Dia da independência convida a uma reflexão sobre a construção da nação

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Independência ou morte! Esta expressão faz parte dos livros de história e resume o dia 7 de setembro de 1822, quando a independência do Brasil foi declarada por Dom Pedro. Com ela, o Brasil determinou o fim do laço colonial que existia com Portugal, declarando-se como uma nação independente.

O dia da Independência do Brasil foi o ponto de partida para algo muito maior, para uma democracia que necessita ser cada vez mais justa e cada vez mais respeitada; para uma liberdade não só de um povo, mas uma liberdade de expressão e de pensamento.

A data é cheia de simbolismo e tradicionalmente celebrada com o desfile cívico-militar. Mas com a pandemia, esse evento foi cancelado pelo segundo ano consecutivo em todo o país. No entanto, para o historiador Leandro Crestani, o 7 de setembro, que deveria ser um convite a reflexão e do significado da data para a nação, acabou se tornando um evento festivo com a representação da sociedade.

“Falta trabalhar esse sentido da independência do Brasil. Nos últimos tempos o desfile de 7 de setembro perdeu esse sentido, mas isso já é reflexo de uma sociedade eu não tem mais o hábito de cantar o Hino da Independência, o Hino da Bandeira e foca somente no Hino Nacional. Falta um pouco da retomada da identidade nacional, entender o que é esse processo histórico da independência”.

PATRIOTISMO – Ele acredita que o interesse pela nossa história, os símbolos, a reflexão do significados das datas históricas e o amor à pátria são sentimentos que devem ser construídos desde a infância, na educação básica, para que não sejam explícitos somente em eventos esportivos e deixados de lado em datas importantes como o 7 de setembro (Independência do Brasil) e o 15 de novembro (Proclamação da República).

“Nós transfiguramos o nosso patriotismo somente no momento em que a seleção brasileira está jogando, mas em relação aos eventos históricos nós somos muito do feriado e não de uma reflexão sobre a data em si”, comenta o historiador.

Ele acredita que o resgate do patriotismo acontece com a participação da população brasileira no processo de compreender como Brasil se tornou nação. “Entender como é importante, independente do processo histórico da constituição na nação brasileira, e fundamental amar e valorizar aquele território onde ele nasceu e criou sua família. O que dá uma identidade nacional são os vínculos familiares, o patriotismo começa primeiro pela família, não pelos eventos históricos”, cita Crestani.

DEMOCRACIA – Na data de hoje (7), o Brasil completa 199 anos de independência. A nação brasileira tem motivos para comemorar? Para o historiador Leandro Crestani, o elemento principal para comemorar é a democracia. No entanto, ele enfatiza que essa democracia não surgiu no processo de independência do Brasil. “Até porque o Brasil império é marcado pelo autoritarismo, a escravidão foi mantida após a independência, não havia liberdade de imprensa, poucas pessoas tinham o direito de voto e a ser votada também”.

Contudo, Crestani pontua que é possível glorificar o passado com um certo cuidado sem esquecer que foram vários processos de disputas e em datas distintas e de interesses diversos que a nação conseguiu o processo de independência, não somente a independência no dia 7 de setembro.

“O que podemos comemorar é que hoje o Brasil é um país livre, inclusivo e soberano. Entender sobre o passado do Brasil é que o conhecimento nos liberta, o sofrimento nos mobiliza e a empatia nos protege. A independência do Brasil precisa ser trabalhada, tem que ser comemorada, mas sempre com cuidados. São várias datas para chegar a uma independência e esse movimento democrático que é hoje”, conclui.

Da Redação

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