Espaço em branco

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O exame de DNA nem sempre configura um pai. A análise aponta quem é o genitor – o que implica em cumprir as obrigações previstas em lei, como o pagamento de pensão alimentícia – o que para alguns fica nisso. Afinal, DNA nem sempre gera laços afetivos.

Estamos no século XXI e ainda existem crianças que não possuem o registro do nome do pai na Certidão de Nascimento. Uma lacuna teoricamente fácil de ser resolvida. Entretanto, a situação não é tão simples assim. Em cada história tem suas particularidades, tem figura envolvida tem alegações e motivos para justificar os atos.

Parte da sociedade julga a mãe ao não entender os motivos do filho não ter acesso ao nome do genitor. Somente ela pode explicar isso a criança, contar a história, falar a verdade. Independente da história, o fato é que o filho tem o direito de ter o nome de ambos na Certidão de Nascimento. Ao ter isso negado, ele integra aquela parcela que precisa conviver com isso até ter idade suficiente para questionar e buscar respostas, ou aceitar e seguir a vida.

Se de um lado está a mulher que carrega o filho no ventre por nove meses, encara um parto sozinha e todo o preconceito da sociedade, na outra extremidade está o homem. Diante de tantas histórias, têm alguns que podem nem imaginar que deveriam ocupar o lugar e a função da figura paterna, mas também existem aqueles que sabem disso, mesmo sem terem feito um exame de DNA, entretanto, só assumem esse papel mediante a Justiça e somente no papel.

Dados do Irpen/PR apontam que, nos quatro primeiros meses de 2022, em Toledo, 32 crianças foram registradas somente com o nome da mãe. No ano passado, 1.890 crianças foram registradas no cartório de Toledo; 80 delas não tiveram o reconhecimento de paternidade. São 80 novas histórias de ausência de afeto, desgastes na Justiça dos homens, necessidades econômicas devido à falta do pagamento da pensão alimentícia e a figura paterna presente.

Os casos em que a figura paterna assume apenas a função no papel, ou seja, vira um ‘paipensão’ também não preenche o espaço vazio, tão pouco serve para fortalecer os laços sanguíneos. Pai é aquela que participa da vida do filho, quem cria, quem faz a diferença.

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