O futebol não está isolado

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Em meio à festa nas arquibancadas a cada nova rodada do Brasileirão – em todas suas séries – vira e mexe o futebol tupiniquim ganha destaque também pelos casos – cada vez mais comum – de racismo, entre outras acusações, agressões, brigas de torcidas, enfim, notícias que deveriam entristecer ou envergonhar dirigentes, jogadores e toda sorte de envolvidos no ainda mais popular esporte do país e que tanto centraliza os holofotes de praticamente 100% dos programas esportivos nos principais meios de comunicação.

Na semana que passou houve agressão a torcedores em Recife (PE) durante um jogo da Copa do Brasil Sub-17. No início do ano um torcedor invadiu – armado – o gramado durante um jogo da Copa São Paulo de Juniores. Dois exemplos de que o problema não é apenas no futebol profissional, como se viu no jogo entre Internacional x Corinthians, quando mais um caso de ofensa racial parece ter acontecido.

O futebol não está isolado e as notícias não são lá muito diferentes daquelas que diariamente se acompanha sem o menor esforço. Agressões gratuitas, ofensas fáceis, brigas generalizadas sem a menor razão de ser. Casos de feminicídio, cárcere privado, abuso sexual, etc, etc, são diariamente noticiados, mostrando que aquilo que acontece no mundo quase no metaverso do futebol permeia a realidade da sociedade brasileira. E não de hoje!

O que assusta é justamente isso! Não é de hoje!

A violência vem se intensificando de tal forma que as pessoas sequer percebem isso. Não se escandalizam mais. O crime virou banal, assim como xingar ao outro ou então escrever o que nem se pensa em redes sociais cada dia mais contaminadas pela imbecilidade, pela falta de razão ou bom senso. Respeito, diálogo, compaixão são palavras que caíram em desuso no país nos últimos anos.

E isso acontece não apenas pela falta de educação do brasileiro. Acontece pela falta de ensino, pelos maus exemplos de líderes que não lideram, pelo sistema que força o cidadão a ser desonesto. No ‘país do jeitinho’ quem tenta fazer o correto é taxado de otário, de trouxa. A impunidade ainda impera e chega em todos os cantos, inclusive no sempre permissivo mundo do futebol, ainda mais na Pátria de Chuteiras. Não, o futebol não está isolado e poderia começar a contribuir um pouco mais nessa mudança necessária que um dia terá de acontecer caso ainda o brasileiro sonhe em viver num país verdadeiramente digno.

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