Produtores de Leite de Toledo e Região buscam alternativas para melhorar a atividade

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Na busca pela maior eficiência no mercado, os produtores de leite enfrentam desafios, como custos de produção, preço, mudança climática, qualidade, importações de produtos lácteos e produtividade. É uma luta diária e ela se estende por muitos anos. Neste momento, os custos da atividade atingiram níveis superiores que a margem do lucro do produtor e quem produz enfrenta nova crise. O produtor recebe em média R$ 2,30 por litro de leite. Enquanto, o litro do leite de caixinha, por exemplo, pode custar aproximadamente R$ 6,00.

Os membros da Associação dos Produtores de Leite de Toledo e Região (Aproltol) dialogam sobre o cenário e buscam planejar ações para melhorar a atividade leiteira. A Aproltol promoveu o 1º Encontro das Associações de Produtores de Leite do Estado do Paraná e reuniu representantes das entidades que participaram presencialmente e de forma online. A reunião aconteceu na tarde da última sexta-feira (3).

De acordo com o presidente da Aproltol, Saul Zeuckner, os obstáculos da cadeia podem ser superados com a união de forças entre os produtores. “Desde criança, eu sou apaixonado pela atividade de leite. Tenho um verdadeiro amor por esta cadeia. Nós dependemos da vaca de leite e, por isso, ela precisa ser tratada com carinho, assim como toda a atividade”.

Para salvar a atividade de leite e o produtor desse momento crítico, Saul destaca a importância de planejar ações. O Brasil é o terceiro maior produtor de leite do mundo. O Paraná é o segundo maior Estado produtor do país, atrás apenas de Minas Gerais. “Por isso, é preciso ter um olhar diferenciado para o produtor. Um olhar com pouco mais de preocupação. Este olhar deve vir da sociedade em geral, desde aquele consumidor que muitas vezes é mal informado. Nos últimos dias, comentários inverídicos apontam que a produção do leite interfere na inflação e, por consequência, no preço final ao consumidor”, recorda Saul.

O produtor de leite participa da cadeia, porém ele não pode ser o responsável por toda uma situação, de acordo com a organização do evento. “A população deve compreender que não somos os culpados. Existem segmentos que apenas recebem o litro de leite, realizam a venda e ficam com a fatia, inclusive, maior em relação ao do produtor. É preciso colocar ‘esse dedo na ferida’”, destaca o presidente da entidade.

LEI – Durante o encontro, vários assuntos foram abordados; entre eles, a Legislação Brasileira para o setor do leite e a sua aplicabilidade. Os produtores precisam manter uma organização e melhorar a sua representatividade. Conforme o presidente da Associação, o grupo elaborará um documento – considerado oficial – para colocar na mesa de discussão com os outros elos de produção. “Se existe uma Lei, ela precisa ser cumprida. Há 45 anos, ‘escuto’ a mesma história que o produtor de leite não sabe o quanto vai receber. Chegou o momento que devemos dar um basta!”.

A Lei Federal refere-se aos regulamentos técnicos que fixam a identidade e as características de qualidade que devem apresentar o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado e o leite pasteurizado tipo A. Uma sugestão apresentada diz respeito a educação continuada dos produtores rurais e ela deve abranger: padrões mínimos para instalações e equipamentos de ordenha e refrigeração preconizados pela empresa; manejo de ordenha; qualidade de água da propriedade rural; controle sanitário do rebanho e adoção de ações corretivas em relação ao leite dos produtores rurais que não atende as exigências legais, incluindo o estabelecimento de metais para melhorias dos índices da qualidade do leite.

Também existe a necessidade da seleção e da capacitação dos transportadores de leite e agentes de coleta de amostras e critérios para seleção e destinação da matéria-prima. Saul afirma que se a legislação fosse cumprida já seria algo positivo. “Precisamos compreender que não conseguimos fugir da política. Existem pessoas que elaboram as leis para o nosso segmento e nós precisamos nos envolver mais”.

Outra problemática presente na legislação brasileira é referente aos produtos substitutos do leite. Saul cita como exemplo que a Lei permite as indústrias produzirem um leite de soja. “Na minha opinião isso não poderia ocorrer, porque quem produz leite é a vaca”.

ENCAMINHAMENTOS – O produtor e vereador, Valdir Rossetto, complementa que o maior impacto, realmente, está relacionado ao custo de produção. “É necessário analisar como é possível diminuir os valores de impostos e de taxas. Por exemplo, a energia elétrica, o Governo do Paraná tem subsídio ao produtor. “Nós devemos nos unir e lutarmos pelos nossos pedidos”.

Rossetto ainda enfatiza que o produtor trabalha para o desenvolvimento sustentável do Brasil e do Mundo. “Precisamos ter valorização. Vamos colocar no papel todas as demandas para apresentarmos na Assembleia Legislativa”.

Saul esclarece que as ideias apresentadas no encontro serão contempladas em um documento oficial e solicita que os presidentes de Associações o assinem. “Assim, conseguiremos seguir em frente e mudar esse cenário. O diálogo com a indústria deve ser permanente e ninguém deseja romper com a indústria. Precisamos que o varejo entenda que precisa da indústria, a qual precisa do produtor rural”.

Participaram do encontro representantes de Associações de Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Missal, Itaipulândia e Serranópolis do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Nova Santa Rosa, Moreira Sales, Umuarama, Rebouças, Marmeleiro, Juranda, Sudoeste do Paraná, Boa Esperança, Pião, São Jorge do Oeste, Ararauna, Nova Cantu, Joaquim Távora, entre outras.

Da Redação

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