Lavanda em Toledo vira opção de renda extra para produtores

0 462

Aromática e delicada, a lavanda em Toledo embeleza os jardins. Ela é uma planta ornamental e não há nada mais gratificante do que entrar em casa e logo sentir um cheirinho de lavanda. O aroma da planta promove o relaxamento, o bem-estar e a calma.

A lavanda tem origem nas áreas montanhosas do Mediterrâneo. É uma planta famosa por sua coloração arroxeada. Ela ainda é usada para extração de óleos essenciais e é alternativa estética para incluir em vasos de cerâmica ou no jardim de casa. Além disso, as folhas da lavanda são fonte de alimento para as abelhas.

Rosilene Welter de Barros e Silva é engenheira civil e apaixonada pela natureza. Durante anos atuou em sua carreira de formação. Após se aposentar decidiu se dedicar ao campo, porém de uma maneira diversificada. A propriedade de sua família está localizada no distrito de Bom Princípio. Os produtores cultivam soja, milho e trigo. A pouco tempo, uma nova produção passou a se desenvolver naquela terra e com ela uma nova fonte de renda.

A engenheira civil é responsável pela produção da Lavandula Dentata. “A ideia de plantar lavanda surgiu após a viagem da minha filha. Ela trouxe produtos de lavanda da França, como sabonetes e óleos. Começamos a dialogar sobre a possibilidade de produzir essa planta em Toledo. Assim, surgiu a ideia de construir um lavandário, em 2017”.

A partir daquele ano, a família começou a pesquisar qual tipo de lavanda se adaptaria melhor a região. “Decidimos visitar uma produção no estado de São Paulo. Após um período, começamos a plantar em nossa propriedade no distrito. De quatro mudas, atualmente, nós temos dez mil pés”, afirma Rosilene.

Ela explica que o óleo de lavanda Dentata é de difícil comercialização, porque o seu cheiro é considerado muito canforado. “Em cosmético se usa pouco. Esse óleo é utilizado mais para a produção de sabonete e aromaterapia. As vendas acontecem na propriedade durante as visitações ou virtual pelo WhatsApp”, pontua.

A lavanda embeleza por sua delicadeza
A lavanda embeleza por sua delicadeza Crédito: Arquivo Pessoal

CUIDADOS COM A PLANTA

Nos dez mil pés de lavanda, a família decidiu realizar somente um corte anual nas plantas e é, neste momento, que o óleo da lavanda é extraído. Da plantação é possível retirar cerca de quatro litros de óleo por ano. “A minha produção é considerada pequena e o rendimento é baixo. O processo é extremamente artesanal”, explica a responsável pela produção.

Rosilene salienta que com apenas um corte é possível manter a planta por até dez anos. Se o número de cortes fosse maior, haveria a necessidade de trocar a planta. “Para a produção de uma flor bonita, precisamos manter diversos cuidados, como as mudas devem ser aclimatadas para o local; o ph do solo não pode ser ácido; altitude acima de 500 metros e irrigação na medida, porque a lavanda não gosta de muita água”, esclarece.

ÉPOCA DA LAVANDA EM TOLEDO

Agora é época do corte. Mas, no começo de setembro, começam a crescer as pequenas flores roxas e as visitações na propriedade. “Nenhum dinheiro é capaz de pagar a alegria de cada pessoa ao visitar o nosso imenso jardim”, enfatiza a responsável.

Na primavera, a procura maior da lavanda é para os arranjos de flores frescas, óleos essenciais e como repelente. Existe um subproduto do óleo chamado de hidrolato; ele é do processo de destilação na extração dos óleos essenciais. Esse processo consiste em submeter a matéria prima vegetal à ação de vapor d’água no momento em que o óleo essencial é extraído. “Ele é a mesma composição do óleo, porém uma concentração menor e pode ser usado diretamente na pele”, destaca Rosilene.

A propriedade fica florida e cheirosa, atraindo as pessoas e novas visitantes, as abelhas. “Nós também produzimos o mel. O produto extraído é mais doce e mais leve”, menciona Rosilene.

Mas é o turismo rural a alegria da produtora de lavanda. “É a nossa satisfação pessoal. É um nicho que se abriu para a família e aos poucos estamos com progressos significativos em nossa área. O principal objetivo é manter um local bonito e organizado. A beleza compartilhada das flores sempre vale a pena e é um colírio para os olhos dos visitantes. O que nos importa é ver as pessoas felizes”, destaca a proprietária da produção de lavandas.

DIVERSIFICAÇÃO

O economista Jandir Ferrera de Lima observa que, atualmente, muitos consultores do agronegócio discutem a pluratividade na área rural. “Ou seja, mais que diversificar a produção, o produtor integra a sua atividade a outras atividades de mercado, como o turismo rural”.

Lima cita o caso da propriedade da família de Rosilene. “A lavanda na sua fase mais matura praticamente transforma a paisagem, atraindo a atenção e propiciando uma alternativa de renda com a visitação guiada, o comércio de lembranças e a degustação gastronômica na propriedade rural. Isso cria mais uma alternativa de emprego e renda no espaço rural”, explica.

O economista ainda recorda que na França, por exemplo, as plantações de lavanda são um atrativo há muitos anos. “No Brasil, a cidade de Holambra – SP é uma referência no consórcio da produção de flores com o turismo de visitação, turismo religioso e outras formas de atrativos culturais”.

ABRANGÊNCIA

Na regional de Toledo, a equipe de profissionais do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) tem como premissa de trabalho o desenvolvimento de ações ou de projetos que visam a diversificação da propriedade e a realização do turismo rural. São maneiras para melhor explorar a propriedade rural. “Que o produtor tenha a visão em investir o seu tempo (mão-de-obra) em algo diferente ou que consiga criar um conceito novo de diversificação”.

A produção de lavanda é uma maneira de diversificar a propriedade. “Ela atrai visitantes não somente pelo interesse em comprar o produto, mas também pela beleza da planta. “O produtor pode abrir as ‘portas’ de sua propriedade. Ele pode utilizar os meios naturais existentes, como mata, rio, cachoeira ou com criatividade criar um ambiente e torná-lo belo e agradável aos visitantes, como é o caso da propriedade em Bom Princípio. Além disso, o local também pode ser associado a uma alimentação ou uma bebida, como queijo e vinho. A diversificação associada ao turismo rural agrega valor a propriedade”, finaliza o IDR-PR.

Da Redação

TOLEDO

Deixe um comentário