteínas animais à sua disposição, com toda certeza, pois ano após ano, o País aumenta a produção e produtividade, quer seja na agricultura ou na pecuária”.

Conforme especialistas da Embrapa, à exceção de anos de frustrações de safras por questões climáticas, o Brasil realmente vem batendo sucessivos recordes na produção agropecuária. Neste novo ciclo, após as crises, apesar da elevação dos custos de itens essenciais para a produção, como rações, óleo diesel, fertilizantes e defensivos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ainda destaca condições favoráveis e otimistas para as próximas colheitas.

Segundo especialistas, o produtor brasileiro tem muita disposição para plantar cada vez mais, apesar das dificuldades com as adversidades climáticas, elevação dos custos de produção e queda na venda de alimentos no comércio interno, devido ao desemprego e perda de renda de consumidores.

Para o bem do setor agropecuário, da economia do País e da segurança alimentar internacional, muitos produtores prosseguem capitalizados ou têm crédito no sistema financeiro, as principais commodities agrícolas estão valorizadas no mercado internacional e os pequenos agricultores contam com subsídios do poder público e apoio, cooperativas e outras instituições do agronegócio, para se manter na atividade produtiva.

*O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

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