A cultura do desperdício

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A mais grave crise hídrica vivida no Paraná nos últimos 100 anos tem tirado o sono não apenas dos governantes, mas da sociedade paranaense como um todo. São inúmeras as cidades onde o rodízio vem sendo adotado há pelo menos dois anos ou então, como é o caso de Toledo, algum as localidades simplesmente não têm mais de onde tirar o líquido indispensável à sobrevivência. Esta semana foi convocada uma reunião emergencial em Toledo com a presença de representantes do Executivo, do Legislativo, associações e de empresas integradoras e cooperativas para se tentar buscar soluções sobre o problema que é gravíssimo.

Há vários fatores que contribuem para esse momento de estresse hídrico. Alguns são climáticos e naturais, pois de tempos em tempos parece que a natureza desperta seu lado mais devastador e lembra à humanidade ser preciso respeitá-la.

Entretanto, boa parte dos problemas atuais advém dos anos onde a cultura do desperdício tipicamente brasileira foi sendo construída a ponto de hoje faltar. Nessa terra onde tudo que se planta, dá, o cidadão nem sempre valoriza e protege sua fonte. Seja de alimentos ou, no caso, de água. O campo que hoje tanto sofre, no passado, devastou áreas imensas até a beira dos rios e nascentes. A cidade cresce de maneira desenfreada e avança sobre áreas onde antes havia a proteção natural de matas destruídas sem dó, muito menos piedade.

Fechar torneiras, reaproveitar a água de chuva, entre outras medidas que podem auxiliar a reduzir o consumo estão sendo discutidas agora, quando se está em meio a essa crise terrível e que só irá passar, claro, com o retorno regular das chuvas, porém, com a sequência de adoção destas e de outras medidas que possam restabelecer o equilíbrio entre consumo e oferta, entre produção e líquido.

De nada adianta apenas se discutir se não houver a determinação em mudar os hábitos e, ao invés de se manter a cultura do desperdício, as pessoas começarem a agir de uma maneira mais consciente em relação não apenas à água, mas em vários outros aspectos onde o brasileiro ainda precisa avançar muito.